João XXIII, o Rosário e a Virgem Negra de Czestochowa

A Virgem Maria sempre teve lugar muito especial no coração do Papa São João XXIII e, por isso mesmo, Ela ganhou destaque nas reflexões do Concílio Ecumênico Vaticano II, responsável pela renovação da Igreja Católica. O Pontífice recomendou aos participantes que recorressem à poderosa intercessão de Maria como Padroeira Celestial do Concílio, que ficou caracterizado por uma singular dimensão mariana.

Poucos dias antes de iniciar o Concílio, o Santo Padre realizou uma visita surpresa ao Santuário de Nossa Senhora de Loreto, suplicando a intercessão da Mãe de Deus para o bom andamento dos trabalhos. O padre peruano Jürgen Daum, SCV, autor do livro “Os Papas do Século XX” (trad.), escreveu:

O Rosário de Maria é elevado à condição de grande oração pública e universal
em face das necessidades ordinárias e extraordinárias da Igreja santa, das nações e do mundo inteiro. (Papa João XXIII)

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“Se o objetivo da assembleia era fazer resplandecer a luz de seu Filho na face da Igreja, a Mãe deveria ter presença e ‘participação’ especial. Para isso, o Santo Padre convidou todos os filhos da Igreja ‘a rezarem o Rosário com particular devoção (...) a fim de que do Concílio ecumênico toda a Igreja obtivesse uma afirmação tão maravilhosa que o vigoroso reflorescer de todas as virtudes cristãs que nós esperamos dele, sirva de convite e estímulo para todos os nossos irmãos e filhos que se encontram afastados desta Sede Apostólica’”.

O Papa João Paulo II, na carta apostólica Rosarium Virginis Mariae, afirma que o Rosário é uma oração destinada a produzir frutos de santidade, e que muitos de seus predecessores atribuíram grande importância a esta oração. E citou João XXIII, que, não por coincidência, seria o próximo santo da Igreja Católica, junto com ele.

Nos quatro anos e meio do seu pontificado, o Papa Bom, como é chamado, publicou uma encíclica, quatro cartas apostólicas e duas séries de reflexões para a meditação dos mistérios do Rosário.

Na publicação Il Religioso Convegno, João XXIII dispôs ao episcopado e aos fiéis do mundo católico sobre ‘a reza do Santo Rosário para a paz entre os povos’:

“A quantos acompanham, do ponto de vista histórico, as vicissitudes das transformações políticas, é bem conhecida a influência exercida pela piedade mariana para preservação de desventuras ameaçantes, para reatamento de prosperidade e de ordem social, para testemunho de vitórias espirituais obtidas”. (Papa João XXIII)

A invocação da paz universal foi reverenciada com júbilo pelo Papa Bom, que viu na oração do Rosário a oportunidade da redenção humana.

"Ó bendito Rosário de Maria! quanta doçura em ver-te elevado pelas mãos dos inocentes, dos sacerdotes santos, das almas puras, dos jovens e dos anciãos, de todos os que apreciam o valor e a eficácia da oração, elevado pelas multidões inúmeras e piedosas como emblema e como vexilo augural de paz nos corações e de paz para todas as nações humanas!” (Papa João XXIII)

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A predileção pelo Rosário revelava sua imensa devoção mariana. João XXIII, quando ainda Cardeal Angelo Roncalli, esteve como peregrino no local das aparições da Virgem de Fátima, e em seu testamento legou a sua cruz peitoral ao Santuário de Fátima.

Apesar de italiano, o Pontífice era fiel devoto da Virgem Negra de Jasna Góra, tendo visitado o Santuário de Czestochowa, na Polônia, em 17 de agosto de 1929.

Em 04 de novembro de 1958, o Papa pediu ao Cardeal Wyszynski que fosse celebrada uma Missa todos os dias na Capela da Imagem Milagrosa de Nossa Senhora de Jasna Gora, pelas intenções do Papa.

A demonstração mais evidente teve lugar em junho de 1963, quando, por morrer, o Papa João XXIII pediu que fosse trazido para perto da cama dele uma imagem de Nossa Senhora de Czestochowa. 

Fontes:
:. “Los Papas del Siglo XX” – P. Jürgen Daum, SCV, 2004 - Vida y Espiritualidad edition, in Spanish.
:. Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae
:. Agência Ecclesia
:. Zenit