Cantar o Tempo Comum

O Tempo Comum é o mais extenso do Ano Litúrgico, constando de 33 ou 34 domingos, distribuídos da festa do Batismo do Senhor até o início da Quaresma; de Pentecostes até o 34º Domingo Comum, festa de Cristo Rei.

O canto durante este tempo nos permite experimentar com força transformadora, as riquezas, os detalhes do mistério Pascal de Cristo que não são comtemplados no ciclo do Natal e da Páscoa.

Cada domingo do tempo comum tem o sabor de Pascoa semanal e é isso que o canto vai reforçar na celebração.

Não se podem contrapor os chamados "tempos fortes" ao Tempo Comum, como se este tempo fosse fraco ou inferior. É o tempo da vida normal do cristão, fora das festas, e pode ver-se nele a comemoração da presença de Cristo na vida quotidiana e nos momentos simples da vida com os apóstolos, onde ele sorriu, chorou, ensinou, curou...

Assim, os cânticos serão escolhidos a partir da mensagem central da liturgia da Palavra. E a igreja nestes dois mil anos concebeu, de uma forma muito criativa os Anos e tempos litúrgicos e assim temos:                                              

                           A (Evangelho segundo Mateus)

                           B (Evangelho segundo Marcos)                              

                           C (Evangelho segundo Lucas)

Cada Evangelho traz uma maneira própria de apresentar Jesus em sua ação. Este ano de 2014 estamos no Ano A da Igreja e durante este tempo vamos ver Mateus, o Evangelista do novo Moisés, da nova lei, da generosidade do amor, do Sermão da montanha. O Evangelho dos mistérios do Reino revelados pelas parábolas, o Evangelho da comunidade eclesial e da missão.

Portanto as Equipes de celebração, músicos, ministérios, devem estar bem atentos a esta dinâmica para escolher os cânticos da celebração, tendo em vista o caráter Pascal de cada domingo, e o Evangelho do dia.

E para nos ajudar a escolher a música certa para a hora certa, podemos trazer aqui a imagem do triciclo, que nos ajuda a programar e preparar bem a celebração do Tempo Comum:

O triciclo tem três rodas, uma à frente que dá a direção e duas atrás que dão a força, a energia. O que seriam estas três rodas?

A roda da frente é a realidade da assembleia que esta celebrando. Assim, precisamos saber: se são crianças, adultos, idosos, missa de 7° dia, são trabalhadores, Missa das 7h da manhã, missa das 18h? Precisamos ver a realidade da assembleia que está celebrando, se é na roça, na cidade, se está localizado no Nordeste ou no Sul.

Tudo isso deve ser levado em consideração para a escolha das músicas. O músico tem que estar sensível a esta roda da frente que dá direção para a assembleia. Já as outras duas rodas de trás, uma delas é o tempo litúrgico, seja Advento, Natal, Páscoa, Quaresma, Tempo Comum.

A outra roda é o momento da celebração. O Canto de Entrada não é o mesmo que das Oferendas, como também não podemos confundir Ato Penitencial com o Glória, que em alguns lugares têm a dinâmica invertida, cantamos um Ato com ritmo alegre, festivo e o Hino de Louvor sem vida. Cabe também aqui uma pergunta: Será que existe ou não canto da paz? Essas orientações estão na IGMR (Instrução Geral do Missal Romano), que em outra oportunidade podemos aprofundar.

Assim, celebremos, pois a nossa Páscoa Dominical com a comunidade reunida, e a cada celebração deste Tempo Comum possamos viver e ajudar toda a comunidade celebrante e fazer esta experiência de Deus em comunidade, como povo eleito, que deseja ser fiel à sua palavra.

Junior Campos

Músico do Santuário Nacional de Aparecida