Por Pe. José Inácio Medeiros, C.Ss.R. Em Notícias

As missões populares na história

Os anos de 1950 são considerados a “época de ouro das missões populares” tanto pela quantidade de missões que se pregou, como pela sua variedade e intensidade. 

Introdução

O Código de Direito Canônico de 1917 prescrevia que os párocos deviam organizar as missões ao menos a cada dez anos, atendendo as disposições do ordinário (bispo) local. Desde o Concílio de Trento, realizado no século XVI, a estrutura de pregação era basicamente a mesma, fundada sobre os exercícios de Santo Inácio, tendo seu acento na renovação dos costumes, na conversão pessoal e na salvação individual expressa no lema missionário:“Salva tua Alma”.

A partir do século XIX, por meio das confrarias, associações pias, sociedades de apostolado leigo e obras caritativas as missões começaram a adquirir um cunho mais social, levando as pessoas a uma maior ação e presença na sociedade.

No século XX, especialmente no período entre-guerras e, mais tarde, após a Segunda Guerra Mundial, começaram a surgir os ares de renovação com o aparecimento de novos institutos missionários na Europa. Os anos de 1950 são então considerados a “época de ouro das missões populares” tanto pela quantidade de missões que se pregou, como pela sua variedade e intensidade. Aqui no Brasil grandes acontecimentos de Igreja da época como os Congressos Eucarísticos e a celebração do Quarto Centenário da cidade de São Paulo foram precedidos pela pregação das Santas Missões como forma de preparar o povo.

Mas chegou o tempo do Concílio Vaticano II que levou a um período de crise e mudanças no método tradicional de pregação das Santas Missões, com a busca de novos caminhos e novos métodos. Naquele tempo de tantas mudanças dentro e fora da Igreja, chegou-se a questionar seriamente se valia a pena continuar com a pregação das Santas Missões.

Foto de: arquivo.

Cruzeiro Missionário em São Simão (SP), Julho de 1957.

"No lema das Missões ‘Salva a tua alma’ a
preocupação com a salvação das pessoas".

 Novos Rumos para as Missões Populares

As missões haviam sofrido os maiores impulsos de renovação, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, e boa parte disso se deve às novas características de mundo e de sociedade que vinham se configurando, com diversas características: Rápida industrialização, crescimento das cidades, influências os MCS, crescimento demográfico, êxodo rural, avanço do materialismo, crescimento da secularização e diminuição da prática religiosa ou sacramental.

A partir das décadas de 1950 e 1960 a Missão Popular sofreu um forte impulso de renovação, devido ao movimento missionário francês que objetivava uma maior integração na pastoral local. Desta forma surgiram varias tentativas de renovação, algumas das quais persistem até nos dias de hoje.

 

"O Concílio Vaticano II levou a um período de mudanças a metodologia das Santas Missões, com a busca de novos caminhos, novos métodos e novas estratégias".

Diante das experiências que foram surgindo no período entre guerras e no Pós-Vaticano II, e também de acordo com a realidade do mundo moderno, a Missão Popular, com diferenças próprias que variam de acordo com cada país ou cada região, passou a se organizar dentro de uma nova sistemática e metodologia, que foi se concretizando após a realização de muitas experiências e testes.

Procissão da Penitência em Alfenas (MG), em maio de 2014.
As Santas Missões hoje contribuem na criação de uma "Rede de Comunidades".

Novidades:

A partir daí, desde o fim da década de 1960 algumas novidades foram aparecendo e se desenvolvendo, fazendo com que as Missões Populares ganhassem um novo vigor. Entre elas podemos destacar:

- O uso de Pesquisas Sociológicas para se conhecer melhor a realidade a ser missionada. Depois de varias experiências realizadas, os missionários elaboraram uma ficha com dados a serem colhidos nas visitas domiciliares;
- Organização da missão em fases distintas que vão se sucedendo, destacando-se a setorização de uma paróquia em comunidades e estas em setores missionários;
- Criação de grupos de ruas (círculos bíblicos) onde as famílias vivem a missão de modo mais ativo celebrando um tempo de oração, reflexão e ação nos setores;
- Criação de Equipes diocesanas de Missões, pois antes as Missões eram exclusividade das Congregações religiosas;
- Contribuição do trabalho especializado das religiosas e mais tarde, especialmente a partir da década de 1980 dos leigos nas Missões;
- Estabelecimento de um novo relacionamento entre Paróquia/Pároco e as Missões. O pároco torna-se parte integrante e fundamental das Missões;
- A mudança do conceito da missão popular, que deixa de se preocupar unicamente com a “salvação das almas”, mas com a salvação integral e com a promoção do ser humano, num “caminhar para a vida comunitária”;
- A integração das missões na pastoral local recuperando o seu caráter subsidiário à Pastoral Ordinária. 

 

Pe. Inácio Medeiros, C.Ss.R.
Equipe de Comunicação
Santas Missões

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