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Mariofanias - Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Escrito por Academia Marial

27 AGO 2022 - 07H00

Fátia é uma aldeia localizada na Estremadura, situada nos contrafortes da Serra de Aire, e está a cerca de 300 metros acima do nível do mar, bem no coração de Portugal. A cidade pertence ao Conselho da Vila Nova de Ourém. Estes dois nomes topográficos remontam ao tempo dos Mouros. O nome “Fátima” foi dado a esta cidade em homenagem à filha mais velha de Maomé, o grande profeta do Islamismo. Hoje a cidade de Fátima indica a povoação central, sede da freguesia do mesmo nome. A cerca de um quilometro da cidade de Fátima, se encontra a pequena aldeia de Aljustrel. Neste lugar pitoresco nasceram as três crianças videntes que faria das terras de Fátima o “Altar do Mundo”, um dos maiores locais de culto à Mãe de Deus visitado anualmente por mais de 8 milhões de peregrinos vindos dos mais diversos lugares do mundo. Lúcia de Jesus Rosa dos Santos, nascida aos 28 de Março de 1907 e que ficou conhecida no Carmelo como Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado e pela maioria dos portugueses como ”Irmã Lúcia” e é a mais velha dos videntes. Francisco de Jesus Marto, nascido aos 11 de Junho de 1908 e Jacinta de Jesus Marto, nascida aos 5 de Março de 1910, ambos eram irmãos e primos de Lúcia dos Santos.

“Os anos de 1916 e 1917 serão recordados pelos povos europeus como dos mais obscuros da sua história. As Nações mais poderosas dilaceravam-se ferozmente numa guerra fratricida - a primeira Guerra Mundial - que causaria milhões de vítimas. Em 1917, rebentava na Rússia a revolução bolchevista que, com o passar dos anos, acabaria por levar e impor a muitos países os princípios do ateísmo, a perseguição religiosa e a negação dos valores espirituais da pessoa humana. Na mesma data, em Fátima, o Anjo da Paz e a Virgem Mãe de Deus e da Igreja, dirigiam a três pastorezinhos uma mensagem de paz, de esperança, e de amor para todos os homens”¹.

Muitos acreditam que os fenômenos das aparições místicas em terras portuguesas envolvendo as três crianças teriam começado em 13 de Maio de 1917 quando elas viram sobre a azinheira “uma Senhora vestida de branco”, mas não. O Padre Doutor Manuel Nunes Formigão, primeiro historiador dos acontecimentos e da mensagem de Fátima tomou conhecimento através de boatos que estranhas aparições teriam acontecido antes das aparições marianas e interrogou pela primeira vez, Lúcia dos Santos, em 27 de Setembro de 1917 sobre o assunto. O Dr. Manuel Nunes lhes pergunta se tinha visto a dita Senhora anteriormente a aparição de Maio o que Lúcia nega pois realmente não fora a Virgem que lhes apareceu antes de 13 de Maio.

Ainda não estava claro o que seriam as aparições antes de 13 de Maio para o Dr. Manuel Nunes. Em uma conversa com Maria Rosa, mãe de Lúcia dos Santos , em 11 de Outubro de 1917 uma nova insistência sobre o assunto surgiu e a resposta de Maria Rosa deixa claro que algo aconteceu e que não foi presenciado apenas por Lúcia e suas amigas e depois pelos pastorezinhos juntos, mas sim por outras crianças: “Há um ano, vários pequenos (um irmão de Francisco, João) afirmam que lhes aparecia um vulto todo embrulhado num pano branco, sem se lhe ver o rosto, na Cova da Iria e noutros sítios, atrás do Moinho do Cabeço, umas poucas vezes. Os outros é que disseram. A Lúcia, só depois é que disse”. Lúcia vai dizer nos interrogatórios posteriores que ela e suas amigas “Teresa Matias, sua irmã Maria Rosa e Maria Justino – presenciaram manifestações assim descritas nas Memórias da vidente: “Mal tínhamos começado [a rezar o terço], quando, diante de nossos olhos, vemos, como que suspensa no ar, sobre o arvoredo, uma figura como se fosse uma estátua de neve que os raios de sol tornavam algo transparente”.² Num interrogatório, mais minucioso, no dia 2 de Novembro de 1917, o Dr. Formigão insistiu: “Preciso de saber o que foi que viste, então, e como foi que as coisas se passaram. É certo que te apareceu um vulto branco?”. Lúcia referiu, então, os companheiros que estavam com ela, nas três vezes que o vulto lhes apareceu, “em mais de uma árvore”, “todo vestido de branco”; “não lhe via os braços nem os pés”; “demorou-se pouco tempo”; “não sabe o que fosse esse vulto; mas cuida “que não era Nossa Senhora”.³ Assim ficava claro que os acontecimentos que se seguiria à 13 de Maio de 1917 teve inicio já em 1915 com as aparições do misterioso “vulto branco”.

Jonas Reis
Jonas Reis
Nossa Senhora do Rosário de Fátima


Em 1916, um ano após as aparições do misterioso “vulto branco” que ocorreram entre Abril e Outubro de 1915, começa o que ficou conhecido como o “Ciclo Angélico” as três aparições do Anjo de Portugal. Na primavera de 1916 as três crianças, Lúcia dos Santos, Francisco Marto e Jacinta Marto se encontravam na Loca do Cabeço. Após rezarem o terço que era um costume diário das crianças as mesmas brincavam quando um “forte vento sacudiu as árvores. Elas veem, então, caminhando sobre o olival em sua direção, um jovem resplandecente e de grande beleza, aparentando ter 15 anos, de uma consistência e um brilho como o do cristal atravessado pelos raios do sol”4. A misteriosa figura se apresenta como sendo o “Anjo de Portugal”. Após se apresentar e tranquilizar as crianças: “Não temais!” prostrou-se com o rosto em terra e repetiu por três vezes a oração: “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e Vos não amam” e erguendo-se novamente disse as crianças: “Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas” e desapareceu deixando uma atmosfera sobrenatural no lugar.

No verão de 1916 as crianças brincavam no quintal da casa dos pais de Lúcia quando o Anjo novamente lhes apareceu e interrogou-os: “Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações Santíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios”. Lúcia pergunta ao Anjo como devem sacrificar-se e o anjo respondeu: “De tudo o que puderdes, oferecei a Deus sacrifício, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e súplica pela conversão dos pecadores. Atraí assim sobre a vossa pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar” e desapareceu.

No fim do verão e principio do Outono do mesmo ano novamente na Loca do Cabeço após merendarem as crianças decidem rezar na gruta que ficava do outro lado do monte. Logo que ali chegaram prostraram-se, com o rosto em terra e repetiram a oração ensinada pelo anjo na primeira aparição “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos! Peço-Vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e Vos não amam”. Lúcia dos Santos recorda-se em suas memórias que não sabiam quantas vezes tinham repetido a oração quando deram por conta que uma luz desconhecida brilhava sobre eles e ergueram-se para ver o que se passava e viram novamente o anjo. Ele portava em sua mão esquerda um cálice, sobre o qual estava suspensa uma Hóstia, que gotejava de Sangue dentro do cálice. O anjo então deixou o cálice e a Hóstia suspensos no ar, e junto as crianças prostrou-se em terra e fê-las repetir três vezes a oração: “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos de seu Santíssimo Coração de Jesus e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”. Levantando-se da prostração deu a Hóstia para Lúcia comungar e o Cálice deu-o a Francisco e Jacinta dizendo: “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos! Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus”. Prostrando-se novamente em terra repetiram por três vezes a oração da Santíssima Trindade e o anjo desapareceu. As crianças ali permaneceram a repetir as oração até perderem a noção do tempo e erguendo-se perceberem que já era noite e voltaram para casa.

Após as aparições do Anjo de Portugal a vida das três crianças transcorria normalmente com os mesmos intensificando suas orações e intercedendo pela conversão dos pecadores. No dia 13 de Maio de 1917 começa o que ficou conhecido como o “Ciclo Mariano” que vai durar de Maio a Outubro do mesmo ano. Um fato histórico mudaria para sempre a vida de Lúcia dos Santos, Francisco Marto e Jacinta Marto e das terras de Fátima. Um fato que mudaria o rumo da história da humanidade e da Santa Igreja. Após participarem da Santa Missa na igreja de Aljustrel, lugarejo de Fátima, foram pastorear as ovelhas nas terras do pai de Lúcia, na Cova da Iria. Por volta do meio dia, após terem tomado a merenda e rezado o Terço, as três crianças viram como que um clarão de relâmpago. Olharam para o céu e, depois, umas para as outras: ficaram mudas e pasmas, pois o horizonte estava limpo e sereno. Decidiram então juntar o rebanho e voltar. A meio caminho, um segundo relâmpago iluminou o céu da Cova da Iria. Após o susto do segundo clarão apertaram o passo, continuando a descer. Porém, mal haviam chegado ao fundo da Cova da Iria pararam maravilhados: ali, a curta distância, sobre uma azinheira de pouco mais de um metro, aparecia-lhes a Mãe de Deus.

Segundo a descrições da Irmã Lúcia em suas memórias, era “uma Senhora, vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente”. Seu semblante era de inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura. O vestido, mais alvo que a própria neve, parecia tecido de luz. Tinha as mangas relativamente estreitas e era fechado ao pescoço, descendo até os pés, os quais, envolvidos por uma tênue nuvem, mal eram vistos roçando as folhas da azinheira. Um manto lhe cobria a cabeça, também branco com bordas de ouro, do mesmo comprimento que o vestido, evolvendo-lhe quase todo o corpo. As mãos, as trazia juntas a rezar, apoiadas no peito; da direita pendia um lindo rosário de contas como pérolas brilhantes, do qual pendia uma Cruz de intensa luz prateada. Seu único adorno era um delicado colar de ouro, de pura luz, que Lhe caía sobre o peito, do qual pendia uma pequena esfera do mesmo metal, quase à altura da cintura. A “Senhora tão bonita” como vai relatar Jacinta Marto após a aparição, tranquilizou-os dizendo: “Não tenhais medo! Eu não vos faço mal!”. Lúcia dos Santos trava um diálogo com Senhora mais brilhante que o Sol. A Virgem pede as crianças que continuem a rezar o terço e se sacrificar pelos pecadores. Pede que voltem ali por seis meses seguidos sempre no mesmo dia e horário e depois diria quem era e o que desejava. A bela Senhora faz um convite as crianças: “Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores? E prontamente as crianças aceitam: “Sim, queremos!”. A Senhora então dirige àquelas crianças uma mensagem de conforto diante da aceitação do convite: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto. Foi ao pronunciar estas últimas palavras (a graça de Deus, etc.) que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que penetrando-nos no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente que nos vemos no melhor dos espelhos. Então por um impulso íntimo também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: “Ó Santíssima Trindade, eu vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento. Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: “Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”.5

Em Junho de 1917, um mês após a primeira aparição as crianças voltam a Cova da Iria para cumprir o desejo da bela Senhora de voltar ali por seis meses seguidos. Nossa Senhora aparece pela segunda vez às crianças travando novamente um diálogo com Lúcia dos Santos. As crianças foram ao encontro da Virgem apesar do desejo dos pais de que elas participassem da Festa de Santo Antônio de Pádua. Em Julho, o pároco de Aljustrel e a mãe de Lúcia, Maria Rosa, pensam que as aparições são uma ação do diabo para enganar as crianças e ao povo que já começa a juntar-se na Cova da Iria. Durante a Terceira aparição a Virgem fala as crianças sobre a devoção ao seu Imaculado Coração e que esta devoção traria mais almas à salvação. Durante esta aparição é confidenciado as três crianças um enigmático segredos que será dividido em três partes: A primeira parte do Segredo trata-se da “Visão do Inferno” revelado por Lúcia dos Santos em suas memórias em 1941. A segunda parte do Segredo relaciona-se com a devoção do mundo ao Imaculado Coração de Maria, incluindo a Rússia. A referência à Rússia só é feita por Lúcia dos Santos, na década seguinte, em 1929. A Terceira parte do segredo refere-se a um atentado a um homem vestido de branco revelado em Maio de 2000 em Fátima na Celebração da Beatificação de Francisco e Jacinta Marto. Em Agosto, a quarta aparição não ocorre como planejado pois as crianças foram sequestradas e presas pelo administrador civil anti-Igreja. A aparição ocorreu em 19 de Agosto quando as crianças foram libertas da prisão. Nesta aparição a Virgem Maria fala da necessidade de penitência pelos próprios pecados e pelos do mundo. Em Setembro, uma multidão de trinta mil pessoas invadiram a Cova da Iria para acompanharem a quinta aparição. O sol escureceu ao meio-dia e pode-se ver uma luz descendo sobre a azinheira. Rosas brancas foram vistas caindo do céu. A Virgem Maria recorda aos videntes da importância de rezar o rosário para acabar com a guerra. Um milagre é prometido por Nossa Senhora em Outubro para que todos acreditem.

Em 13 de Outubro de 1917, uma “manhã fria de outono, uma chuva persistente e abundante tinha transformado a Cova da Iria num imenso lamaçal, e parecia ensopar até os ossos da multidão de cinquenta a setenta mil peregrinos que ali se apinhava, vinda de todos os cantos de Portugal”6. Conforme prometido a Bela Senhora revelou quem era e o que desejava: “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar [ainda hoje] e os militares voltarão em breve para as suas casas”. Lúcia dos Santos diz a Virgem que tinha alguns pedidos de cura e conversão a fazer-lhes e a Senhora do Rosário lhes diz: “Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”. E tomando um aspecto mais triste: “Não ofendam mais a Nosso Senhor que já está muito ofendido!”. Lúcia pergunta-lhes: “Ainda me quer mais alguma coisa?”. A Bela Senhora lhes respondeu: “Já não quero mais nada”. E, abrindo as mãos, fê-las refletir no Sol. E enquanto que se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar no Sol7. “Tendo Nossa Senhora desaparecido nesta luz que Ela mesma irradiava, no céu sucederam-se três novas visões, “três quadros, simbolizando, um após outro, os Mistérios Gozosos, Dolorosos e Gloriosos do Rosário”.




Junto ao sol apareceu a Sagrada Família: São José, com o Menino Jesus nos braços, e Nossa Senhora do Rosário. A Virgem vestia uma túnica branca e um manto azul, São José estava “também de branco, e o Menino Jesus de vermelho claro”. Traçando três vezes no ar uma cruz, “São José com o Menino pareciam abençoar o mundo”. As duas cenas seguintes foram vistas apenas por Lúcia. Primeiramente, Nosso Senhor, transido de sofrimento, como a caminho do Calvário, e Nossa Senhora das Dores, “mas sem a espada no peito”. O Divino Redentor abençoou “o mundo da mesma forma que São José”. Logo depois, apareceu gloriosa Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do universo, com o Menino Jesus ao colo. Enquanto os três pastorezinhos contemplavam os celestiais personagens, operou-se ante os olhos da multidão o milagre anunciado… Chovera durante toda a aparição. Lúcia, ao término de seu colóquio com Nossa Senhora, gritara para o povo: “Olhem para o sol!”. Então rasgaram-se as nuvens e o sol apareceu como um imenso disco luminoso. Apesar de seu intenso brilho, podia ser olhado diretamente sem ferir a vista. As pessoas o contemplavam absortas quando, de súbito, o astro se pôs “a dançar, a bailar; parou outra vez e outra vez começou a dançar, até que por fim pareceu que se soltasse do céu e viesse para cima da gente”, segundo a descrição de um dos presentes. O ciclo das visões de Fátima estava encerrado. Após tais prodígios, todos se entreolhavam perturbados. Em seguida, a alegria explodiu: Milagre! As crianças tinham razão! Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas e muitos notavam que sua roupa, encharcada alguns minutos antes, estava completamente seca. O milagre do sol pôde ser observado a uma distância de muitos quilômetros do local das aparições.

Em Outubro de 1918, um ano após a última aparição de Nossa Senhora, Francisco e Jacinta Marto adoeceram gravemente com a gripe pneumônica conhecida também como a gripe espanhola, que assolou Portugal vitimando milhares de pessoas. No ano seguinte em 2 de Abril, Francisco Marto, acamado fez sua primeira comunhão com lucidez e piedade vindo a falecer no dia 4 de abril do mesmo ano. Aos 20 de Fevereiro de 1920 morreu sua irmã Jacinta Marto depois de uma longa doença. Em 1925, Lúcia dos Santos, tornou-se postulante no convento das Irmãs Doroteias em Pontevedra, Espanha. Recebeu de Nossa Senhora em 10 de Dezembro do mesmo ano a promessa dos cinco primeiros sábados. Realizou seus primeiros votos em 3 de Outubro de 1928. Em 13 de Junho de 1929 teve a visão da Santíssima Trindade. Entre 1935 e 1941, por ordem dos seus superiores, Irmã Lúcia escreveu quatro memórias dos acontecimentos de Fátima. Em 1946, Lúcia entra para o convento das Irmãs Carmelitas de Coimbra e passa a ser chamada de Irmã Maria Lúcia do Imaculado Coração. Após uma vida de dedicação a Mensagem de Fátima, a Irmã Lúcia veio a falecer em 21 de Fevereiro de 2005.

Em 1919, dois anos após as aparições na Cova da Iria, Dom José Alves Correia da Silva, Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, fez a nomeação de uma comissão que deveria estudar o caso das aparições e deu início ao inquérito canônico oficial para aprovação das aparições. Em 13 de Outubro de 1921 celebrou-se a primeira missa no local das aparições (Cova da Iria) começando a fluir uma fonte no local em Novembro do mesmo ano. Em 13 de Outubro de 1928 é lançada a Pedra fundamental da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima vindo a ser oficialmente consagrada pelo Cardeal Cerejeira, Patriarca de Lisboa em 6 de Outubro de 1953. Em 1956, a dita Igreja foi elevada a categoria de Basílica. Por fim, em 13 de Outubro de 1930 Dom José Alves Correia da Silva, Bispo da Diocese de Leiria (atual Leiria-Fátima) anunciou os resultados sobre a Comissão de Inquérito instaurada em 1919, declarando as aparições de Nossa Senhora em Fátima "dignas de crédito".

Fátima foi um jato de Graça no pior século da história da humanidade. No século em que se colheu os frutos de séculos de afastamento de Deus e da justiça, as palavras da Senhora constituíram guia e orientação para a Igreja. Temos agora de recolher os frutos que este jato de Graça nos deixou. A Senhora deixou uma última profecia: “Por fim, meu Imaculado Coração triunfará. O santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal conservar-se-á sempre o Dogma da Fé”. (13 de Julho de 1917). Será esta a parte de Fátima que cabe ao nosso tempo?8

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia

1. ROSSI, Severo; OLIVEIRA, Aventino. Fátima. Fátima, Portugal: Edição Missões Consolata, 1982.
2. Memórias da Irmã Lúcia I. 14.ª ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2010, p. 75.
3. CRISTINO, Luciano - As aparições do Anjo em 1915 e 1916. Em Santíssima Trindade adoro-vos profundamente: Itinerário temático do Centenário das Aparições de Fátima: 1cilclo. Fátima: Santuário de Fátima, 2010. p. 33-43.
4. AQUINO, Felipe. Os três pastorinhos de Fátima e o Anjo da Paz. Editora Cléofas, 2022. Disponível em: . Acesso em: 07, Agosto de 2022.
5. Memórias da Irmã Lúcia I. 14.ª ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2010, p. 172-173 (IV Memória); a secção entre parênteses retos pertence ao interrogatório do pároco aos videntes, em 27 de maio de 1917, em Documentação Crítica de Fátima, vol. I. Fátima: Santuário de Fátima, 1992, p. 9.
6. Nossa Senhora de Fátima. Associação Cultural Nossa Senhora de Fátima, 2022. Disponível em: . Acesso em: 07, Agosto de 2022.
7. Memórias da Irmã Lúcia I. 14.ª ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2010, p. 180-181 (IV Memória); a secção entre parênteses retos consta do interrogatório do pároco, de 16 de outubro de 1917, em Documentação Crítica de Fátima, vol. I. Fátima: Santuário de Fátima, 1992, p. 24, e a secção entre chavetas do interrogatório do Dr. Formigão, em Documentação Crítica de Fátima, vol. I, p. 142.
8. NEVES, João Cesar. O século de Fátima. Lucerna, Portugal: 3 Edição. Príncipia editora, LTDA 2017.

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