Estamos vivendo um tempo onde o que imaginávamos como normalidade em nossas vidas se tornou um caos incômodo e que não garante um retorno para o que considerávamos normal.
O que seria então a normalidade? E o que será de nós na pós-pandemia?
A normalidade, até antes do início da pandemia e do isolamento social (quarentena), se explicava pelo modo de vida de cada um, como por exemplo, ir ao trabalho, retornar para sua casa ao final do dia, organizar e limpar a casa, dormir e no outro dia recomeçar tudo de novo. Como um ciclo vicioso, nos acostumamos com o que é rotineiro, com tudo aquilo que para nós é normal.
Com a quarentena social e o isolamento, presenciamos uma crise na “normalidade” do mundo. Agora já não há mais aquele turbilhão de afazeres, como acordar cedo, ir ao trabalho, enfrentar o trânsito e o clima inconstante nas cidades. O caos se instaurou, pelo simples fato de que fomos deslocados de nossa “zona de conforto”, da “normalidade” do mundo.
Somos seres acomodados. Ao observarmos toda a evolução do ser humano, ele passou de um ser errante para o ser fixo e sedentário. Toda a rotina diária, prende o homem em um ciclo vicioso que o leva a uma acomodação na “normalidade” da própria vida. Porém, ele se esquece que todo processo vivencial é cíclico, ou seja, inconstante e nunca está parado, mas sempre em movimento. A vida humana é sempre um desapegar-se, está sempre vivenciando uma crise, uma ruptura com a “normalidade”, caminhando para uma neonormalidade.
Leia MaisReportagem do Arquivo A analisa o "novo normal" do pós-pandemiaQuais as disposições interiores para o “novo normal”?A neonormalidade se encaixa, também, na "sociedade líquida" do sociólogo Zygmunt Bauman. Segundo o escritor que cunhou esse termo filosófico, como também "modernidade líquida", "amor líquido", entre outros, o homem começa a entrar na pós-modernidade e, com isso, a sociedade líquida seria o esfacelamento das bases sociais.
Tudo é fluído. Tudo é instantâneo, rápido e muda constantemente. Com isso, com a “normalidade” não seria diferente e hoje, em meio ao caos da pandemia de Covid-19, estamos caminhando para uma neonormalidade, onde o homem deverá se acostumar com um novo método de trabalho, um novo modo de relacionamento, uma “nova vida” para um “novo mundo”.
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