Por volta de 10 mil anos antes de Cristo, aconteceu a chamada “Revolução Neolítica”, marcando a transição de um estilo de vida nômade, baseado na caça, pesca e coleta de frutos como meio de subsistência dos seres humanos, para um estilo de vida sedentário, focado na agricultura e na pecuária.
Esse processo permitiu a produção própria de alimentos, o armazenamento do excedente, o aumento da população e o surgimento das primeiras vilas, com formas de organização e estruturação social mais complexas.
A necessidade de cuidar das plantações e dos animais domesticados levou os grupos humanos a se fixarem num mesmo lugar, construindo as primeiras moradias permanentes, deixando de morar em cavernas, grutas ou em cabanas improvisadas feitas de galhos e folhas de árvores.
Desta forma, a humanidade estava a um passo da formação das primeiras cidades.
Os seres humanos aos poucos foram aprendendo a plantar e a criar animais, o que garantia um suprimento mais estável e previsível de alimentos, diferente do estilo de vida baseado na caça, pesca e coleta, no qual dependiam quase que passivamente da natureza, sofrendo com as intempéries, as secas ou cataclismas naturais.
O aumento da produção de alimentos em larga escala sustentou a população que passou a crescer de forma ascendente, garantida pelo abastecimento mais regular.
Com o aumento da população e com a necessidade de se viver junto, surgiram também novas formas de organização social, com a criação de vilas e, mais tarde, desenvolvimento das cidades.
Nesse período também surgiram novas atividades como o comércio, feito primeiramente na base de troca de excedentes, a fabricação de cerâmica e tecidos e o início da separação entre camadas sociais com atividades especializadas.
Os povos que se desenvolveriam na Mesopotâmia, no Vale do Indo ou no Egito eram fundamentalmente organizados como civilizações urbanas e sobre elas se dará a criação das cidades-estados e a formação dos grandes impérios.
Com o avançar da história e evolução do tempo, a humanidade passou pelo apogeu da civilização greco-romana, com a involução medieval, graças à forçada ruralização da economia para chegar à Idade Moderna com a retomada do comércio e crescimento das cidades.
No período histórico conhecido como Revolução Industrial, ocorrida em meados do século XIX, aconteceu então uma verdadeira explosão urbana com a migração em massa da população do campo para as cidades, impulsionada pela busca de empregos nas novas fábricas.
Esse fenômeno resultou em um crescimento urbano acelerado e desordenado, levando à superlotação, à criação dos subúrbios, aos problemas de falta de saneamento, poluição e condições sub-humanas de vida dos trabalhadores, sobretudo dos que viviam nas inchadas periferias, contrastando com a concentração de riqueza e lazer no centro das cidades ou nos bairros privilegiados.
Com o avançar do processo em meados do século XX a maioria da população mundial já se concentrava nas cidades. No Brasil de hoje o coeficiente de pessoas que moram nas cidades atingiu 87,4%, em 2022, com 177,5 milhões de pessoas vivendo em áreas urbanas, segundo dados do IBGE.
Em termos globais, as áreas urbanas já abrigam mais da metade da população mundial, com estimativas apontando que o número chegará a 68% até 2050. No Brasil, cerca de 450 das maiores cidades concentram mais da metade da população, com alguns centros urbanos e regiões metropolitanas altamente povoados.
Especialistas chamam esse fenômeno de conurbação quando se dá a junção de duas ou mais cidades cujas áreas urbanas crescem e se expandem até se unirem, formando uma área contínua que ultrapassa os limites municipais.
Esse fenômeno que geralmente resulta na formação de regiões metropolitanas, é impulsionado pelo crescimento populacional e pela expansão geográfica, caracterizado por um movimento pendular, ou seja, pelo deslocamento diário de pessoas entre as cidades e pela integração econômica, mesmo gerando problemas como trânsito intenso, congestionamentos, alta poluição e falta de planejamento urbano.
Esse fenômeno se nota também em nível mundial porque não há uma distribuição uniforme da população que se concentra principalmente na Ásia. Alguns poucos países concentram cerca de 59-60% da população mundial, e cidades a exemplo de Xangai e Tóquio abrigam 40 milhões de pessoas. Países como China e Índia abrigam juntos cerca de 36% da população mundial.
Diante do fenômeno da alta concentração urbana com a somatória de problemas e desafios que as cidades apresentam, surge a pergunta: Como humanizar as nossas cidades?
O processo de humanização das cidades envolve priorizar as pessoas e suas experiências no planejamento urbano, focado na criação de espaços mais acolhedores, sustentáveis e inclusivos, através de amplas calçadas, mais áreas verdes, transporte público acessível, infraestrutura para pedestres e ciclistas e locais que incentivem o convívio social.
No objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas, tornando as cidades mais justas e igualitárias, indo além da eficiência tecnológica e da produção econômica, algumas ações já estão sendo desenvolvidas com o redesenho de espaços públicos, focando em um novo modelo de ruas, calçadas e cruzamentos para torná-los mais agradáveis e seguros para as pessoas.
Ao lado disso, criam-se ruas sem carro e aumento do número e quilometragem de ciclovias para incentivar a mobilidade, o conforto, a saúde física e mental das pessoas.
O incentivo à convivência e interação social se dá pela criação e preservação de parques urbanos e praças que funcionem como pontos de encontro e lazer, com o planejamento de novos espaços públicos que promovam o convívio social e a realização de eventos culturais.
Na promoção da mobilidade acessível, busca-se a melhoria da qualidade e acessibilidade do transporte público para que todos, incluindo os mais vulneráveis, possam se locomover com mais facilidade, reduzindo a dependência do transporte individual em vista do público, diminuindo os gastos e o tempo das pessoas com o transporte.
Um importante foco da atualidade está sendo a arquitetura e a infraestrutura urbana inclusivas com a projeção de edifícios e ruas e vias que consideram as necessidades de todos, como crianças, idosos e pessoas com deficiência, priorizando a saúde mental dos cidadãos e o fortalecimento das conexões entre eles.
As experiências já realizadas pelo mundo afora mostram que pela recuperação de áreas degradadas, reutilização, revitalização de edifícios abandonados ou subutilizados e readequação urbana que é possível criar cidades mais saudáveis, permitindo o acesso a parques e jardins, aos equipamentos culturais com o estímulo da atividade física, focando na qualidade de vida.
Cidades mais humanas voltadas para as pessoas e não para os automóveis é um sonho que já se torna realidade em várias partes do mundo!
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