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Sinodalidade

Compreenda o espírito sinodal do Papa Leão XIV

Escrito por Laís Silva

11 DEZ 2025 - 12H09 (Atualizada em 11 DEZ 2025 - 12H38)

Vatican Media

Na caminhada diária da Igreja Católica falamos muito sobre viver a sinodalidade e quando mencionamos essa palavra, muitas pessoas logo lembram do chamado e das mensagens do saudoso Papa Francisco.

A sinodalidade não começou com Francisco, mas é impossível não reconhecer o seu importante papel em convocar o Sínodo da Sinodalidade, e em chamar o povo para ser a verdadeira Igreja de Cristo, percorrendo um caminho sinodal.

Após sua passagem, recebemos com o coração esperançoso o novo pontífice, Papa Leão XIV, e acompanhamos seus primeiros passos a frente da Igreja Católica no mundo. Muitos se perguntavam se ele caminharia na mesma linha de Francisco e logo em seu primeiro discurso ele já nos deu pistas de que seria também um bom pastor para cristãos católicos.

O A12, conversou com o Frei Mário Sérgio Rocha, professor em teologia, que ao lado do Frei Fabiano Julião, contribuiu na organização do livro “Papa Leão XIV, Santo Agostinho e a Ordem Agostiniana”, e assim como o santo padre, é um religioso da Ordem de Santo Agostinho - OSA, que nos ajudou a compreender um pouco melhor sobre o espírito sinodal do Papa Leão XIV.

Para iniciarmos a conversa sobre o Papa Leão XIV, é importante lembrarmos que ainda como Cardeal Prevost, já trabalhava em sua Diocese os passos do caminho sinodal e sempre enfatizou e valorizou muito a importância da participação de todos na Igreja.

Perguntamos ao Frei Mário Sérgio: Podemos afirmar que Papa Leão XIV foi uma escolha do Espírito Santo para direcionar a Igreja para que ela continue caminhando em Sinodalidade?

“Quando pensamos na história do então Cardeal Prevost, percebemos algo muito bonito: antes mesmo de vir a Roma, ele já vivia no dia a dia aquilo que hoje chamamos de sinodalidade. Ele era, e continua sendo, um pastor que escuta, que valoriza processos comunitários, que se deixa tocar pela realidade concreta das pessoas.

Por isso, quando a Igreja o escolhe, nós percebemos naquele gesto uma delicadeza do Espírito. Não porque o Espírito “escolha” um Papa como quem escolhe um campeão, mas porque Ele sopra justamente na direção de quem tem o coração disponível.

Papa Leão XIV não apareceu de repente com um discurso sinodal. Ele já vinha caminhando assim. E a Igreja, iluminada pelo Espírito, reconheceu nele alguém capaz de ajudar todos nós a continuarmos caminhando juntos.

A eleição dele não inaugura a sinodalidade, mas confirma um caminho que o Espírito já vinha despertando no coração da Igreja e nele mesmo”.

Para compreendermos melhor os passos de Leão XIV em seu pontificado, precisamos também compreender um pouco sobre o carisma de sua ordem religiosa; e o aspecto principal do carisma agostiniano é viver em comunidade, esse é um ponto que está presente na sinodalidade.

Em seu primeiro discurso Papa Leão XIV já mencionou seu carisma e também reforçou a caminhada sinodal. O Frei Mário nos explica como sua identidade agostiniana influencia seu pontificado.

É quase impossível olhar para a sua maneira de ser Papa e não enxergar Agostinho ali dentro. Ele respira comunidade, acolhida, diálogo. Age com a serenidade de quem sabe que ninguém se salva sozinho e de que a verdade só floresce quando o coração está aberto para escutar.

Agostinho dizia que a comunhão não é um detalhe da fé, mas o seu coração. Esse modo de pensar moldou o Papa desde sua juventude religiosa, e ele leva isso consigo para o pontificado.

Nos seus discursos, nas suas atitudes, nos pequenos gestos que talvez passem despercebidos, aparece esse traço tão agostiniano: a humildade que une, a proximidade que cura e a busca sincera da unidade interior da Igreja. É um jeito de governar que não nasce de estratégias, mas de espiritualidade”.

Ainda falando sobre o carisma agostiniano, nosso entrevistado destacou alguns valores que sustentam essa proposta de caminhar juntos.

“Podemos destacar vários, mas alguns iluminam especialmente o nosso tempo:

Humildade: Agostinho sempre insistiu que a humildade é o fundamento de toda grande obra de Deus. Caminhar juntos pede isso: reconhecer que o outro tem algo que eu não tenho, que ninguém é completo sozinho.

Interioridade: Agostinho nos chama a entrar dentro de nós mesmos para ali encontrarmos Deus. A sinodalidade só funciona quando nasce dessa escuta interior. Não é ativismo: é discernimento.

Unidade como dom: Para Agostinho, a unidade não se “produz”; ela se acolhe. É graça. E como toda graça, exige disposição para o encontro, para o perdão, para a comunhão.

Amizade: A amizade é, para Agostinho, um caminho para Deus. E a sinodalidade é isso: aprender a caminhar como amigos na fé, apoiando-nos mutuamente.

Caridade que tudo sustenta: A comunidade só permanece de pé quando a caridade costura as nossas diferenças. Sem caridade, não existe sinodalidade possível.”

Ao analisarmos os primeiros meses do pontificado de Papa Leão XIV, já vimos um pouco de como se darão seus passos diante de diversos assuntos, entre ele a sinodalidade. Frei Mário Sérgio Rocha nos ajudou compreender algumas atitudes sinodais do santo padre.

O seu estilo de proximidade fala antes de qualquer documento. Ele se coloca no meio das pessoas, conversa com simplicidade, presta atenção no que escuta. É um pastor que não tem pressa de responder, mas que se dedica a compreender.

Percebemos também sua abertura ao diálogo, não o diálogo superficial, mas aquele que envolve realmente o coração. Ele mesmo tem dito que quer uma Igreja que saiba integrar, reconciliar, acolher.

E há outro ponto importante: sua atenção às periferias. Para ele, caminhar juntos significa não deixar ninguém para trás, sobretudo quem sofre. Isso é sinodalidade concreta, não teórica.

Finalmente, sua preocupação com as Igrejas locais mostra uma visão bonita: o Papa não quer centralizar, mas animar. É um convite para que cada comunidade descubra o que o Espírito diz ali, na sua própria terra”.

Que possamos continuar caminhando como uma Igreja Sinodal, auxiliados pelo Papa Leão XIV, a luz e seu carisma agostiniano.


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