Por Joana Darc Venancio Em Opinião Atualizada em 08 OUT 2019 - 09H56

Professor: pessoa que forma pessoas


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Os
conflitos, as angústias, as incertezas e o medo são sentimentos que fazem parte do sentido da existência do professor. Evidente que o professor não pode e não deve se esquecer que, de sua ação, depende a divulgação da ciência, que é fundamental à vida humana, assim como não deve abrir mão de boas e eficientes técnicas para o ensino, mas acima de tudo, não pode se esquecer que é uma pessoa. Valorizando-se como pessoa, exercerá com transparência a bela missão de formar seus alunos, valorizando-os também como pessoas.

Carl Rogers, grande promotor da Psicologia Humanista, desenvolveu sua teoria através da experiência adquirida quando deu assistência psicológica aos soldados feridos, mutilados e traumatizados pelos horrores na Segunda Guerra Mundial. Em seu livro 'Tornar-se Pessoa', ele oferece um relevante ensinamento sobre a Autenticidade do Professor:

"A aprendizagem pode ser facilitada, segundo parece, se o professor for congruente. Isso implica que o professor seja a pessoa que é e que tenha uma consciência plena das atitudes que assume. A congruência significa que ele aceita seus sentimentos reais. Torna-se então uma pessoa real nas relações com seus alunos. Pode mostrar-se entusiasmado com assuntos de que gosta e aborrecido com aqueles pelos quais não tem predileção. Pode irritar-se, mas é igualmente capaz de ser sensível ou simpático. Porque aceita esses sentimentos como seus, não tem necessidade de impô-los aos seus alunos, nem insiste para que estes reajam da mesma forma. O professor é uma pessoa, não a encarnação abstrata de uma exigência curricular ou um canal estéril através do qual o saber passa de geração em geração". (Rogers, 1977. p.332)

Leia MaisRegalia do Professor: aproximar do bem, do belo e do verdadeiroOs ensinamentos de Carl Rogers permitem o entendimento necessário de que o professor, em qualquer situação, modalidade ou nível da Educação é uma “pessoa como outra qualquer" (Roger, 1977. p.67) e que, portanto, tem todas as condições de uma “pessoa normal” (Roger,1977. p.69). Definir lugares e papéis não é uma tarefa fácil, pois eles estão intimamente ligados à nossa condição humana. Portanto, as reflexões de Rogers são um porto seguro no qual podemos ancorar os sentidos de ser Professor.

Não se trata de desvalorizar a busca por melhores metodologias e técnicas na prática docente, mas resgatar o papel e lugar do professor frente às situações conflitantes próprias da condição humana que não podem ser resolvidas ou refletidas pela égide das técnicas ou dos métodos de ensino.

Papa Bento XVI, no Discurso aos Professores e Religiosos em 17 de setembro de 2010, alertou:

"Como sabeis, a tarefa do professor não consiste unicamente em comunicar informações ou em oferecer uma preparação técnica em vista de proporcionar benefícios econômicos para a sociedade; a educação não é, nem deve ser considerada puramente utilitarista. Ela diz respeito sobretudo à formação da pessoa humana, à sua preparação para viver plenamente a própria vida — em poucas palavras, refere-se à educação para a sabedoria. E a verdadeira sabedoria é inseparável do conhecimento do Criador, porque «nós estamos nas suas mãos, nós e as nossas palavras, toda a nossa inteligência e a nossa habilidade" (Sb 7, 16).

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O sentido próprio da existência do Professor se assenta em sua condição de pessoa que forma pessoas. Pela canção, da inesquecível Irmã Irmã Míria Kolling, uma homenagem singela a você Professor.

Ser Professor

É despertar a magia do saber

É abrir caminhos de esperança

É desvendar o mistério do saber

É criar o real desejo de ser

É participar do crescimento social

É não se dar conta

Da amplitude de um trabalho que é missão

Mover o mundo através do Operário

Do Doutor, do Presidente

que um dia passaram por sua mão.

Parabéns Professor!

Parabéns Professor.

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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