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Empresa transforma moradores de rua em jardineiros: “Missão é salvar o mundo”

A “Ridaje” é uma startup de Roma, na Itália, que segue os preceitos da Laudato Si’ de cuidado com a Casa Comum

Escrito por Redação A12

27 DEZ 2023 - 11H20 (Atualizada em 27 DEZ 2023 - 11H55)

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Leia MaisLaudato Si: Árvore de Natal do Vaticano terá destino sustentávelEspetáculo brasileiro sobre a Laudato si’ encanta Papa Francisco e o mundo todoStartup no seu significado literal é “empresa emergente”. Para especialistas, é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócio repetível e escalável trabalhando em condições de extrema incerteza. 

Em Roma, na Itália, Lorenzo Di Ciaccio, engenheiro da computação, deixou seu emprego em uma grande empresa e, com o dinheiro da sua rescisão trabalhista, fundou a “Ridaje”: uma startup que ajuda pessoas necessitadas a cuidarem de si mesmas através da recuperação das áreas verdes abandonadas de Roma.

"Ninguém se salva sozinho, a nossa missão é salvar e mudar o mundo, um jardim de cada vez, disse o empreendedor em entrevista exclusiva ao Vatican News.

"Daje!", é uma expressão romana que se usa para dar confiança, incentivar alguém, dar força, animá-lo a não desistir, mas também para expressar exultação diante do gol de seu time favorito ou para compartilhar o sucesso de um amigo. "Ridaje" é um tipo de reforçativo, um "daje duplo", bem como o nome da start-up de Lorenzo Di Ciaccio, que oferece uma segunda vida, uma chance de redenção para os muitos, muitos sem-teto que vivem pelas ruas da cidade eterna.

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Com 38 anos, engenheiro de computação,
há cerca de dez anos Lorenzo decidiu deixar seu emprego estável e bem remunerado para se dedicar à solução de um problema social que a Igreja e as organizações eclesiais de caridade sempre têm que enfrentar.

"Durante 12 anos", afirma, "em meio a mil atividades e compromissos, também consegui ser voluntário na Cáritas. Minha tarefa era abrir e fechar um dos muitos Centros de Emergência para o frio que permanecem em funcionamento na capital do Natal à Páscoa”.

De ano para ano, percebia que, os que batiam à porta desses abrigos administrados pela Cáritas, eram sempre os mesmos rostos, as mesmas pessoas, só que mais abatidas, envelhecidas, assustadas, doentes.

Perguntei-me: 'mas então uma cama e uma refeição quente não os tiram das ruas? O que posso fazer com relação a esse drama que afeta todas as grandes cidades do mundo? Nesse meio tempo, levei a história às universidades e, em um desses encontros com estudantes da Universidade Luiss, conheci o pesquisador Luca Mongelli, que estava fazendo uma pesquisa sobre a capacitação de pessoas marginalizadas, em particular prisioneiros, tentando identificar formas de integração social e trabalhista depois de cumprirem suas penas", falou na entrevista.

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Lorenzo e Luca iniciaram uma colaboração,
criando um modelo de negócio, a partir de outro flagelo que assola Roma: as áreas verdes, os parques, as grandes moradias abandonadas e sujas.

"Dissemos a nós mesmos: se as empresas e os cidadãos estiverem dispostos a parar de reclamar da degradação e pagar algo para ver a cidade mais limpa, podemos encontrar um caminho", falou.

Além do empreendedorismo social por trás da Ridaje, há muitos valores que o Papa expressa na Laudato si' e reforça com a exortação Laudate Deum.

Primeiro de tudo: ao cuidar de um espaço verde, as pessoas cuidam de si mesmas.

O nosso", conclui Lorenzo, "é uma forma de jardinagem terapêutica e, ao cuidar da terra, se recupera a dignidade, se torna visível novamente. Ninguém pode tirar as pessoas da rua pela força, a única força é o amor, o bem. Fazemos com que essa forma de amor volte a circular, construímos uma rede porque, como diz o Santo Padre, ninguém se salva sozinho. A Laudato si' é uma confirmação de nossos estudos empíricos e nos dá esperança de que estamos caminhando na direção certa”.

Até o momento, a startup recuperou mais de 50 mil metros quadrados de espaço verde e agora, com a campanha de financiamento colaborativo, a empresa está se organizando para administrar pedidos maiores. E, acima de tudo, está comprando uma casa para os sem-teto que lhes dará o "espaço seguro" de que todos nós precisamos para nos sentirmos bem.

"A nossa missão é mudar o mundo para melhor, um jardim de cada vez, e, em vez de pensar em maximizar o lucro, ter uma ética que também vise à felicidade e ao bem-estar dos indivíduos: é isso que estamos levando às escolas e universidades quando falamos sobre empreendedorismo social e as muitas implicações relacionadas a ele, finalizou Lorenzo Di Ciaccio.

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Fonte: Vatican News

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