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Vovós com Alzheimer têm milhões de seguidores no YouTube e redes sociais

Escrito por Eduardo Gois

15 SET 2021 - 12H00 (Atualizada em 21 SET 2022 - 15H28)

Arquivo Pessoal


Ela tem
mais de 6 milhões de netinhos espalhados dentro e fora do Brasil. Seu nome é Amália Theresa da Silva, 92 anos, de Barra de Santa Rosa (PB), mas que atualmente reside em Campinas (SP). Na internet, deve ser uma das youtubers e influenciadoras digitais com mais idade no Brasil, mas ela não faz ideia disso, pois tem Alzheimer.

Dona Amália, também conhecida como “Vó da Pomba” por conta do nome dado aos seus perfis nas redes sociais, passa o dia cantando as suas músicas preferidas: Maria de Nazaré (Padre Zezinho) e “José Mané Varella”, jingle de um candidato a deputado que até hoje ninguém descobriu quem é. Além disso, sempre revida com uma boa chinelada as travessuras do neto sempre que ele faz alguma brincadeira, todas registradas no seu Facebook, Instagram e YouTube.

“Eu sempre brinquei com a minha avó, a minha vida toda, ainda mais depois que ela veio morar aqui. É muito difícil lidar com alguém com Alzheimer: requer muito amor, carinho e paciência. É uma doença que não tem cura. Encontrei no bom humor uma maneira de levar essa doença tão triste”, conta o neto, que não se identifica e nem aparece nos vídeos, assim como qualquer outro membro da família.

Alerta de fofura: Dona Amália viral


Arquivo Pessoal
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Dona Amália e o Neto

A espontaneidade, irreverência e naturalidade de Dona Amália chamam a atenção de qualquer um em seus vídeos, fazendo rapidamente com que você se apaixone por ela e assista outro, e mais outro, e mais outro vídeo.

Se sentir parte daquela família não é difícil. “Eu comecei a compartilhar a minha avó em stories de uma página que eu tenho, chamada Pomba, onde eu colocava coisas engraçadas que eu criava. Pessoas que me seguiam começaram a amar o conteúdo e pediram para eu criar redes sociais para ela.

Eu neguei durante meses, pois não queria ter mais um trabalho para administrar, mas vi que as pessoas queriam muito, e seria muito egoísta não dividir a minha vozinha com elas, então resolvi criar apenas para compartilhar as minhas brincadeiras”, cita o neto.

Nos vídeos, a Vó da Pomba canta, dança, conversa, lembra de coisas antigas e também briga bastante quando discorda de algo. Ela já consagrou bordões como, por exemplo, “Vou denunciar pro delegado”, “Quem mente rouba” ou até mesmo o “tudo bem às minhas custas?”

Todas essas atividades, segundo a família, estimulam o cérebro e a mantêm ativa. Ela também enxuga pratos e costura como ninguém. Aliás, costureira era a a profissão que ela havia escolhido para toda a vida.

Familiares também dizem que os vídeos são fonte de terapia para outros idosos que passam pela mesma situação e que encontram neste conteúdo uma forma de entretenimento.

Uma católica convicta

Arquivo Pessoal
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Dona Amália e familiares, sempre que podem, visitam o
Santuário Nacional de Aparecida. Ela recebe imagens de santos de fãs do Brasil inteiro e é seguida por muitos padres. E, também, de uma coisa ela nunca esquece: da convicção da sua fé.

Nos vídeos abaixo, observe que ela é uma vovó muito católica e devota de Nossa Senhora.

Benção Apostólica do Papa

Presentes de aniversário

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Francisquinha Alves - O bom do Alzheimer

No canal do YouTube da Dona Francisquinha - Francisquinha Alves - O bom do Alzheimer,  você acompanha o dia a dia de uma pessoa com Alzheimer com uma cuidadora informal. A própria filha, Cláudia Alves, é quem cuida dela e também do Canal. Francisquinha tem 86 anos e foi diagnosticada em 2011. Ela é a filha mais velha de oito irmãos, viúva, vovó de dois netos e dois bisnetos. Ela teve como profissão o magistério e sempre se mostrou muito inteligente e carinhosa.

A história de Dona Francisquinha é emocionante como a de muitas mulheres fortes brasileiras. Nascida em Juazeiro do Norte (CE), ela casou com um primo e mudou-se para o Rio de Janeiro (RJ), onde criou a família. Mãe de dois filhos, viu o seu único filho homem morrer aos 14 anos. Assim como Maria, Francisquinha também sentiu a dor de viver a perda de um filho. Restou Cláudia, que hoje além de filha, virou a mãe da própria mãe.

"Meu pai era alcoólatra e a minha mãe teve uma vida sofrida, mas era uma pessoa muito doce, muito querida. A fé ela nunca perdeu, nem mesmo para o Alzheimer. Lembro que na porta da minha casa tinha uma imagem de Padre Cícero e ela sempre foi devota de Nossa Senhora da Aparecida. Eu acho isso muito bonito, porque uma pessoa que não tem mais memória, que não contextualiza nenhuma conversa, ela sabe da existência de Deus, ela fala muito do Cordeiro de Deus, do Pai Nosso, da Ave Maria", conta.

Lidando com a doença

Arquivo Pessoal
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Segundo Cláudia, o Alzheimer evoluiu lentamente até agosto de 2016, quando começaram as alucinações, agitação, mau humor e até uma certa violência. "Tento contribuir com minhas experiências mostrando que é possível ser feliz convivendo com o Alzheimer. O amor e a paciência é a minha dica".

Cláudia explica que quando começou a entender a Doença de Alzheimer, passou a conviver melhor. "Eu ensino muito isso nos vídeos, nas lives, etc., pois tudo tem um motivo. Quando comecei a divulgar a minha intenção era levar esperança para as famílias, tornar a vida das pessoas mais leve, inspirar a cuidar de uma forma mais simpática, mais afetuosa, porque quando a gente muda a nossa visão da doença e começa a humanizar os cuidados, o doente muda", explica.

Cláudia também dá outras dicas em seus vídeos:

- A mudança tem de partir dos familiares e cuidadores;

- O tom de voz tem de ser leve;

- O respeito é fundamental.

Somando Facebook, Instagram e YouTube, a Vó Francisquinha já conta com mais de 400 mil netinhos seguindo a rotina diária. "Eu digo que Deus me capacitou para inspirar pessoas. Ele me desafiou, mas ele me capacitou,  então eu digo: O que era nó, se tornou laço e, então, eu consigo não só cuidar da minha mãe, mas também inspirar milhares de pessoas".

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