Quando o Papa Francisco assumiu o governo da Igreja, havia variadas notícias e denúncias de escândalos e de sérios problemas de ordem moral no seio da Igreja e na administração do Vaticano. Quando se trata de problemas relacionados com a Igreja, a sua gravidade é sempre aumentada pelos meios de comunicação, muitos deles tendenciosos em relação à Igreja e ao cristianismo.
Leia MaisNúmero de católicos no mundo aumenta e chega a 1,4 bilhão Havia também outros desafios, como o de tentar reverter a queda no número de fiéis do catolicismo, sobretudo, no continente europeu, que vive uma forte onda de secularização, mas também pela diminuição da população imersa num acelerado processo de envelhecimento que acontece em diversos países.
Em algumas realidades, como na própria Itália, as pessoas que nascem já não cobrem o número daquelas que falecem. A perspectiva para as próximas décadas é de diminuição populacional em vários países europeus, apesar da chegada de milhares de imigrantes que, em sua maioria, ainda não são bem recebidos e bem quistos.
O novo papa era natural do continente com maior número de católicos no mundo que, no entanto, já registra também uma diminuição acentuada no número de fiéis, sobretudo, no Brasil. Uma parte dos críticos atribuía a perda de fiéis às posturas mais conservadoras da Igreja, sobretudo em questões morais, chegando a considerá-la uma instituição ultrapassada.
Outra parte, ao contrário, justificava os problemas da Igreja justamente por acharem que ela se afastava do caminho da “sã doutrina e da ortodoxia”, cobrando a volta aos caminhos mais “conservadores”. Quantas vezes o Papa foi acusado de comunista por grupos que se julgam mais “ortodoxos”, ou então era acusado de não ser fiel ao caminho traçado por Cristo.
Os grupos que se consideravam “no caminho certo” são críticos ferozes do Concílio Vaticano II, julgando que “a partir dele é que a Igreja se desvirtuou”.
Leia MaisOs nomes dos papas: conheça os mais usados, como são escolhidos e curiosidadesEntenda por que os papas mudam de nomeA escolha do nome que o ligava a São Francisco de Assis foi a primeira evidência dos caminhos por onde seguiria o seu pontificado, e ele foi muito bem, tanto assim que Francisco “caiu nas graças do povo” que, no dizer dos brasileiros “adorou” o Papa, lamentando agora a sua perda.
Alguns mais exagerados chegaram a dizer que ele suplantou até mesmo São João Paulo II, até então tido como o Papa mais popular e carismático da história recente da Igreja.
O novo Papa que sucede a Francisco tem agora diante de si uma dupla missão: Estar atento à realidade do mundo, pois a Igreja, mesmo sendo uma instituição divina, está imersa na realidade humana. Ela é santa porque veio de Deus, mas é pecadora porque é formada por seres humanos.
Ao mesmo tempo, deverá olhar com atenção para os assuntos internos da Igreja, sobretudo, de seus membros, tratando e cuidando de todos como um pai cuida dos filhos.
Leia MaisO Vaticano, estado soberano da Igreja CatólicaCardeal Parolin: A missão do Vaticano na defesa da democracia e paz mundialO Vaticano é um país, o menor do mundo, e o Papa é também um Chefe de Estado.
Como país, o Vaticano se relaciona diplomaticamente com quase todos os demais, mantendo presença nas organizações mais destacadas do mundo, como a ONU, Unesco e tantas outras.
Por esta razão, a Igreja, através dos olhos do Bom Pastor, não poderá ficar fechada em seus muros, voltada para si mesmo, pensando apenas em seus problemas.
Leia MaisPerseguição aos cristãos piora em todo o mundo, diz relatório da ACNO Papa deverá estar de “olhos abertos para o mundo” por causa da presença de cristãos em praticamente todos os países do globo.
Em muitos deles, os cristãos são perseguidos; em outros, a Igreja é colocada às margens da sociedade e não tem os seus direitos respeitados. Relatórios mostram dificuldades crescentes para com a religião católica em pelo menos 60 países.
A realidade do mundo contemporâneo na qual a Igreja está inserida é extremamente exigente e desafiadora. De uma parte, existem as tendências de uma forte polarização no campo político, com o crescimento de grupos, movimentos e partidos extremistas, que não se importam com o valor do ser humano e com sua centralidade na criação.
De outra parte, cresce o risco de uma militarização excessiva, especialmente na Europa, com a séria possibilidade da Guerra da Ucrânia ultrapassar suas fronteiras e se tornar, ao menos, continental.
Leia MaisO que os Papas disseram sobre guerras e armasÉ possível viver em um mundo sem guerras?Em vista disso, o Papa deverá continuar sendo uma forte voz combatendo a guerra, o terrorismo, as formas variadas de violência, as desigualdades e as injustiças institucionalizadas.
E também continua o desafio que vem de muito tempo, de superar a gritante desigualdade entre as nações, com os ricos cada vez mais ricos, apesar das incertezas que pairam sobre o mundo devido à política errante dos Estados Unidos.
O risco de uma crise global nas áreas comercial e econômica, que geraria prejuízos para todos, é cada vez mais consistente. Os pobres dos continentes periféricos do mundo, todos situados no hemisfério sul, penam com a falta de qualidade de vida expressa na alimentação inadequada, na sede, na fome e na falta de recursos médicos e educacionais, o que faz com sua média de vida seja bem inferior à dos países do hemisfério norte.
Leia MaisEcologia Integral e o cuidado com a casa comumDom Leonardo Steiner alerta sobre o dever de cuidarmos da Casa ComumO cuidado com a nossa Casa Comum deverá continuar sendo um dos grandes desafios a ser enfrentado pelo novo pontífice, e um tema constante em todas as discussões e decisões, para que a Ecologia Integral deixe de ser uma distante utopia e se torne realidade.
O mundo, com seus desafios e problemas, estará clamando constantemente pela atenção do Sumo-Pontífice, clamando pela postura decidida da Igreja e pela voz firme de seu pastor.
O sucessor de Francisco terá um rebanho que cresce ano por ano, ultrapassando a casa dos 2,1 bilhões. E há uma forte estrutura da Igreja para servir a esse imenso contingente de pessoas. O novo Papa deverá ter uma atenção redobrada para com os desafios e dificuldades internas enfrentadas pela Igreja.
Leia MaisIrmã Simona Brambilla: primeira mulher Prefeita no VaticanoO protagonismo do leigo e da mulher em uma Igreja Sinodal Sínodo: Mulheres leigas buscam participação significativa na IgrejaE logo deverá começar a nomeação de seus auxiliares mais diretos, pois, morto o Papa, todos os ocupantes de cargos imediatamente perderam o seu mandato. Com certeza, o Papa buscará ter ao seu lado, para a par, os melhores com quem ele puder contar.
Nesse sentido, a internacionalização da Igreja e do Colégio dos Cardeais é um caminho sem volta, o que já foi bem visível no colégio que o elegeu.
Haverá também a necessidade de continuar o caminho de Francisco na atualização da administração central da Igreja, superando o excessivo “curialismo”, a burocracia e a morosidade da Cúria Romana, que deverá estar a serviço da pastoral, e não o contrário.
O esforço de combater o déficit orçamentário que já dura anos, trabalhando também na modernização da administração do Banco do Vaticano, fortalecendo os mecanismos que impedem os casos de corrupção — que volta e meia teimam em voltar — será uma constante, pois como diz o Evangelho, “os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz”. (cf. Lc 16,8)
A centralidade e valorização do ser humano deverão acontecer também em relação ao episcopado, com o fortalecimento das Conferências Episcopais, pela busca de solução para a crise da Vida Religiosa Consagrada, especialmente a feminina, que diminuiu em número a cada ano. E, certamente, temas que foram constantes no pontificado de Francisco, como a questão do celibato, o lugar da mulher na Igreja e o combate aos abusos, deverão continuar sendo uma constante.
Leia MaisDom Geraldo Lyrio relaciona Documento de Aparecida com o Pontificado de FranciscoA Igreja pós Documento de AparecidaAtenção redobrada deverá ser colocada no incentivo à caminhada pastoral da Igreja com a proposta da Sinodalidade que devolveu a Igreja aos caminhos do Concílio Vaticano II, inspirado no Documento de Aparecida.
Desta forma, o peso e a lentidão de uma Igreja burocrática, institucional deverá ser aliviado para que ela possa acompanhar a velocidade com que as coisas acontecem nesse mundo de Ambiência Digital.
Grandes serão os desafios a serem enfrentados pelo próximo Papa. Ele precisa continuar contando com nosso apoio, amizade e oração.
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