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Igreja

Os papas são seres humanos

Uma reflexão sobre a humanidade do Papa e o olhar de fé que sustenta a missão dos sucessores de Pedro.

Pe Jose Inacio de Medeiros

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

10 MAI 2025 - 11H00 (Atualizada em 16 MAI 2025 - 10H31)

Reprodução/ YouTube Vatican News

Não existe no mundo uma função que goze da visibilidade que tem o Papa. Não passa um só dia sem que o Papa esteja presente nas redes sociais e nos grandes meios de comunicação. Nem os governantes dos mais poderosos países do mundo recebem tamanha visibilidade.

Leia MaisOs desafios do novo PontificadoPor esta razão, passada a fase de conhecimento do novo pontífice, é natural que comecem as críticas e cobranças.

Em geral, no início há uma grande expectativa em relação ao novo pontífice, sobre a forma como agirá, como se posicionará diante dos maiores desafios do mundo e da Igreja, quais serão os pontos centrais de seu pensamento e tantas outras curiosidades.

É natural também que, passando o período de “lua de mel”, aumente a decepção de muitos com o modo de ser, de falar e de agir do novo Papa, pois não é fácil agradar a todos. E como vivemos uma fase histórica de grande polarização e de discordâncias, muitas vezes as críticas beiram ao absurdo e muitos pecam até mesmo contra a caridade.

O que a maioria das pessoas nem sempre se lembra é que, antes de ter sido escolhido como sucessor ao Trono de Pedro, o Papa é “gente como a gente”, um ser humano como todos os demais, revestido, claro, de uma especial graça de Deus.

Sport Journal - Polonia
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Expressões de humanidade

Entraram para a história as escapadas e as piadas de João XXIII, o sofrimento dos últimos anos do pontificado de João Paulo II, o sorriso de João Paulo I, o sofrimento e o choro de Paulo VI e as brincadeiras do Papa Francisco.

João Paulo II praticava esportes e gostava de caminhadas nas montanhas, Bento XVI gostava de uma cervejinha, Francisco era torcedor do time do São Lourenço de seu país.

Houve papas que gostavam de um cachimbo ou charuto, outros que tocavam piano ou violino e alguns que tinham como hobby cuidar de coleções. Esses e tantos outros aspectos de humanidade marcaram não apenas o pontificado dos últimos, como também de outros pontífices mais antigos. E isso não se trata de novidade alguma!

O pescador Pedro, elevado à condição de primeiro Papa, assim como os demais apóstolos escolhidos por Jesus, não era um homem particularmente “impressionante” aos olhos do mundo. Rude, ignorante, impulsivo, inconstante, tinha arroubos de medo e de covardia. Nada disso, porém, se transformou em obstáculo para que nele deixasse de agir a graça do Deus que o chamou.

Não são as pessoas eleitas como os papas que guiam o povo de Deus, humanamente falando, mas sim o Espírito Santo que age através deles. Isso mostra até mesmo que Deus prefere escolher homens e mulheres normais, com virtudes e defeitos, para agir através deles e, muitas vezes, apesar deles.

Contrastando com a vitalidade e a disposição dos primeiros anos do atlético João Paulo II, foi doloroso acompanhar os últimos anos de seu pontificado, marcados pela doença e pela debilidade que o levava até mesmo a sofrer para balbuciar as palavras.

O Papa Bento XVI, por exemplo, teve a coragem de se expor a um bombardeio de críticas quando reconheceu suas fragilidades diante das exigências de guiar o rebanho católico, renunciando ao papado.

Vatican Media
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A perenidade da Igreja

Mesmo sendo escolhido pelos desígnios de Deus, um Papa continua sendo um ser humano, exposto, como qualquer pessoa, às fraquezas próprias de sua condição humana. O sofrimento dos últimos anos do Papa Francisco mostra também a nossa realidade.

Ele sofreu na Quaresma, tempo da Paixão de Cristo e do mundo, se regenerou na Semana Santa, tempo de renascimento de Cristo e da Igreja e morreu numa segunda-feira de Páscoa, mostrando também qual é o nosso destino final.

Papas como João Paulo e Francisco expressam, com sua fragilidade, uma amostra incontestável da fé e da perenidade da Igreja, porque por trás de um homem frágil existe um desígnio de Deus que nem mesmo a razão consegue explicar. “Quando eu sou fraco, aí sim é que eu sou forte”, já afirmava São Paulo (cf. 2 Coríntios 12, 10).

A fragilidade de alguém que foi escolhido por Deus para uma sublime missão, bem maior do que suas forças e do que ele mesmo, torna ainda mais inspiradora a sua fidelidade a Deus, apesar de tudo.

Claro que, muitas vezes, pessoas católicas e também não-católicas, projetam no papa as suas expectativas e acabam se frustrando, porque o papa não falou ou não agiu do jeito que queriam.

Ao longo de seu pontificado, o Papa Francisco em diversas ocasiões se queixou da visão idealizada que muitas pessoas tinham a respeito dele, como se o Papa fosse uma espécie de super-homem ou de astro pop: “O Papa é um homem que ri, que chora, que dorme serenamente e que tem amigos, como todo mundo. Uma pessoa normal” disse ele.

Leia MaisDogmas da Igreja: o Papa é infalível quando se pronuncia 'ex catedra'E, como todo ser humano, o Papa é passível de erros, podendo cometer deslizes tipicamente humanos na sua forma de ser e de comunicar-se, mas nada que afete o conteúdo e a verdade do seu magistério. Em sã consciência, nenhum papa se posicionará contra a doutrina ou contra as verdades da fé da Igreja.

Francisco também sentia o peso das estruturas que o cercavam, preso às exigências da Cúria Romana, que tentou renovar, e a necessidade de seguir certos rituais previstos no exercício do cargo. Por isso que, muitas vezes, era possível perceber como ele se renovava quando estava no meio do povo, sobretudo, junto aos jovens e crianças, a quem dedicou uma boa parte de seu pontificado.

Quem é o novo Papa?

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Escrito por:
Pe Jose Inacio de Medeiros
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista que atua no Instituto Histórico Redentorista, em Roma. Graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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