Por Redação A12 Em Música

O canto na Liturgia Eucarística

Por Ir. Miria Kolling

Da Mesa da Palavra à Mesa Eucarística! Quatro gestos de Jesus na Última Ceia constituem a essência da Celebração Eucarística: Ele "tomou o pão e o cálice com vinho" - preparação dos dons, "pronunciou a bênção de ação de graças" - oração eucarística, "partiu o pão" - fração do pão "e o deu a seus discípulos" - comunhão.

1) Jesus tomou o pão... O primeiro gesto de Jesus inclui os seguintes momentos: preparação do altar, procissão dos dons, incensação dos dons e do altar, o lavabo, oração sobre as oferendas. Normalmente o rito da apresentação do pão e do vinho vem acompanhado do canto das oferendas, que é facultativo, sendo um dos menos importantes da liturgia eucarística. Tem a finalidade de criar um ambiente de alegria, partilha, louvor e generosidade, enquanto são apresentados os dons para a eucaristia. Pode-se responder cantando às orações de bênção do presidente, com o "Bendito seja Deus para sempre!" ou fazer um solo instrumental. O canto acompanha o rito, portanto não deve se prolongar. O termo "ofertório" é inadequado, pois a grande Oferta se realiza na Oração Eucarística, quando pão e vinho se tornam Corpo e Sangue de Cristo.

2) Jesus deu graças - Oração Eucarística (2º gesto de Jesus) - "é o centro e o ápice de toda a celebração eucarística" (cf. Instrução Geral do Missal Romano-IGMR, 78), iniciando-se com o diálogo do Prefácio até o Amém da Doxologia. Pode ser cantado, pois é uma oração de ação de graças pelas maravilhas de Deus, sobretudo pela obra da salvação, em Jesus Cristo. São aclamações jubilosas da Oração Eucarística:

Santo: Diante da salvação e das maravilhas de Deus, convidamos o céu e a terra para cantar o Santo, Santo, Santo, que é a grande aclamação doxológica da liturgia, o primeiro canto em ordem de importância, devendo ser cantado por toda a assembleia, e com o texto integral. Não deve ser substituído por outro canto qualquer, pois constitui o próprio rito, e todo ele é bíblico, glorificando a Deus que enche os céus e a terra com sua glória, e bendizendo o Cristo, que vem em nome do Senhor para nos salvar: a ele, Hosana nas alturas!

Aclamação Memorial - O presidente narra o memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor, durante a qual se faz silêncio sagrado, pois não é momento de devoção à presença real de Jesus através de um canto eucarístico, e sim de anúncio do mistério pascal. Após a Consagração, ao "Eis o mistério da fé" do presidente, o povo profere uma das três aclamações, de preferência cantadas: "Anunciamos, Senhor...", "Salvador do mundo..." ou "Todas as vezes..." Por ser uma profissão de fé, de anúncio e proclamação do mistério pascal de Cristo, a atitude mais adequada é a de pé, como ressuscitados no Senhor.

Aclamação à Doxologia final: o grande "Amém"! - A Oração Eucarística, pelo presidente, termina com esta aclamação jubilosa e vibrante de toda a assembleia, glorificando o Pai, por meio de Jesus Cristo, na força do Espírito Santo. É uma espécie de assinatura, de adesão, de concordância com a ação de graças feita, e por isso deveria ser sempre cantada. O Missal apresenta várias formas, pois só o Amém parece pouco para expressar o entusiasmo e a alegria deste momento, quando, por Cristo, com Cristo e em Cristo damos ao Pai todo o louvor.

3) "... Partiu o pão e o deu..." - Rito da comunhão (3º e 4º gesto de Jesus) - É o momento culminante da refeição pascal. A comunhão é precedida por alguns gestos e ritos:

Pai Nosso: a oração do Senhor tem especial valor, porque é palavra de Jesus, além de ter um sentido ecumênico. Não deve, de modo algum, ser substituído por outros textos. Pode ser recitado ou cantado, com a participação de toda a assembleia.

Rito da paz: por meio dele, o povo implora a paz e unidade para a Igreja e o mundo todo, seguido do gesto da paz. O canto da paz não faz parte da saudação. Quando houver o canto, cuide-se para não prolongá-lo a ponto de ofuscar e obscurecer o rito seguinte, a fração do pão, importante sinal de unidade.

Cordeiro de Deus: canto litânico executado durante o rito da fração do pão e a mistura, invocando Cristo, o Cordeiro Pascal que tira o pecado do mundo. Pode ser cantado por um solista ou pelo coro, com a resposta da assembleia: Tende piedade de nós!... Dai-nos a paz!

Canto de Comunhão ("... e o deu a seus discípulos") - Enquanto o sacerdote e os fiéis comungam, entoa-se o canto, expressando nossa comum-união espiritual em torno do Senhor: recebemos o "corpo sacramental de Cristo, para que o Espírito Santo nos transforme no corpo eclesial do Ressuscitado". Como a Palavra se faz Eucaristia, sugere-se que este canto retome a mensagem central do Evangelho do dia, fazendo a ligação entre as duas Mesas. É um canto mais contemplativo e tranquilo, devendo ter a participação de todo o povo, pelo menos no refrão. Não seja prolongado além do rito.

Após a Comunhão - Sugere o Missal Romano: "Quando se terminou de distribuir a comunhão, o sacerdote e os fiéis... podem orar um instante em recolhimento... Também é possível que toda a assembleia cante um hino, um salmo ou algum outro canto de louvor". É importante um breve momento de silêncio, do qual pode nascer um refrão orante, um canto breve, sereno, que ajude a interiorização, o clima de recolhimento e intimidade com o Senhor. É facultativo.

 A Eucaristia é o sacramento da unidade: "Fazei isto em memória de mim!"

*Ir. Miria Kolling é Religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria, compositora da música litúrgica e religiosa, musicista, pedagoga, gravou mais de 30 trabalhos em LPs e CDs, como também livros sobre canto e liturgia.

FONTE: https://www.irmamiria.com.br

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