Opinião

O protagonismo feminino na Igreja

Mariana Mascarenhas

Escrito por Mariana Mascarenhas - Redação A12

08 MAR 2022 - 14H01 (Atualizada em 08 MAR 2022 - 14H24)

Thiago Leon

“A mulher é a harmonia, é a poesia, é a beleza. Sem ela, o mundo não seria assim tão belo. Não seria harmônico. Também gosto de pensar que a Igreja não é 'o' Igreja, é 'a' Igreja. A Igreja é mulher, é mãe. Isto é belo!"

Essas foram algumas, dentre tantas outras frases, ditas pelo Papa Francisco em seus discursos e homilias, em que ele destacou o papel da mulher na Igreja e na sociedade, de modo geral. Se compararmos os tempos atuais com um passado nem tão distante (dez anos atrás, por exemplo), perceberemos um grande avanço do protagonismo feminino em diversas esferas sociais, sem desconsiderar, obviamente, o fato de que ainda há muito para avançar nessa questão.

No entanto, é perceptível como, cada vez mais, as mulheres estão conquistando espaços para expressarem suas opiniões e ocupar papéis de liderança. Na Igreja Católica Apostólica Romana, por exemplo, a presença feminina já não é maioria apenas na assembleia do povo, como também nas mais diversas pastorais atuantes nas igrejas e comunidades católicas, incluindo o papel de coordenação desses grupos, com novas propostas e práticas para a caminhada da Igreja.

Leia MaisDia Internacional da Mulher: Reze nove dias com nove Santas9ª Romaria Nacional do Terço das Mulheres acontece nos dias 11 e 12 de marçoEm janeiro de 2021, inclusive, o Papa Francisco alterou o Código de Direito Canônico e, assim, institucionalizou a participação de mulheres leigas nos ministérios do Leitorado e do Acolitado, ou seja, no serviço da leitura da Palavra e do altar.

Certamente, muito antes de tal decisão, a Igreja já era constituída por um grande número de leitoras, acólitas e ministras da Eucaristia. No entanto, a institucionalização imposta pelo pontífice se revela um marco, considerando que, até então, não havia um mandato institucional.

Em 1972, São Paulo VI decidira manter a restrição de tais ministérios apenas ao sexo masculino porque “os considerava preparatórios para o eventual acesso à ordem sagrada”, segundo consta no Vatican News, e nenhuma outra mudança oficial fora feita até então. Dessa forma, o Papa Francisco oficializa uma maior representatividade feminina na vida da Igreja.

Todavia, embora estejamos acompanhando um avanço gradativo do direito de expressão feminina na sociedade, como é o caso da Igreja, infelizmente, muitas ainda têm suas vozes silenciadas, mesmo quando ocupam cargos de lideranças, por aqueles que, em pleno século XXI, ainda apresentam comportamentos retrógrados e machistas. “A mulher pode dar sua opinião, mas a decisão final deve ser do homem”, é um pensamento que, mesmo não expresso verbalmente, ainda é internalizado em muitos espaços sociais, infelizmente.

Quantas ideias e comportamentos do tipo ainda precisam ser desconstruídos para que a mulher realmente possa não apenas ocupar lideranças, como realmente exercê-las? Ao discernir sobre tal questão, voltemos nossos olhares para o período em que o maior líder da humanidade andou pela Terra: Jesus Cristo. Em um tempo ainda mais conturbado para as mulheres, em que elas eram reduzidas a mero valor mercadológico, com a função de se casarem (com parceiros, muitas vezes, prometidos por seus familiares), procriarem e cuidarem das tarefas domésticas, Jesus rompe padrões e restaura o verdadeiro valor da mulher, impondo respeito a todas elas.

Thiago Leon
Thiago Leon

A própria Bíblia enaltece a força feminina por meio de grandes nomes presentes em suas passagens. Um exemplo incontestável é Maria, mãe de Jesus, cujo papel é essencial na vida de seu filho. Quem não se lembra, inclusive, que o primeiro milagre de Jesus é feito a pedido de Nossa Senhora, já que ele ainda não se sentia preparado para iniciar a missão que Deus Pai lhe confiara?

Outra figura feminina de grande importância é Maria Madalena, a primeira pessoa a testemunhar a aparição de Jesus após sua Ressurreição e que, no entanto, fora desacreditada por muitos ao narrar seu testemunho.

Neste ano de 2022, a Caritas Internacional, confederação formada por 165 organizações humanitárias da Igreja Católica, dedicará todo este mês de março à promoção da liderança feminina na Igreja e na sociedade. “Aumentar a visibilidade e dar espaço à voz das mulheres nos permite ver como a sociedade e a Igreja florescem quando todo o povo de Deus é capaz de contribuir com os próprios dons e capacidades no servir os mais pobres e vulneráveis”, disse o secretário geral da Caritas Internationalis, Aloysius John, em matéria publicada na Vatican News.

Que, a exemplo de Jesus e do convite da Caritas, possamos fomentar ainda mais o protagonismo da mulher na sociedade e na Igreja, pois muito se fez, mas ainda há muito o que fazer.

Escrito por
Mariana Mascarenhas
Mariana Mascarenhas - Redação A12

Jornalista e Mestra em Ciências Humanas. Atua como Assessora de Comunicação e como Articulista de Mídias Sociais, economia e cultura.

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