Santo Padre

Papa Francisco e a inclusão de pessoas com deficiência

Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)

Escrito por Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

09 SET 2021 - 10H23 (Atualizada em 09 SET 2021 - 10H44)

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Ao longo de sua história, a Igreja procurou ser fiel ao apelo de Cristo, no cuidado com as pessoas mais fragilizadas. Muitos documentos escritos, instituições foram criadas, ações e campanhas diversas, até chegar às nossas pastorais sociais.

Neste momento atual da Igreja, sob o pontificado do Papa Francisco, é perceptível a sua sensibilidade e preocupação com a inclusão das pessoas com deficiência. Sua atenção se torna um convite a um compromisso pastoral renovado na ação da Igreja.

Shutterstock/ Daisy Daisy
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O “culto ao corpo” e a exclusão das pessoas com deficiência

Falando na Praça de São Pedro para pessoas com deficiência, em 2016, com tom profético, Francisco alertou a sociedade para o chamado “culto ao corpo”:

“Nesta época em que o culto ao corpo se transformou em um mito de massas e, portanto, em negócio, o que é imperfeito deve ser ocultado, porque vai de encontro à felicidade e tranquilidade dos privilegiados e põe em crise o modelo imperante”.

E complementou: “É melhor ter estas pessoas separadas, em algum 'recinto, talvez dourado, ou nas 'reservas' do pietismo e do assistencialismo, para que não obstruam o ritmo de um falso bem-estar”.

Leia MaisIgreja busca ações concretas para inclusão da pessoa com deficiência Na Carta Encíclica Fratelli Tutti, 18, o Papa mostra a inversão de valores quando a pessoa humana, “imagem e semelhança de Deus” não é mais reconhecida como prioridade:

“Partes da humanidade parecem sacrificáveis em benefício duma seleção que favorece a um setor humano digno de viver sem limites. No fundo, as pessoas já não são mais vistas como um valor primário a respeitar e tutelar, especialmente se são pobres ou deficientes”.

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Reconstruir um mundo melhor pós-Covid 19, para as pessoas com deficiência

Mesmo refletindo sobre a vasta realidade e consequências provocadas pela pandemia, Francisco expressa sua preocupação com as pessoas com deficiência: “Estamos todos no mesmo barco, no meio dum mar agitado que nos pode atemorizar; mas, neste barco, há alguns, como as pessoas com deficiências graves, que têm de lutar mais”.

Afirma que é preciso “reconstruir melhor um mundo pós-Covid-19, inclusivo da deficiência, acessível e sustentável”. Refletindo o Evangelho de Mateus 7,24-27, sobre a casa construída sobre a rocha ou a areia, diz que “a inclusão deve ser a ‘rocha’ na construção dos programas e iniciativas das instituições civis, para que ninguém, especialmente quem enfrenta maior dificuldade, fique excluído”. E concluiu:

“A força duma corrente depende do cuidado dispensado aos elos mais frágeis”.

Victor Hugo Barros
Victor Hugo Barros
Romaria em atenção às pessoas com deficiência (2017)


A inclusão dentro da Igreja modificando estruturas e dando oportunidades

Mostrando coerência, Francisco não fala apenas das dificuldades sentidas pelas pessoas com deficiência na sociedade, mas também na Igreja. No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, em dezembro de 2020, o Papa propõe mudanças e fala aos seus dirigentes:

“Encorajo os sacerdotes, seminaristas, religiosos, catequistas e agentes pastorais, uma formação ordinária em relação à deficiência e o uso de instrumentos pastorais inclusivos. A criação duma paróquia plenamente acessível requer não só a eliminação das barreiras arquitetônicas, mas, sobretudo, atitudes e ações de solidariedade e serviço, por parte dos paroquianos para com as pessoas com deficiência e suas famílias”.

No Congresso da Catequese, em outubro de 2017, o Papa manifestou um desejo: “Espero que nas comunidades paroquiais, cada vez mais pessoas com deficiência possam tornar-se catequistas. Finalizando, Francisco afirma que “o objetivo é chegarmos a superar a subdivisão 'eles', para existir apenas o 'nós'”.

Escrito por
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R. (Arquivo pessoal)
Padre Rosivaldo Antônio Motta, C.Ss.R.

Missionário redentorista com bacharelado em Teologia (UCSal), pós-graduado em Comunicação e Cultura Brasileira (SEPAC-PUC/SP) e mestrado em Comunicação e Semiótica (PUC/SP).

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