Vocação: o encontro de duas liberdades

Durante o mês de agosto, nossa Igreja volta sua atenção, sua reflexão e suas orações para todas as vocações. Neste período, somos convocados a rezar por todos aqueles que são chamados por Deus para uma missão, tanto na Igreja, como na sociedade.

Como sabemos, vocação vem do latim vocatio, que quer dizer a ação de chamar. Toda a pessoa humana recebe este chamado desde o início de sua existência: é o que chamamos de vocação à vida. Quando nossos pais e padrinhos nos pedem o Batismo da Igreja, recebemos o selo da fé e a vocação cristã.

Leia MaisDúvida Vocacional: Eu tenho vocação para ser pai?Como entender o chamado de Deus para a vocação sacerdotal?No decorrer de nossa existência, recebemos uma vocação específica, e esta se dá na vida matrimonial, leiga, missionária, religiosa ou presbiteral. Estar atento ao chamado que Deus faz a nós requer atenção e liberdade.

Portanto, a vocação “supõe o encontro de duas liberdades: a liberdade absoluta de Deus, que chama, e a liberdade humana que responde este chamado”.

Ou seja, vocação é uma resposta livre, pois somos filhos e filhas de Deus, e como tal, fomos feitos para a liberdade. E a liberdade nasce em nosso íntimo, no nosso coração.

É no profundo do coração de toda pessoa humana que Deus chama. No profundo de nossos corações é que está a nossa essência e as nossas verdadeiras intenções. A Sagrada Escritura afirma que o local das verdadeiras tomadas de decisões é o coração. Deste modo entendemos o significado: 

“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o seu coração, do toda a tua alma e com toda a tua força” (Dt 6, 5), ou “onde está seu tesouro aí estará também o seu coração” (Mt 6, 21).

Alessandro Cardoso - A12

Acerca do chamado, da vocação, são necessárias algumas reflexões:

• O chamado em nossa vida, não é uma iniciativa própria, ela é uma iniciativa Divina. Este chamado tende a romper com as nossas comodidades; não é possível apenas ficar parado esperando que Deus se revele a mim, é necessário ir para as “águas mais profundas” (Lc 5, 4) do chamado divino. É preciso coragem de sair de nós mesmos para responder ao chamado de Deus.

• Deus conta com as nossas fragilidades para mostrar seu imenso amor para com a humanidade, independentemente de nossas fraquezas. Deus, supreendentemente, não escolhe os grandes e poderosos deste mundo para realizar o seu projeto de salvação. Pelo contrário, Ele mostra clara preferência pelos pequenos e humildes. Ele escolhe o fraco do mundo para confundir o forte (1 Cor 1, 27).

• Minha resposta ao chamado Divino requer estar atento em minha história, pois, apesar de muitos compreenderem que a vocação é do alto, santa, e celestial, ela realiza-se na história, no hoje. É neste tempo atual que iremos viver o chamado de Deus, Ele conta conosco.

Do exposto acima, vamos percebendo que a vocação está dentro de nós, afinal todos nós somos vocacionados à vida, e esta tende ser vivida na liberdade, como nos recorda Santo Afonso: “Vocação acertada, vida feliz”.

Aproveite este mês dedicado às vocações e reflita qual é a sua vocação: se você já a encontrou, alimente-a e reze por aqueles e aquelas que buscam a sua vocação. É na liberdade do chamado de Deus que nasce a liberdade da resposta ao chamado divino.

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Com o Frei Rinaldo, rezemos pelas vocações

Fonte: Dicionário Teológico da Vida Consagrada. São Paulo: Paulus, 1994. p. 1142-1156.