Mundo

Guerra sem fim

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

30 AGO 2021 - 07H51 (Atualizada em 30 AGO 2021 - 08H49)

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Existem algumas regiões do planeta que parecem condenadas a sofrer mais do que as outras pelos males do separatismo, da luta tribal e da guerra. Essas regiões, como por exemplo o Oriente Médio, frequentam constantemente o noticiário e muitas pessoas já nem prestam mais atenção no seu sofrimento.

No Afeganistão, por exemplo, não é de hoje que a violência acontece. Ela começou nas primeiras décadas do século XX, ainda quando o país era colonizado pelos ingleses, que não souberam administrar a questão tribal, agravando ainda mais a situação. Uma guerra civil causou a derrocada da monarquia e, de lá para cá, nenhum governo consegue a estabilidade suficiente.

Footage.ua/ Shutterstock
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Aos menos informados, a pergunta que fica é: Porque essa violência tanto se repete?

Nos países do Oriente, da Ásia e da África, a demarcação das fronteiras foi realizada de forma artificial pelos colonizadores, separando povos iguais ou colocando num mesmo país tribos completamente distintas entre si, pela etnia, pela cultura, costumes e religião. Em vários lugares, os colonizadores juntaram numa mesma região grupos inimigos que, desde então, travam uma guerra continuada e sem perspectiva de fim. Isto aconteceu no Afeganistão e em outros países também.

Leia MaisO extremismo religioso e a situação das mulheres no Século XXIO domínio do grupo Talibã sobre o AfeganistãoMesmo a religião é um fator complicador. No islamismo, que predomina nesses países, existem duas correntes principais: a Sunita, que é mais moderada e a Xiita, que é mais radical. Quando um grupo xiita, por exemplo, toma o poder, imediatamente ganha a oposição de seus concorrentes. No Afeganistão, grupos religiosos oponentes continuam lutando entre si, e mesmo o grupo talibã tem seus inimigos no interior do país.

Outro elemento a ser levado em consideração é a facilidade com que os grupos terroristas ou as facções políticas ou tribais encontram em conseguir as armas que precisam para manter sua ação bélica. Eles podem comprar a baixo custo no mercado internacional ou consegui-las de seus inimigos.

Dmitriyk21/ Shutterstock
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Num passado não muito distante, no tempo da Guerra Fria, os Estados Unidos armaram aqueles que hoje são seus inimigos, para que pudessem fazer frente à União Soviética, que havia invadido o Afeganistão nos anos 90. Quando os russos saíram do país, deixaram por lá uma grande quantidade de armas, que foram apossadas pelas tribos e grupos beligerantes. O mesmo que aconteceu agora com os Estados Unidos.

A promessa do presidente Joe Biden, de que até o fim desse mês de agosto deste ano os Estados Unidos sairiam completamente do país apressou as coisas. Como custa muito dinheiro levar tantas armas de volta, eles as abandonam no Afeganistão, mesmo sabendo que cairão nas mãos de seus inimigos. Entre essas armas estão, inclusive, aviões fabricados aqui no Brasil, na cidade de São José dos Campos (SP).

A partir da somatória de problemas tribais, culturais, religiosos, políticos e militares que nem o domínio do grupo Talibã fará cessar, a perspectiva mais plausível é a de que a violência, a destruição e a perda de milhares de vidas humanas deverão continuar ainda por muito tempo. Os Estados Unidos, assim como aconteceu no Vietnã e na Coréia, ainda hoje dividida, “entraram numa fria” e não conseguirão sair do Afeganistão sem um prejuízo muito grande em todos os sentidos. Os sinais desta aventura ainda marcarão diversas gerações! 

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Redentorista da Província de São Paulo, graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da Província de São Paulo, atualmente é diretor da Rádio Aparecida

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