Liturgia

Jesus Cristo, o Senhor dos nossos dias!

No Evangelho deste domingo (2), aprendemos que o amor abre as portas da esperança e derruba todo o legalismo

Escrito por Alberto Andrade

02 JUN 2024 - 06H00

Divulgação/Angel Studios

“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2, 27-28)

Vivemos neste final de semana o 9º Domingo do Tempo Comum, quando a liturgia comunica que Cristo torna visível a face do Deus criador e libertador e também dá o verdadeiro sentido ao dia de descanso e demonstra que Ele é maior que o sábado, que começou a ser marcado pelo exagerado ritualismo e legalismo (pôr as regras acima de Deus e das necessidades humanas).

Para entendermos a razão de Jesus se impor como Caminho, Verdade e Vida sobre toda e qualquer interpretação errada da lei está na primeira leitura em Deuteronômio (Dt 5, 12-15), mostrando que o Sábado é dia de descanso e de estar com o Senhor que libertou o seu povo da escravidão e quer alimentar nossa vida de filhos adotivos de Deus e que neste dia se santificava tudo que estava dentro do tempo.

Moisés reivindica o descanso semanal para um povo escravo e explorado no Egito, invocando a justificativa que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo, mas os fariseus cercaram o sábado de mil leis protetoras, escravizando o homem que nem podia preparar sua própria refeição sabática ou dominical, nem mesmo se podia praticar o bem em favor de um necessitado.

No Evangelho de São Marcos (Mc 2,23-3,6), Jesus faz Sua divina intervenção ao curar em dia de sábado, perdoar em dia de sábado e encher de alegria o coração dos pobres enfermos e paralíticos socorridos em suas enfermidades em um sábado!

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Jesus fala aos fariseus


Este caminho de viver presos à lei afastava-os do amor e da justiça. Preocupavam-se com a lei e ignoravam a justiça e o amor. E para essas pessoas, Jesus só tinha uma única palavra: hipócritas. De um lado, vão a busca de prosélitos. E depois? Fecham a porta. Homens de fechamento, tão presos à letra da lei, mas não à lei, que é amor; e sempre fechavam as portas da esperança, do amor, da salvação… Homens que sabiam somente fechar”, disse o Papa Francisco na homilia da Missa em Santa Marta, em outubro de 2014.

O Santo Padre também disse que o caminho do amor à justiça leva a Deus. Ao invés, o outro caminho, de ficar presos somente à lei, à letra da lei, leva ao fechamento e um isolamento total.

“O caminho que vai do amor ao conhecimento e ao discernimento, à plena realização, leva à santidade, à salvação, ao encontro com Jesus. Ao invés, este caminho leva ao egoísmo, à soberba de sentirem-se justos, àquela santidade entre aspas das aparências, não? Jesus diz a essas pessoas: ‘Mas vocês gostam de se mostrar como homens de oração, de jejum… mostrar-se...!? E por isso Jesus diz às pessoas: ‘Façam aquilo que dizem, não aquilo que fazem'”.

Tudo o que o Pai criou, o fez em favor de todos nós, objeto do Seu Amor. Portanto, dizer que “o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado” significa que a nossa sobrevivência e a caridade conosco mesmos e com os nossos irmãos estão acima das normas que, apesar de estabelecidas para o ser humano, muitas vezes se voltam contra nós mesmos.

O homem é a criatura a quem Deus mais tem apreço e todas as coisas foram criadas para ele, por amor. Jesus é o Senhor de tudo o que foi criado, e, tudo foi criado por Ele, por amor ao homem.

O mais importante é que Ele precisa ser também Senhor dos nossos “sábados”, daqueles dias em que nós não achamos conveniente servir a alguém ou 'perder' o tempo de lazer, ou trabalho para dar de comer a alguém que está com fome. O dia de sábado e que para nós cristãos é o domingo a que Jesus se refere, pode ser também para nós aquele dia que nós destinamos para o nosso deleite, para curtição, para realizar os nossos planos pessoais e, sem menos esperar, somos convocados para alguma outra missão.

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Para a frequente evangelização do mundo, é particularmente urgente realizar um apostolado eficaz a respeito da santificação do domingo, que penetre nas famílias. Porque há gente que esmorece e chega a perder o espírito cristão por uma maneira errada de descansar nos fins de semana, como diz neste texto o Papa Pio XII.

“É dever dos cristãos a preocupação de fazer que o domingo se converta novamente no dia do Senhor, e que a Santa Missa seja o centro da vida cristã… O domingo deve ser um dia para descansar em Deus, para adorar, suplicar, agradecer, pedir perdão ao Senhor pelas culpas cometidas na semana que passou e pedir-lhe graças de luz e força espiritual para os dias da semana que começa”.

E neste artigo para o site da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Orani Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, fala que o Domingo, dia do Ressuscitado, precisa ser repleto das virtudes e do seguimento ao Senhor.

“O homem moderno não sabe o que fazer no dia de descanso dominical; por isso, enche a geladeira de bebida e frequenta lugares nada santos para se divertir! O domingo é dia de participar da missa, de rezar com a comunidade e a família, de descansar no Senhor. Infelizmente o dia do Senhor tem perdido sua importância!

Quando a fé desaparece, a alma morre à míngua! O pecado escraviza; mas a virtude enriquece e liberta! As comunidades cristãs transferiram o dia do Senhor para o primeiro dia da semana porque foi neste dia que Jesus ressuscitou. A ressurreição de Jesus realiza o propósito desejado do sábado. Nela nos tornamos livres do pecado e da morte”.


.:: Por que a Igreja guarda o domingo em vez do sábado?

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