Por Padre José Luis Queimado, C.Ss.R. Em Igreja Atualizada em 29 AGO 2019 - 10H49

O terror do preconceito

A vida é, simplesmente, algo muito complexo. Somos seres que possuem consciência da própria finitude. Sabemos que vamos morrer, mas, mesmo assim, tentamos ignorar essa nossa certeza mórbida, agindo como se fôssemos imortais. Se pensássemos um pouco mais sobre a nossa fragilidade e fugacidade, com certeza não cometeríamos tantos crimes contra a nossa própria "espécie".

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"Somos muito velozes em pronunciar o nosso veredicto sobre aqueles que nos são desconhecidos".



Muito nos revoltam as situações de injustiças contra os mais fracos. Não podemos ver uma criança apanhando de um adulto e ficarmos indiferentes com tal atitude. Não podemos ver idosos sendo agredidos. Não somos capazes de suportar cenas reais de violência. Não nascemos para relevar a agressão aos nossos semelhantes. Isso deve ser quase consenso.

Mas, por que agimos com preconceitos com o próximo? Muitas vezes, não conhecemos determinada pessoa, mas a julgamos por parâmetros infundados e impulsivos. Somos muito velozes em pronunciar o nosso veredicto sobre aqueles que nos são desconhecidos.

Hoje, em pleno século XXI, vemos (ou nós mesmos fazemos) atitudes horrendas vindas de seres humanos e dirigidas aos seus iguais. Numa sociedade (Ocidental) em que a liberdade, a individualidade e o direito à dignidade são bandeiras constantes, constatamos muitíssimas contradições patentes.

Como ser livre, quando você não se encaixa nos padrões de beleza, de peso, de cor, de pensamentos, de religião, de etnia e de sexo, ditados pela pretensa onipotência da ditadura vigente? E qual é o problema hoje?

Na realidade, o PROBLEMA hoje é: ser magro, ser gordo, ser punk, ser pobre, ser rico, ser negro, ser branco, ser indígena, ser da zona rural, ser baixo, ser alto, ser feio, ser bonito, ser homossexual, ser heterossexual, ser ateu, ser crente, ser de outra religião, ser analfabeto, ser erudito, ser idoso, ser jovem, ser excepcional, ser calvo, ser albino, estar doente, etc.

Ou seja, o PROBLEMA IMAGINADO é exatamente tudo aquilo que não define completamente a pessoa humana, mas apenas aborda algumas de suas características acidentais. E isso muitos não aceitam de forma nenhuma, mesmo tendo os seus próprios acidentes. Diz-se até que a vontade demasiada em apontar o dedo para o outro demonstra apenas o desespero em esconder as suas próprias podridões.

Infelizmente, a cultura das aparências está se impondo. Não devemos fechar os olhos para o que há de belo e grandioso nas pessoas. Seria melhor se nós todos nos esforçássemos para ver além da crosta. Geralmente, dentro de uma concha apagada e opaca, encontra-se uma pérola magnífica e valiosíssima.

Não maltratemos as pessoas ao nosso redor, pois são elas que nos darão as mãos quando as nossas já não tiverem forças para segurar!

Padre Queimado articulista colunista

Escrito por
Pe. José Luis Queimado, C.Ss.R. (Arquivo Santuário Nacional)
Padre José Luis Queimado, C.Ss.R.

Missionário Redentorista com experiência nas missões populares, no atendimento pastoral no Santuário Nacional de Aparecida, passou pela direção do A12, fez missão na Filadélfia nos Estados Unidos. Atualmente é diretor editorial adjunto na Editora Santuário.

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