Igreja

Missão da Família: gravar os mandamentos no coração dos filhos

Joana Darc Venancio (Redação A12)

Escrito por Joana Darc Venancio

13 AGO 2021 - 11H15 (Atualizada em 13 AGO 2021 - 11H16)

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Existem ensinamentos que são eternos. Por mais que sejam banalizados pelas correntes ideológicas que pretendem afetar diretamente o sentido único da família, tais ensinamentos continuarão sendo verdades absolutas e inalienáveis. Educar os filhos é em primeiro lugar dever da família, ou seja, do Pai e da Mãe. Essa é uma Lei Natural.

Nenhuma força de Lei pode retirar da família o sagrado direito de educar os filhos. Portanto, Pai e Mãe também devem ter clareza de tão bela Missão, de tão especial Vocação. Ao abrir mão do Sagrado e Legal direito de Educar a família, entrega os filhos à própria sorte e esses ficam a mercê de muitas forças malignas que hoje rondam a convivência social. A Sagrada Escritura afirma:

“Os mandamentos que hoje te dou serão gravados no teu coração. Tu os inculcarás a teus filhos, e deles falarás, seja sentado em tua casa, seja andando pelo caminho, ao te deitares e ao te levantares". (Dt 6, 6-7)

É preciso reforçar os laços fraternos. Os laços afetivos construídos na convivência familiar tornam a vida mais bonita e mais esperançosa. Aprendemos a cuidar uns dos outros, dando importância às dores e às alegrias de cada um. As dificuldades, quando vividas em família, são superadas pelo acalanto, pela correção, pela união, pelo amor, pelo perdão e pela oração. Na família desenvolvemos o sentido do pertencimento que nos faz compreender que somos parte de um todo, somos comunidade. O pertencimento que protege e acolhe faz com que as propostas maléficas sejam afastadas.

Na família aprendemos superar as dificuldades pelo amor. O vínculo familiar é a resposta que devemos dar à proposta de fluidez dos laços humanos. As relações estão cada vez mais efêmeras e superficiais. Estamos nos acostumando a ter pressa.

O Dicionário Online da Língua Portuguesa conceitua pressa como: “Ausência de calma; Falta de paciência; Precipitação; Necessidade súbita de fazer ou de conseguir alguma coisa. Excesso de movimento, atividade; confusão”. Essas definições desvelam com clareza os bastidores da sociedade da velocidade, da superficialidade e da efemeridade. O precioso tempo do amadurecimento, do conhecimento, do momento certo para cada coisa nos angustia, pois parece atrapalhar nossos planos. O Tempo de Deus não é mais referência. O parâmetro de tempo é ditado pelo dilúvio imediatista de tantas informações que desaparecem na mesma rapidez que aparecem. Tudo que é absoluto e duradouro é considerado descartável e obsoleto pelo modelo sem modelo instaurado pelo relativismo. Deus é absoluto, logo precisa ser descartado.

A Fé, a Família, a Religião, os valores morais, são descartados. É como as conversas dos grupos de WhatsApp, onde que as informações essenciais se perdem no dilúvio de mensagens de todas as partes e escolhas ideológicas, inclusive informações inverídicas, equivocadas. Elas chegam de todas as partes sem que saibamos quem são seus criadores e autores. Muitas se contrapõem aos valores cristãos. Papa Francisco na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Lætitia elucida:

Na época atual, em que reina a ansiedade e a pressa tecnológica, uma tarefa importantíssima das famílias é educar para a capacidade de esperar. Não se trata de proibir as crianças de jogarem com os dispositivos eletrônicos, mas de encontrar a forma de gerar nelas a capacidade de diferenciarem as diversas lógicas e não aplicarem a velocidade digital a todas as áreas da vida. O adiamento não é negar o desejo, mas retardar a sua satisfação. Quando as crianças ou os adolescentes não são educados para aceitar que algumas coisas devem esperar, tornam-se prepotentes, submetem tudo à satisfação das suas necessidades imediatas e crescem com o vício do «tudo e súbito».”.

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Os ensinamentos familiares livram dos frívolos ensinamentos da sociedade do descartáve
l. "Ensina à criança o caminho que ela deve seguir; mesmo quando envelhecer, dele não se há de afastar." (Prov. 22,6). O projeto de formar pessoas nos convoca a gastar tempo com elas e deve começar na mais tenra infância: O Catecismo da Igreja Católica nos orienta: “As relações dentro da família acarretam uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que provém, sobretudo, do respeito mútuo entre as pessoas. A família é uma comunidade privilegiada, chamada a realizar "uma carinhosa abertura recíproca de alma entre os cônjuges e também uma atenta cooperação dos pais na educação dos filhos.(§2206)”

Urge que formemos para o que de fato é essencial. O banal não pode ser entendido como essencial em detrimento do essencial banalizado. As famílias precisam retomar o seu papel e lugar na educação. Para que isso ocorra, é necessário que todos nós, pessoas de fé, não tenhamos medo de assumir nossas escolhas diante dos mais diversos desafios que nos impõem calar. Os que querem bem, disciplinam, traçam limites, exigem autoridade respeitada. No entanto, para que esses comportamentos sejam desenvolvidos como hábitos permanentes, é preciso reforçar o exemplo e também os cuidados. Educar não é uma ação que acontece de uma hora para outra, mas uma ação para toda vida. É preciso gastar tempo, desenvolver estratégias, escolher caminhos, iluminar as trevas com a Luz de Jesus.

Que a Sagrada Família de Nazaré seja sempre nosso modelo e inspiração.

:: Educar: a força da presença dos pais

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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