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Nossa Senhora do Desterro – “Maria do Desterro”

Escrito por Academia Marial

26 FEV 2022 - 08H10

Obra: Leo Caetano

As terras de Santa Catarina foi uma das que entrou na rota dos navegadores europeus com a descoberta das ricas terras brasileiras. Em 1515, o português Juan Dias Solis, realizou a primeira expedição nas terras de Santa Catarina. Juan Dias Solis deu o nome de “Baía dos perdidos” às águas que ficam entre a Ilha de Santa Catarina e o continente. O nome derivou-se por conta de um naufrágio de uma embarcação que ocorreu neste local.

O italiano Sebastião Caboto, a serviço da Espanha, chega com sua expedição em 1526 e, ao publicar seus mapas referentes à região, denominava a Ilha de Santa Catarina de "Porto dos Patos". O nome de Santa Catarina aparece, pela primeira vez, no mapa-múndi de Diego Ribeiro, de 1529. Há divergências quanto ao responsável pela denominação de Santa Catarina: alguns autores atribuem a Sebastião Caboto, em homenagem à sua esposa, Catarina Medrano; outros defendem que tenha sido em homenagem a Santa Catarina de Alexandria, festejada pela igreja católica em 25 de novembro. ¹

A cidade de Florianópolis, capital de Santa Catarina, chamou-se durante mais de dois séculos Vila do Desterro, pois nasceu em torno da capela construída em 1673 por Francisco Dias Velho, que morreu alguns anos depois na própria igreja que fundara, defendendo seu povo contra um ataque de piratas. Somente após a Revolta da Armada, em 1894, a cidade recebeu seu atual nome em homenagem ao Marechal Floriano Peixoto. Na moderna matriz catarinense, que substituiu a velha capela da Virgem, “encontrava-se uma” maravilhosa escultura em madeira tília, em tamanho natural, de autoria dos escultores Demetz, representando a Sagrada Família em fuga para o Egito. ²

A celebre imagem da Virgem do Desterro dos escultores Demetz denominada “Fuga para o Egito” substituiu um conjunto de esculturas composta pela Virgem Maria, seu Filho Jesus e o Esposo José que Francisco Dias Velho trouxe consigo para o Brasil e que fora colocada na Capela que o mesmo mandou edificar em honra de “Maria do Desterro”. É a partir desta Capela e com este conjunto de imagens que teve início a devoção de Nossa Senhora do Desterro no Brasil. As esculturas foram levadas para o museu Azambuja, na Diocese de Brusque. O responsável pela troca das imagens foi o Bispo local na época. O motivo para a troca baseava-se na ideia de que a escultura dos Demetz se encaixava melhor na cena do Evangelho de Mateus que narra a fuga da Sagrada Família para o Egito a fim de salvar a vida ameaçada do menino Jesus. A escultura dos Demetz tinha um “burro” que certamente fora utilizado como meio de transporte na fuga para levar a Virgem e o Menino. Uma vez que o conjunto de esculturas que Francisco Dias Velho trouxe para o Brasil não tinha o “burro” foram levadas para o museu.

Os fiéis da época acharam ruim ter um burro no altar e a escultura foi trocada pela imagem de Santa Catarina de Alexandria, padroeira do Estado, produzida em 1902, que veio da Alemanha. ³ O conjunto de esculturas (Jesus, Maria e José) levados para o museu pouco depois do ano de 1900 retornou ao altar da Catedral 110 anos depois. As imagens são de estilo barroco e de autor desconhecido. A imagem de Santa Catarina de Alexandria que até então ocupava o altar-mor foi colocada em um altar lateral.

A devoção a Nossa Senhora do Desterro tem origem nas Sagradas Escrituras conforme narrado no Evangelho de São Mateus: “Depois de os Magos partirem, o Anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e foge para o Egito e fica lá até que eu te diga, pois Herodes vai procurar o Menino para o matar”. José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua Mãe e partiu para o Egito e ficou lá até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciara pelo Profeta: “Do Egito chamei o meu filho”. Quando Herodes morreu, o Anjo apareceu em sonhos a José, no Egito, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe e vai para a terra de Israel, pois aqueles que atentavam contra a vida do Menino já morreram». José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel. Mas, quando ouviu dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de seu pai, Herodes, teve receio de ir para lá. E, avisado em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré. Assim se cumpriu o que fora anunciado pelos Profetas: “Há-de chamar-Se Nazareno”. (Mt 2, 13-15.19-23)

O Papa Pio X, quando da construção da Catedral de Florianópolis, dedicou Nossa Senhora do Desterro como Padroeira da Capital. Existem no Brasil muitas cidades que mantém a devoção a Nossa Senhora do Desterro, com capelas e igrejas em sua homenagem. 4

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia

1. CONTEÚDO aberto. In: Governo de Santa Catarina – Você sabia que SC tem uma "Baía dos Perdidos"? Confira algumas curiosidades sobre nosso Estado. Disponível em: . Acesso em: 28 dez 2021.
2. MEGALE, Nilza Botelho – Invocações da Virgem Maria no Brasil – 4 Edição - Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
3. CONTEÚDO aberto. In: Radio NDMAIS – Imagem da padroeira retorna ao altar da Catedral de Florianópolis 110 anos depois. Disponível em: < https://ndmais.com.br/noticias/imagem-da-padroeira-retorna-ao-altar-da-catedral-de-florianopolis-110-anos-depois/ >. Acesso em: 28 dez 2021.
4. CONTEÚDO aberto. In: Terra Santa – Santos e Ícones Católicos – História de Nossa Senhora do Desterro. Disponível em: < https://cruzterrasanta.com.br/historia-de-nossa-senhora-do-desterro/38/102/>. Acesso em: 28 dez 2021.

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