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São Clemente Maria Hofbauer

João Evangelista Hofbauer, nascido e batizado a 26 de dezembro de 1751, nasceu em Tasswitz, pequena aldeia rural da Morávia, na atual República Tcheca. Ficou conhecido também pelo seu nome moraviano, Pavel ("João"). Nono dos 12 filhos de uma família humilde, muito simples e pobre. Seu pai era açougueiro.

Ainda criança, adorava rezar o rosário com a família, chamando-a para isso; foi um fervoroso devoto de Nossa Senhora. Seu pai morreu quando ele tinha apenas 6 anos de idade; a mãe então segurou um crucifixo diante dele, e disse: “De agora em diante, Ele é seu pai. Cuide para que você nunca O aflija pelo pecado”.

Quando jovem, não pôde frequentar muito a escola, mas cedo começou a estudar Latim, o que fez até aos 14 anos de idade. Em 1767 foi enviado para uma padaria, a aprender a profissão de padeiro, e em 1770 foi trabalhar na padaria de um mosteiro Premonstratense, o mosteiro dos Monges Brancos em Kloster Bruck. Nesta época, por causa da guerra, havia fome e muitos desabrigados, que procuravam ajuda no mosteiro. João trabalhou dia e noite para socorrê-los. Ali também pôde estudar. Mas não sentiu afinidade com a Ordem, e em 1771, seguiu para um local retirado em Mühlfrauen, vivendo como eremita e tomando o nome de Clemente Maria.

Não ficou lá muito tempo, voltando ao seu ofício de padeiro, em Viena, Áustria. Na famosa padaria onde estava, conheceu duas senhoras ricas e piedosas, que se ofereceram para pagar seus estudos eclesiásticos, pois sendo pobre não conseguia custeá-los. Iniciou a universidade, estudando Filosofia, e logo discerniu que não era esta a sua vocação.

Em 1784, em peregrinação a Roma com um estudante amigo, Tadeu Huebl, chegaram ao mosteiro Redentorista recentemente instalado em São julião, no Monte Esquilino, onde foram recebidos. Decidiram entrar para a vida religiosa e ficaram como candidatos. Após breve noviciado, foram ordenados em março de 1785, em Alatri. Clemente estava com 34 anos, e com Tadeu voltou a Viena, onde pretendia estabelecer uma casa da Congregação. Mas o imperador José II da Áustria, anticlerical, estabeleceu leis que inviabilizavam o projeto. Deslocaram-se então para Varsóvia, na Polônia, onde lhes foi confiada a igreja de São Beno (ou Benone), abandonada como o estado da fé dos paroquianos: indiferentes e tíbios, sem instrução religiosa ou vida sacramental.

Alarmado com esta situação, Clemente iniciou, com Tadeu e mais seis irmãos, uma intensa atividade pastoral, a “Missão Perpétua”, um programa diário de pregações, instruções, confissões e devoções, que atraíram multidões. Explicitavam, assim, o seu carisma, associados, congregados, para serem instrumentos da Redenção, redentoristas. Clemente era um "leão no púlpito" e um "cordeiro no confessionário", dizendo com clareza a verdade nos sermões, mas acolhendo os penitentes como pai carinhoso. Ficou também conhecido como o “padre que benzia terços”, por sua imensa devoção mariana, e chamava o Rosário de sua “biblioteca”, explicando que por essa devoção conseguia tudo que pedia a Deus.

Seus 20 anos de atividade na Polônia provocaram uma gigantesca transformação, duradoura e eficaz, atraindo inclusive numerosos candidatos à vida religiosa. Tal êxito, em boa parte, foi por causa do mesmo recurso que utilizaria depois em Viena: a valorização da beleza da liturgia e das cerimônias, que estimulavam o senso do sagrado.

Fundou também um orfanato, em 1787, que funcionou até 1808, quando Napoleão Bonaparte, numa época de restrições religiosas, pressionou para que os redentoristas fossem expulsos da Polônia. A igreja de São Beno foi fechada e os 40 redentoristas que lá moravam foram presos por um mês até serem exilados. Com sofrimento, mas resignação cristã, Clemente viu na situação um sinal da Providência.

De volta a Viena, São Clemente já no ano seguinte trabalhou como capelão de um hospital, para atender aos soldados feridos na invasão napoleônica à cidade. Por seu zelo, o arcebispo pediu-lhe para cuidar de uma pequena Igreja dos italianos, onde ficou por quatro anos, até ser nomeado capelão do convento das Irmãs Ursulinas, em julho de 1813. Suas pregações atraíram milhares de pessoas, em especial jovens e intelectuais, artistas e pessoas ricas. Toda semana acontecia uma grande conversão.

Clemente deseja expandir a Congregação, solicitando permissão para estabelecer os redentoristas na Áustria, mas as políticas maçônicas anticlericais de então o impediam, tanto antes em Varsóvia como agora em Viena. Acabou por isso sendo proibido de pregar e ameaçado de expulsão. Mas o Papa Pio VII, resistindo à pressão, concedeu que fosse fundada uma comunidade redentorista na Áustria. A permissão, contudo, só chegou no dia da sua morte. De toda a forma, foi a partir da Província Austríaca que a Congregação se expandiu para todo o mundo.

Após 12 anos renovando a vida cristã da Áustria, sobretudo de Viena, São Clemente morreu nesta mesma cidade, no dia 15 de março de 1820. É considerado o segundo fundador e principal propagador da Congregação Redentorista. Recebeu o título de Apóstolo de Viena, sendo seu patrono, e também dos padeiros.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho



Reflexão:

A história de São Clemente é um belo e orgânico desenvolvimento da vida de fé. A família do simples açougueiro lhe deu carne e sangue espirituais para, no esforço do trabalho e estudo, buscar com sinceridade, sem acomodações e apesar das dificuldades, a sua verdadeira vocação – o empenho favorece a Providência - em tudo Clemente amadureceu na resignação cristã, confiando na Providência com a virtude teologal da Esperança, e por isso viu num exílio um sinal para expandir a Fé a outros irmãos necessitados; para os fiéis, os fracassos são sempre sinais de sucessos, seja porque implicam numa perseguição (sinal de boa atividade da Igreja), como a da maçonaria contra os redentoristas, seja porque impelem a melhorias pessoais, ou a quem mais precisa. Pela Fé, Clemente jamais desanimou do serviço ao Cristo – da Caridade – concretizando assim, harmoniosamente, a trindade de virtudes fundamentais para a vida da alma. E isto aconteceu porque as boas sementes da formação católica, na família, germinaram como o trigo, que gera o pão, que o jovem Clemente distribuiu aos pobres na fome material, para mais tarde dar-lhes o pão Eucarístico que sacia a alma. Mas a germinação depende de quem regue, e de quem rogue: se a mãe terrena lhe mostra um novo Pai, a Mãe Celeste lhe oferece o Filho, na devoção ao Rosário que lhe faz tudo conseguir. Assim o pequeno João desabrocha na plenitude do seu nome (ao qual uniu Maria), clemente e evangelista, nome pessoal que, como Jesus (= Salvador) Cristo (= Ungido), significa a missão que lhe é própria. Missão escolhida de forma consciente e livre, gratuitamente (Hofbauer = gratuito). Altíssima é a beleza da perfeição dos desígnios de Deus, e contemplá-la nos eleva a Ele! A Beleza, que leva a Deus, coroa e mostra a aguda percepção das almas no apostolado de São Clemente, que cuidava com arte da Liturgia e das cerimônias, com respeito a e para a Glória de Deus, e para mais fácil e agradavelmente conduzir o povo ao que é sagrado: belo e necessário, também, é que o imitemos, hoje, por amor a Deus e ao próximo, e para o bem de nossas almas.

Oração:

Senhor, concedei-nos, por intercessão de São Clemente Maria Hofbauer, a total confiança em Vós, de modo a, como ele, diariamente iniciarmos o trabalho de purificação das nossas almas com o pouco que temos, e perseverando no empenho e na Fé, alcançarmos o grande objetivo da Salvação, como instrumentos da Vossa caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

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