Opinião

O que dizem os Papas sobre a misericórdia?

Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)

Escrito por Dom Orlando Brandes

08 ABR 2021 - 08H00 (Atualizada em 04 ABR 2024 - 16H38)

Congregação das Irmãs da Divina Misericórdia


Neste artigo, o Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, lembra o que os pontífices já disseram a respeito da copiosa Misericórdia de Deus, que será celebrada neste domingo (16), logo após a Páscoa de Cristo em todas as Dioceses do mundo.
É 
a misericórdia que sustenta a vida da Igreja e, por isso, por ser um sinal visível do Cristo invisível, a Igreja deve testemunhar sempre mais essa força do perdão e da compaixão que o próprio Jesus nos ensinou. 

São João XXIII

Reprodução/ Wikipedia
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O Papa São João XXIII costumava dizer que “a misericórdia é o nome mais bonito de Deus”. Orientou os participantes do Concílio Vaticano II que “usassem a medicina da misericórdia no lugar da severidade.”

Já Santa Margarida Maria Alacoque recorreu à misericórdia do Coração de Jesus para superar os exageros do medo de Deus, do rigorismo moral e espiritual, do escrúpulo da consciência. O rei Davi encontrou na misericórdia a resposta para seus crimes, como rezamos no Salmo 50.

São João Paulo II

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Em nome da misericórdia, os mártires perdoaram seus juízes e algozes, os santos construíram hospitais, orfanatos, abrigos, asilos, casas de acolhimento de pobres e andarilhos. João Paulo II encontrou na misericórdia a resposta para a violência do socialismo marxista e a miséria imerecida dos povos, provocada pelo capitalismo neoliberal.

A misericórdia tornou-se uma proposta de projeto social: “Que o mundo confie na força da compaixão”, dizia. A misericórdia para com os moralmente perdidos e socialmente excluídos responde aos desafios morais e sociais do mundo.

São Paulo VI

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Desde Paulo VI até o Papa Francisco, nossos pontífices apresentaram a misericórdia como resposta às fraquezas e pecados humanos, à miséria e à violência dos nossos tempos. Deus sofre a dor humana e por ser misericordioso, se comove, deixa-se tocar pela compaixão e se coloca do lado do órfão, da viúva, do pobre e do estrangeiro.

Assim, a misericórdia se torna a plenitude da justiça. O êxodo do Egito para a Terra Prometida, começou com a misericórdia de Deus que viu e ouviu os clamores de seu povo.

Bento XVI

Shutterstock
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O saudoso Papa Bento XVI ensinou que a lógica mercantil deve ser superada pela lógica do dom e da gratuidade, defende a “economia da gratuidade”, fundamentada na misericórdia e na comunhão. O Deus misericordioso é o “Deus de rosto humano”.

A misericórdia nos dá um coração novo e coragem para procurar o bem de todos. Assim teremos braços levantados para Deus e estendidos para os irmãos. O amor misericordioso de Deus nos sustenta no compromisso a favor da justiça.

Papa Francisco

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Para o Papa Francisco a “misericórdia é a maior de todas as virtudes” (EG nº 37). Ela nos ajuda a remediar as misérias alheias. A Igreja do Evangelho da misericórdia escuta o clamor pela justiça. Comover-se diante do sofrimento alheio é a misericórdia.

Nosso Papa pede que nossas paróquias e comunidades sejam “ilhas de misericórdia” no meio do mar da indiferença. Nossos confessionários não devem ser lugar de tortura, mas de experiência e encontro com Deus rico em misericórdia.

Leia MaisVocê sabe quem foi Santa Faustina, apóstola da Misericórdia?Como praticar as Obras corporais de Misericórdia?São João Paulo II, o apóstolo da Divina MisericórdiaSim, a misericórdia nos leva ao confessionário, aos hospitais, às prisões, às periferias, ao lava-pés. Nosso Papa fala da “revolução da ternura”.

O seu lema é: O consumismo seja, pois, superado pelo “sistema da dádiva”, a violência dê lugar à compaixão.

Graças à misericórdia o império do mal perde sua força, os inimigos se abraçam, os pobres são saciados, os pecadores são absolvidos.

Quem acredita na misericórdia crê na recuperação do ser humano e na esperança da salvação. A misericórdia não permite que percamos a capacidade de chorar diante de tanta indiferença, tanta corrupção, tanta intolerância. Isso tudo é veneno mortal.

A lei da misericórdia é “não prejudicar”, e o outro é visto como um amigo, um irmão, um filho de Deus. A misericórdia cria condições para a empatia e a comunicação interpessoal porque é expressão do amor materno, visceral, uterino. O amor incondicional, gratuito, generoso é sinônimo de misericórdia. A cultura da misericórdia possibilita a globalização da solidariedade.

Dom Orlando também nos ensina a orar pedindo um coração misericordioso


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Dom Orlando Brandes (Thiago Leon)
Dom Orlando Brandes

Arcebispo de Aparecida (SP)

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Por Redação A12, em Opinião

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