No livro Ensinamentos de João Paulo II, XII/2, 1989, que reúne discursos, homilias, audiências e outros textos oficiais do seu pontificado, encontramos um trecho que expressava o desejo do Santo Padre pela paz no leste europeu, ainda em conflito pelos resquícios da Segunda Guerra Mundial:
“Meu desejo é que a Ucrânia possa se encaixar, por seu próprio direito, em uma Europa que abranja todo o continente, do Atlântico aos Urais. Como eu disse no final daquele 1989, que foi tão importante na história recente do continente, não pode haver ‘uma Europa pacífica e irradiadora de civilização sem essa osmose e essa participação de valores diferentes, mas complementares’.”
João Paulo II via a Ucrânia livre como condição para uma Europa pacífica. Com o enfraquecimento da União Soviética em 1991, no dia 24 de agosto, a Ucrânia declarou sua independência.
Entre os dias 23 e 27 de junho de 2001, João Paulo II realizou uma viagem apostólica ao país, sendo o primeiro Papa a pisar em uma Ucrânia Independente, motivado por um desejo de homenagear a fé e a história do povo ucraniano, reconhecendo o país como o berço do cristianismo na Europa Oriental.
Como parte dessa viagem, no dia 27 de junho, o Santo Padre realizou uma liturgia em rito bizantino no Hipódromo de Lviv, na Ucrânia, para a beatificação de 28 Servos de Deus que, assim como a própria Ucrânia, foram vítimas de regimes autoritários.
São João Paulo II na Praça de São Pedro
Entre eles, estavam quatro Missionários Redentoristas, que foram beatificados nesse dia: Basílio, Nicolau, Zenão e Ivan.
Resgatamos quatro trechos da homilia realizada durante a celebração:
1. Papa João Paulo II inicia sua homilia recordando a perseguição contra a Igreja Greco-Católica Ucraniana, destacando que os mártires que seriam elevados aos alteres naquele dia foram mortos “por ódio à fé cristã”.
“Esta solene afirmação de Cristo ressoa entre nós hoje com particular eloquência, enquanto proclamamos bem-aventurados alguns filhos desta gloriosa Igreja de Lviv dos Ucranianos. A maioria deles foi morta por ódio à fé cristã. Alguns sofreram o martírio em tempos próximos aos nossos e, entre os presentes na Divina Liturgia de hoje, há muitos que os conheceram pessoalmente. Esta terra de Halytchyna, que ao longo da história viu o desenvolvimento da Igreja Greco-Católica Ucraniana, estava coberta, como disse o inesquecível Metropolita Yosyf Slipyi, ‘por montanhas de cadáveres e rios de sangue’.”
2. Neste momento solene de beatificação, o Santo Padre expressa a gratidão da Igreja aos fiéis ucranianos pelos mártires homenageados e ainda destaca o nome do Missionário Redentorista Nicolau Charnetskyie, bispo de Volyn e Pidliasia, que passou anos aprisionado pelos soviéticos.
“Com este sugestivo rito de beatificação, desejo também expressar a gratidão de toda a Igreja ao povo de Deus na Ucrânia por Nicolau Charnetskyie e seus 24 companheiros mártires, assim como pelos mártires Teodor Romóa e Omeljan Kovc e pela Serva de Deus Josaphata Michaëlina Hordashevska. Assim como o grão de trigo que cai na terra morre para dar vida à espiga (cf. Jo 12,24), assim eles ofereceram a sua existência para que o campo de Deus fosse fecundo com uma colheita nova e mais abundante.”
3. João Paulo II destaca que, junto aos mártires greco-católicos beatificados, cristãos de outras denominações também foram perseguidos mortos por amor a Cristo. Esse martírio compartilhado se torna um apelo à unidade da Igreja.
“Junto com eles (beatos), cristãos de outras denominações também foram perseguidos e mortos por causa de Cristo. Seu martírio comum é um forte chamado à reconciliação e à unidade. É o ecumenismo dos mártires e testemunhas da fé que indica o caminho da unidade aos cristãos do século XXI. Que o sacrifício deles seja uma lição de vida concreta para todos. Isso certamente não é uma tarefa fácil.”
4. O Santo Padre finaliza a homilia com uma saudação em ucraniano:
“Deus nos deu um lindo dia hoje. Como não agradecer a ele? Queridos irmãos e irmãs, neste último encontro da minha especial e comovente peregrinação entre o povo de Deus que está na Ucrânia, reunido em tão grande número, saúdo-vos a todos mais uma vez de coração.”
Que os mártires redentoristas que gastaram suas vidas em prol dos redimidos inspirem cada cristão a perseverar na fé mesmo diante das adversidades e provações do mundo!
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