Por Redação A12 Em Santo Padre Atualizada em 06 MAR 2020 - 11H30

Papa convida fiéis para “uma nova etapa evangelizadora” na Evangelii gaudium

“A ALEGRIA DO EVANGELHO enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria. Quero, com esta Exortação, dirigir-me aos fiéis cristãos a fim de os convidar para uma nova etapa evangelizadora marcada por esta alegria e indicar caminhos para o percurso da Igreja nos próximos anos” Papa Francisco, Evangelii Gaudium, n. 1 exortacao_capa_2 Assim começa a primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco, publicada nesta terça-feira (26) no Vaticano. O documento papal, contendo cinco capítulos, apresenta o tema do anúncio do Evangelho nos dias atuais e defende uma renovação das estruturas da Igreja.

[o texto pode ser lido na íntegra aqui] 

“A evangelização está essencialmente relacionada com a proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus Cristo ou que sempre O recusaram. Muitos deles buscam secretamente a Deus, movidos pela nostalgia do seu rosto, mesmo em países de antiga tradição cristã. Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível. A Igreja não cresce por proselitismo, mas ‘por atração’”, propõe o Pontífice no item catorze.

No texto foram incorporadas as contribuições dos trabalhos da XIII Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos que aconteceu no ano passado, no Vaticano, e teve como tema ‘A nova evangelização para a transmissão da fé’.

entrevista_1O documento foi apresentando hoje pelo presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova vangelização, Dom Rino Fisichella, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, Dom Lorenzo Baldisseri, e o presidente do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli.

Para Dom Rino Fisichella, o texto centraliza sua reflexão no “amor misericordioso de Deus, que vai ao encontro de cada pessoa”.

Dom Baldisseri enfatizou a contribuição das Igrejas locais na elaboração do documento lembrando que “a esta experiência, deve-se o amplo espaço dedicado à religiosidade popular na América Latina – uma verdadeira espiritualidade encarnada na cultura dos mais simples”, pontuou.

Dom Claudio Maria Celli analisou a maneira de como a mensagem do Evangelho é anunciada, ressaltando que hoje o Papa nos pede “coragem” para encontrar novos sinais, novos símbolos, uma nova carne para a transmissão da Palavra.

Entre as indicações do Santo Padre, “uma renovação eclesial inadiável”, na qual destaca que a “reforma das estruturas” está relacionada com o ser missionário da Igreja:

“A reforma das estruturas, que a conversão pastoral exige, só se pode entender neste sentido: fazer com que todas elas se tornem mais missionárias, que a pastoral ordinária em todas as suas instâncias seja mais comunicativa e aberta, que coloque os agentes pastorais em atitude constante de ‘saída’ e, assim, favoreça a resposta positiva de todos aqueles a quem Jesus oferece a sua amizade. Como dizia João Paulo II aos Bispos da Oceânia, ‘toda a renovação na Igreja há-de ter como alvo a missão, para não cair vítima duma espécie de introversão eclesial’”.

A partir de sua análise, Papa Francisco lista inúmeros desafios do mundo na atualidade, relacionados com a evangelização e com a realidade socioeconômica.

O Santo Padre destacou também a avaliação que os bispos e padres devem fazer sobre a homilia que conduzem em suas comunidades:

“Consideremos agora a pregação dentro da Liturgia, que requer uma séria avaliação por parte dos Pastores. Deter-me-ei particularmente, e até com certa meticulosidade, na homilia e sua preparação, porque são muitas as reclamações relacionadas com este ministério importante, e não podemos fechar os ouvidos. A homilia é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo. De fato, sabemos que os fiéis lhe dão muita importância; e, muitas vezes, tanto eles como os próprios ministros ordenados sofrem: uns a ouvir e os outros a pregar. É triste que assim seja. A homilia pode ser, realmente, uma experiência intensa e feliz do Espírito, um consolador encontro com a Palavra, uma fonte constante de renovação e crescimento”.

E completa: “Com muita amizade, quero deter-me a propor um itinerário de preparação da homilia”, o que ocupa o documento em várias paginas.

O texto documenta ainda a mensagem papal sobre a dimensão social da evangelização e a espiritualidade cristã.

“Evangelizadores com espírito quer dizer evangelizadores que se abrem sem medo à acção do Espírito Santo. No Pentecostes, o Espírito faz os Apóstolos saírem de si mesmos e transforma-os em anunciadores das maravilhas de Deus, que cada um começa a entender na própria língua. Além disso, o Espírito Santo infunde a força para anunciar a novidade do Evangelho com ousadia (parresia), em voz alta e em todo o tempo e lugar, mesmo contra-corrente. Invoquemo-Lo hoje, bem apoiados na oração, sem a qual toda a acção corre o risco de ficar vã e o anúncio, no fim de contas, carece de alma. Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa Nova, não só com palavras mas sobretudo com uma vida transfigurada pela presença de Deus”.

No final do documento, Papa Francisco recorda a presença de Maria como ‘Estrela da Evangelização’.

“Há um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto. N’Ela, vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentir importantes”.

E encerra com uma oração dedicada a Mãe de Jesus:

Virgem e Mãe Maria,
Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida
na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno,
ajudai-nos a dizer o nosso «sim»
perante a urgência, mais imperiosa do que nunca,
de fazer ressoar a Boa Nova de Jesus.
Vós, cheia da presença de Cristo,
levastes a alegria a João o Batista,
fazendo-o exultar no seio de sua mãe.
Vós, estremecendo de alegria,
cantastes as maravilhas do Senhor.
Vós, que permanecestes firme diante da Cruz
com uma fé inabalável,
e recebestes a jubilosa consolação da ressurreição,
reunistes os discípulos à espera do Espírito
para que nascesse a Igreja evangelizadora.
Alcançai-nos agora um novo ardor de ressuscitados
para levar a todos o Evangelho da vida
que vence a morte.
Dai-nos a santa ousadia de buscar novos caminhos
para que chegue a todos
o dom da beleza que não se apaga.
Vós, Virgem da escuta e da contemplação,
Mãe do amor, esposa das núpcias eternas
intercedei pela Igreja, da qual sois o ícone puríssimo,
para que ela nunca se feche nem se detenha
na sua paixão por instaurar o Reino.
Estrela da nova evangelização,
ajudai-nos a refulgir com o testemunho da comunhão,
do serviço, da fé ardente e generosa,
da justiça e do amor aos pobres,
para que a alegria do Evangelho
chegue até aos confins da terra
e nenhuma periferia fique privada da sua luz.
Mãe do Evangelho vivente,
manancial de alegria para os pequeninos,
rogai por nós.
Amém. Aleluia!


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