O Papa Francisco conduziu, neste 3º Domingo da Páscoa (26), da Biblioteca do Palácio Apostólico, no Vaticano, o Regina Coeli, que substitui o Angelus durante o período pascal.
Francisco ateve-se ao Evangelho deste domingo (Lc 24,13-35) que, ambientado no dia de Páscoa, conta o famoso episódio dos dois discípulos de Emaús. “É uma história que começa e termina em caminho”, observou o Santo Padre.
Comentando esta página do Evangelho, explicou que se tem uma viagem de ida dos discípulos que, tristes pelo desfecho da vida de Jesus, deixam Jerusalém e voltam para casa, em Emaús, caminhando por cerca de onze quilômetros.
Trata-se de uma viagem que se dá de dia, com boa parte do caminho em descida. E se tem a viagem de retorno: outros onze quilômetros, mas feitos ao cair da tarde, com parte do caminho em subida, após a fadiga do percurso de ida.
"Duas viagens - acrescentou Francisco - uma fácil, de dia, e outra cansativa, de noite. No entanto, a primeira se dá na tristeza, a segunda na alegria. Na primeira, se tem o Senhor que caminha ao lado deles, mas não o reconhecem; na segunda não mais o veem, mas sentem sua proximidade. Na primeira, encontram-se desanimados e sem esperança; na segunda, correm para levar aos outros a bela notícia do encontro com Jesus Ressuscitado.”
“Os dois diferentes caminhos daqueles primeiros discípulos dizem a nós, discípulos de Jesus hoje, que na vida temos diante de nós duas direções opostas: tem-se o caminho de quem, como aqueles dois na ida, se deixa paralisar pelas desilusões da vida e segue adiante triste; e se tem o caminho de quem não coloca em primeiro lugar a si mesmo e seus problemas, mas Jesus que nos visita, e os irmãos que esperam a sua visita.”
"Eis a reviravolta" - indicou o Papa: “Deixar de orbitar em torno do próprio eu, das desilusões do passado, dos ideias não realizadas, e Leia MaisPapa pede que fiéis intensifiquem a reza do terço em maioseguir adiante, olhando para a realidade maior e verdadeira da vida: Jesus vive e me ama”.
"A inversão de marcha é esta: passar dos pensamentos sobre meu eu à realidade do meu Deus; passar do “se” ao “sim”, passar do "se": “se tivesse sido Ele a libertar-nos, se Deus tivesse me escutado, se a vida caminhasse com eu queria, se tivesse isso e aquilo... Esses são os nossos "se", parecidos com os dos dois discípulos, os quais, porém, passam ao "sim": Sim, o Senhor vive, caminha conosco. Sim, agora, não amanhã, coloquemo-nos em caminho para anunciá-Lo”.
“Sim, eu posso fazer isto para que as pessoas sejam mais felizes, para que as pessoas melhorem, para ajudar muitas pessoas. Sim, sim, posso. Do "se" ao "sim", da lamentação à alegria e à paz, porque, quando nos lamentamos, não estamos na alegria; estamos naquele ar de tristeza. E isso não ajuda nem nos faz crescer bem. Do "se" ao "sim", da lamentação à alegria do serviço", acrescentou.
"Como se deu essa mudança, do eu a Deus, dos “se” ao “sim”?" – perguntou Francisco. "Encontrando Jesus: os dois de Emaús primeiro lhe abrem seus corações; depois o escutam explicar as Escrituras; depois, convidam-no à casa".
“São três passagens que também nós podemos fazer em nossas casas: primeiro, abrir o coração a Jesus, confiar-lhe os pesos, as fadigas, as desilusões da vida; segundo, ouvir Jesus, tomar o Evangelho em mãos, ler hoje mesmo esta passagem, no capítulo vinte e quatro do Evangelho de Lucas; terceiro, pedir a Jesus, com as mesmas palavras daqueles discípulos: ‘Fica conosco, Senhor’ (v. 29): com todos nós, porque precisamos de Ti para encontrar o caminho.”
Francisco concluiu a sua fala antes da oração mariana, ressaltando que, na vida, estamos sempre em caminho e nos tornamos aquilo rumo ao qual caminhamos:
“Escolhamos o caminho de Deus, não o caminho do eu; o caminho do ‘sim’, não o dos ‘se’. Descobriremos que não há imprevisto, não há subida, não há noite que não se possa enfrentar com Jesus.”
“Que Nossa Senhora, Mãe do caminho, que acolhendo a Palavra de Deus fez de toda sua vida um ‘sim’ a Deus, nos indique o caminho”, foi o pedido do Santo Padre à Virgem Maria", concluiu.
Fonte: Vatican News
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