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Opinião

A verdadeira consciência do dia de hoje

Escrito por João Antônio Johas Leão

20 NOV 2014 - 13H08 (Atualizada em 17 NOV 2023 - 14H21)

No dia 20 de Novembro lembramos no Brasil o Dia da Consciência Negra. Essa data foi oficialmente instituída em Dezembro de 2011, e coincide com a morte de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, no final do século XVII. Existem controvérsias e pontos ainda por responder na história desse líder, mas as palavras que ressoam nesse dia parecem ser: Liberdade, dignidade e respeito. 

São inegavelmente palavras importantes, reinvindicações constantes do ser humano desde os tempos mais remotos. Mas o que elas significam? Qual a consciência que precisamos ter nesse dia 20? Eu acredito que a Igreja, mestre em humanidade, pode aportar à reflexão desse dia.

De maneira especial podemos ver alguns exemplos de pessoas que viveram ao máximo esse ideal de liberdade. Estou falando dos santos, e hoje, de maneira especial, gostaria de falar de alguns santos negros que podem nos ajudar a perceber a verdadeira liberdade. 

Santa Josefina Bakhita

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A primeira história que gostaria de lembrar é a de Santa Bakhita, a primeira santa Africana. Ela nasceu no Sudão e sofreu durante muito tempo com a escravidão. Foi vendida mais de 5 vezes e duramente tratada por seus patrões com chicotadas e outros castigos piores. No meio de tanta dor, ela conseguiu manter a esperança e chegou a conhecer Jesus, seu verdadeiro libertador.

Sobre ela escreveu Bento XVI em sua encíclica Spe Salvi:

“Depois de ‘patrões' tão terríveis que a tiveram como sua propriedade até agora, Bakhita acabou por conhecer um ‘patrão' totalmente diferente - no dialeto veneziano que agora tinha aprendido, chamava ‘Paron' ao Deus vivo, ao Deus de Jesus Cristo.

Até então só tinha conhecido patrões que a desprezavam e maltratavam ou, na melhor das hipóteses, a consideravam uma escrava útil.

Mas agora ouvia dizer que existe um ‘Paron' acima de todos os patrões, o Senhor de todos os senhores, e que este Senhor é bom, a bondade em pessoa. Soube que este Senhor também a conhecia, tinha-a criado; mais ainda, amava-a.

Também ela era amada, e precisamente pelo ‘Paron' supremo, diante do qual todos os outros patrões não passam de miseráveis servos. Ela era conhecida, amada e esperada; mais ainda, este Patrão tinha enfrentado pessoalmente o destino de ser flagelado e agora estava à espera dela ‘à direita de Deus Pai”. 

Bakhita encontrou em Jesus todas essas palavras que hoje o Dia da Consciência Negra nos traz a mente. A verdadeira liberdade, dignidade e respeitos que merecem os filhos e filhas de Deus. 


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São Martinho de Porres

Com sua vida ele nos ensina que não existe nada de inferior no serviço, muito pelo contrário, no serviço nos conformamos com o Senhor Jesus e assim nos fazemos verdadeiramente livres. 

Ele foi aceito como cooperador da ordem Dominicana, porque por sua cor não podia ser aceito como religioso naquela época. Isso é uma coisa muito dura de se escutar. Tanto que seu pai, que era um nobre, exigiu que ele fosse aceito na categoria de irmão. Porém ele simplesmente disse: “Eu estou contente neste estado e é meu desejo imitar o mais possível a Nosso Senhor, que se fez servo por nós”. 

Parece que esses dois santos entenderam algo que hoje, dia 20, poderíamos levar mais em consideração: Por mais que possamos ser humilhados e maltratados nesse mundo, quem está com Jesus nunca perde a esperança de ser livre e feliz, porque confia plenamente que Deus é o Senhor da história e está cuidando de cada um de nós. 

Nossa Senhora Aparecida

Reprodução/ Ateliê 15
Reprodução/ Ateliê 15


Por último, é impossível não lembrar de
Nossa Senhora Aparecida, chamada muitas vezes pelo carinhoso nome de Mãe Morena devido a cor de sua imagem.

Não é casualidade que a Virgem tenha decidido aparecer com essa cor aqui no Brasil, assim como não é casualidade que a Virgem de Guadalupe tenha traços indígenas.

Essa é uma maneira que Nossa Senhora tem de mostrar que está próxima de todos nós, seus filhos, especialmente daqueles que mais necessitam do seu amor e carinho de mãe. 

Com certeza podemos aprender de Maria a ter essa consciência reta que o dia de hoje nos reclama. Ela está sempre pronta para apontar-nos o caminho até a verdadeira liberdade, dignidade e respeito.

Esse caminho é sempre um só, o seu Filho Jesus, nosso Senhor.


No programa Bênção da Manhã, Padre Ulysses e Isaías de Oliveira falam sobre a Mãe Aparecida, mulher negra e mãe do povo


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