
Podemos comparar a Liturgia a uma grande Sinfonia. Deus a executa através da revelação, que adquire sentido pleno em Jesus Cristo, a Palavra Encarnada: é ele o regente da sinfonia da unidade, harmonizando todos os sons, vozes e instrumentos, fazendo de todos os povos um só povo, e dos dispersos uma única assembleia, para o louvor do Pai. O apóstolo Paulo afirma: "Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas: agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos. É ele o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser". (Hb 1, 1-3). Assim convocados pelo Espírito Santo e reunidos em torno do Ressuscitado, celebramos sua presença entre nós, através da Liturgia da Palavra, onde os parceiros da Aliança - Deus e seu povo - falam e dialogam, escutam e respondem. Deus nos fala (estrutura dialogal descendente) nas duas leituras e no Evangelho. A assembleia dos batizados, por sua vez, responde à Palavra ouvida (estrutura dialogal ascendente) com o Salmo Responsorial, a Aclamação ao Evangelho, o silêncio, a Profissão de Fé e a Oração dos fiéis.


A aclamação ao Evangelho - Como manifestação de entusiasmo e fé, expressão de acolhida do Cristo que vai falar, esta aclamação deve ser jubilosa e solene (Hallelu-Jah = Louvai ao Senhor!), favorecendo a participação de todo o povo. Deve ser dirigida a Jesus Cristo, a Palavra do Pai. Evitem-se refrãos gerais à Palavra. A Aclamação ao Evangelho, por ser intraduzível, como outras aclamações, deve ser curta e vibrante, com "ritmo vigoroso e melodia brilhante", constituída de dois elementos básicos: a aclamação do aleluia e o versículo, normalmente com uma frase do respectivo Evangelho, cantado por um solista. (Veja-se "Cantando a Missa e o Ofício Divino", de Frei Joaquim Fonseca, Ed. Paulus, p. 32). O Aleluia é sempre cantado, exceto na Quaresma.

Breve silêncio - Após a homilia, é bom haver um breve silêncio, para que a comunidade possa interiorizar a Palavra; o diálogo entre Deus e o seu povo requer recolhimento e escuta, favorecendo a meditação e a preparação da comunidade para a oração.

A Profissão de fé ou Creio - É uma resposta de fé, de adesão e compromisso da comunidade à Palavra ouvida. O Creio é uma espécie de resumo da história da salvação, por isso devem ser evitadas as formas abreviadas. Se for cantado, seja-o de forma simples, com a participação do povo, alternando dois grupos, ou mesmo, cantando um refrão entre uma recitação e outra.

Oração dos fiéis: a Palavra se faz oração! - Conclui a Liturgia da Palavra, por isso é também feita de preferência no ambão. Nela o povo sacerdotal suplica por toda a humanidade. Os pedidos, que podem ter a resposta cantada, costumam ser feitos nesta ordem: pela Igreja, pelos governantes e a salvação do mundo, pelos que sofrem e pela comunidade local. (cf. IGMR 45-47).
"Há na celebração duas mesas: a mesa da Palavra e a mesa da Eucaristia". Duas mesas nas quais a vida de Cristo se reparte em alimento para a vida da comunidade: o alimento da Palavra e o alimento de seu Corpo e Sangue. (Dei Verbum 21)
*Ir. Miria Kolling é Religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, compositora da música litúrgica e religiosa, musicista, pedagoga, gravou mais de 30 trabalhos em LPs e CDs, como também livros sobre canto e liturgia.
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.