Opinião

Uma sociedade “cool” e as discussões de gênero

Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.

Escrito por Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

04 MAR 2022 - 09H52 (Atualizada em 04 MAR 2022 - 10H13)

A sociedade brasileira possui uma tendência a adotar termos americanizados para classificar suas opções dentro de seus estilos de vida, principalmente dentro das classes média e alta. O termo “cool”, literalmente traduzido para o português, quer dizer que alguém é “descolado”, “legal”, “radical”, “calmo”, entre outros adjetivos.

O que vemos nos últimos anos é uma discussão ao redor da questão de gênero. Deve-se ou não ensinar tais questões às crianças? Pode-se ou não colocar tais questões dentro das escolas?

Segundo Luiz Felipe Pondé, doutor em filosofia pela USP: “É isso que estamos a fazer com as crianças hoje: dizer que elas não têm sexo”. Ou seja, a discussão sobre o gênero sexual dentro de escolas e das famílias acaba por gerar, futuramente, psicopatologias em relação às questões sexuais mal resolvidas de adolescentes e jovens.

A questão sexual acabou por se tornar tão politizada que, ao invés de ocorrer uma luta pela “liberdade” sexual, acaba ocorrendo o inverso, e vivemos numa sociedade condenatória da sexualidade alheia.

Leia MaisO que se entende por “ideologia de gênero?”Não é o fato de um menino vestir azul ou uma menina vestir rosa que determinará sua identidade sexual. Ou, se numa escola há banheiros femininos e masculinos. Ambas as situações não determinam a opção sexual do sujeito.

Ao contrário do que supostos “especialistas” relatam sobre identidade sexual, o ser humano ainda não é capaz de definir de forma concreta o real motivo pelo qual é formada a identidade sexual de um indivíduo.

Os debates sobre ideologia de gênero e questões sexuais passaram de uma simples educação familiar, que ajuda a criança a perceber que é preciso respeitar a todos, independentemente de suas opções sexuais, políticas, religiosas, etc., e que todos são iguais perante a lei, e passou a um âmbito político, em que a família não pode dizer se a criança é menino ou menina; ela – a criança – então é "um ser sem gênero definido."

Não foi toda a sociedade que entrou nesta discussão sobre gênero. Uma parcela da sociedade, que se julga “cool” almeja ser tão avançada e libertária, que se torna opressora e "brega". Logo, a discussão de gênero dentro de uma sociedade “cool” não passa de uma ideologização rasa. É preciso, sim, ajudar as crianças a perceberem que todos dentro da sociedade merecem ser respeitados e ter seus direitos garantidos, para que assim possamos viver em uma sociedade mais justa para todos.

Escrito por
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima C.Ss.R.
Fr. Rafael Peres Nunes de Lima, C.Ss.R.

Missionário Redentorista, Bacharel em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas e estudante de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores – ITESP.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Redação A12, em Opinião

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...