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Um possível conflito na fronteira do Brasil

Parte do território da Guiana é cobiçado pela Venezuela

Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.

Escrito por Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

04 DEZ 2023 - 10H25 (Atualizada em 04 DEZ 2023 - 11H59)

Matyas Rehak/ Shutterstock

Um iminente conflito na fronteira norte do Brasil, com a possível invasão do país pela Venezuela, que deseja a posse de Essequibo, território de 160 mil km², com uma população de mais ou menos 125 mil habitantes, fez aparecer nos noticiários de todo mundo a realidade da Guiana, um dos países mais pobres e menos conhecidos do mundo. Leia MaisA origem do conflito entre Israel e os palestinosConheça a língua universal contra os conflitos

O Governo de Nicolás Maduro convocou, inclusive, um referendo para o último domingo, dia 03 de dezembro, buscando reafirmar os seus direitos sobre o território que está em disputa desde o final do século XIX.

A Venezuela alega que o tratado de 1962, que regulou a divisão da área dos dois países sofre de várias irregularidades e que por direito o território é seu.

Um país desconhecido e pobre

A Guiana, país localizado na costa do Atlântico Norte, é marcada por sua densa floresta tropical, sendo culturalmente mais vinculado à região caribenha. Sua capital, Georgetown, é conhecida pela arquitetura colonial britânica, representada pela catedral anglicana de São Jorge, toda revestida de madeira pintada.

Localizada na fronteira entre Brasil, Venezuela e Suriname, a Guiana é um dos menores e menos populosos países da América do Sul, mas ainda assim, sua população de quase 800 mil pessoas, das quais quase metade vive na capital, forma um imenso xadrez étnico e cultural.

O nome Guiana significa “terra das muitas águas” na língua indígena, e a região conquistou sua independência do Reino Unido em 1966.

Cerca de 70% de seu território é coberto pela floresta amazônica e sua economia é quase totalmente baseada no setor primário, com produtos agrícolas e grandes reservas de bauxita, que até agora era um de seus principais produtos de exportação.

Razões do conflito

O conflito da Venezuela com a Guiana pela posse do território de Essequibo, acontece desde o final do século XIX. Ela alega que o território lhe foi tirado em 1899 de forma irregular e, de lá para cá, a disputa tem passado por vários desdobramentos.

Na verdade, todos se perguntam quais seriam as razões pelas quais a Venezuela reivindica a posse da região e porque ameaça, inclusive, de recorrer à força, invadindo o país vizinho.

A área reivindicada pela Venezuela está localizada a oeste do rio Essequibo que dá o nome à região e, embora seja um território majoritariamente coberto por uma selva praticamente impenetrável, é ao mesmo tempo próspero e rico em recursos naturais e minerais, com uma flora e fauna variadas. Em 2015, a multinacional ExxonMobil divulgou ter encontrado petróleo na costa da Guiana.

Além do mais, a área tem um grande potencial agrícola, possuindo ainda vastas reservas de diamantes, ouro e bauxita.

Por outro lado, devido aos conflitos internos, com o descontentamento da população, certos líderes populistas, como é o caso de Nícolas Maduro, envolvem o país em conflitos externos como forma de tirar a atenção da população dos verdadeiros problemas e desafios do país.

Isso aconteceu no passado com a Argentina, por exemplo, onde os militares que dominavam o país resolveram provocar a Guerra das Malvinas, para despertar o patriotismo da nação, tirando a atenção da real situação do país. E se deram mal!

O governo brasileiro que deseja a solução pacifica da disputa, não querendo uma guerra na proximidade de suas fronteiras, afirmou que o referendo é uma questão interna da Venezuela, mas por vias de dúvidas já está reforçando a presença de militares na fronteira com os dois países.

A Corte Internacional de Justiça, que tem sede em Haia, determinou que a Venezuela não tome nenhuma ação agressiva contra o vizinho, e alertou para "sério risco" de invasão.

Escrito por
Padre Inácio Medeiros C.Ss.R.
Pe. José Inácio de Medeiros, C.Ss.R.

Missionário redentorista graduado em História da Igreja pela Universidade Gregoriana de Roma, já trabalha nessa área há muitos anos, tendo lecionado em diversos institutos. Atuou na área de comunicação, sendo responsável pela comunicação institucional e missionária da antiga Província Redentorista de São Paulo, tendo sido também diretor da Rádio Aparecida.

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Por Redação A12, em Mundo

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