Por Academia Marial Em Palavra do Associado Atualizada em 31 JUL 2020 - 11H16

Nossa Senhora dos Anjos – La Negrita

Padroeira da Costa Rica


Aparecida do Brasil Lembranças de Fé
Aparecida do Brasil Lembranças de Fé
Nossa Senhora dos Anjos

Título Oficial: Nossa Senhora dos Anjos de Cartago

Padroeira: Costa Rica

Festa: 02 de Agosto

A devoção mariana em Costa Rica é muito expressiva. A piedade popular expressa-se em tríduos, novenas, procissões e festas em suas igrejas e santuários. Muitos são os títulos dedicados à Virgem naquele país: Imaculada Conceição, Nossa Senhora do Rosário, de Montserrat, das Mercês, de Lourdes, de Fátima, de Guadalupe. O santuário mais importante, porém, é o de Nossa Senhora dos Anjos, na cidade de Cartago¹. Conhecida também como a Velha Metrópole, Cartago foi a capital da Costa Rica até 1823, quando se transladou esse título à cidade de San José. Possui um clima tropical úmido, seu sistema montanhoso compreende duas Cordilheiras, a Central, onde estão situados os vulcões Irazú e Turrialba. A Cordilheira de Talamanca é a outra grande formação montanhosa da província. Nela se levanta a imponente Serra Chirripó, o ponto mais alto da Costa Rica, situada a 3.600 metros sobre o nível do mar².

Era uma bela manhã, 2 de agosto de 1635. Joana Pereira, moça pobre da cidade colonial de Cartago, saiu à busca de lenha, como de costume. Ao chegar ao Povoado dos Pardos, sobre uma enorme rocha da qual brotava um manancial, encontrou uma bonita bonequinha de cor escura com um menino nos braços. Muito admirada, levou-a para casa, guardando-a numa arca de madeira. Na manhã seguinte, indo de novo procurar lenha, surpresa encontrou no mesmo lugar uma bonequinha exatamente igual à do dia anterior. Levou também esta, muito alegre, pensando ter não apenas uma, mas duas. Mas qual não foi seu espanto ao abrir a arca e perceber que a outra tinha desaparecido. Em todo caso, guardou a “segunda”.

No terceiro dia, passando pelo mesmo local, viu sobre a rocha uma bonequinha, igual às anteriores. Desta vez, era coincidência demais, e ela começou a achar estranho o fenômeno, mas decidiu levá-la para verificar o que estava sucedendo. De volta à casa, constatou que a “segunda” também havia desaparecido! Tão grande foi seu espanto que saiu correndo para a igreja, a fim de relatar ao pároco o acontecido. Ao ver a pequena estátua, sentiu o Pe. Alonso de Sandoval grande desejo de conhecer a origem dessa “bonequinha” tão extraordinária. Guardou-a numa caixa com a intenção de examiná-la com cuidado mais tarde. Quando, porém, abriu a caixa no dia seguinte, ela não estava lá! Joana, encontrando-a pela quarta vez na rocha, levou-a até a casa do Pe. Sandoval. À vista desse prodígio, o Pe. Sandoval reuniu os fiéis e conduziu a pequena imagem em procissão até a igreja, onde ela foi trancada no sacrário para ficar em lugar seguro. Na manhã seguinte, constatando que ela desaparecera dali, foram todos correndo para o Povoado dos Pardos e ali encontraram, sobre a mesma rocha, a prodigiosa estatueta. Compreenderam, então, tratar-se de acontecimento sobrenatural, e que a pequena estátua era de fato uma imagem da Mãe de Deus, a qual queria naquele lugar ser honrada e venerada pelo povo costa-riquense.

Os fiéis começaram a invocá-la sob o título de Virgem Morena devido à sua aparência. Pouco depois chamaram-na de Virgem dos Pardos, por causa do povoado onde foi achada, e posteriormente Rainha de Cartago, por ser este o nome da cidade onde se deu o descobrimento. Por último, deram-lhe o nome de Nossa Senhora dos Anjos, por ter sido encontrada no dia 2 de agosto, data em que a Ordem Franciscana cultua sua Padroeira como Santa Maria dos Anjos. Em 1639 se construiu a primeira igreja em louvor à “Virgem Morena”. Com o aumento da devoção popular, resolveram os fiéis, em 1674, edificar um templo digno d’Ela. Sendo este, porém, totalmente destruído por forte terremoto em 1822, dois anos depois iniciou-se a edificação de um terceiro, o qual foi também destroçado em 1910 por outro tremor de terra. Finalmente, em 1912 teve início a construção do atual Santuário Nacional, com estruturas à prova de abalos sísmicos. No dia 26 de julho de 1935, o Papa Pio XI lhe outorgou o título de Basílica Menor.³

Mas esta devoção para com Nossa Senhora dos Anjos se remonta há tempos bem mais antigos. Relatos afirmam que a esta devoção tenha surgido na França no século XIII após um assalto que sofreu três comerciantes.

Perto de Paris havia uma floresta espessa, misteriosa, considerada um lugar perigoso. Em 1212, alguns comerciantes procedentes de Anjou, afoitos, resolveram verificar o que realmente lá existia. Empreenderam uma excursão e penetraram no recôndito da mata. Não tardou que bandidos, saindo de seus esconderijos, assaltassem os imprudentes visitantes, roubando o que levavam. Depois de maltrata-los, os prenderam em árvores, condenados a morrer de fome e abandonados, já que dificilmente alguém se arriscaria a chegar até aqueles sinistros e lúgubres recantos. Tais excursionistas permaneceram neste lastimoso estado durante um dia e uma noite inteira. Sentindo que jamais alguém iria passar por ali que pudesse libertá-los. Imploraram a proteção de Maria, Mãe de Jesus, prometendo erguer uma capela naquele lugar se conseguissem sair ilesos. Horas depois, apareceu um jovem que os libertou. Ao mesmo tempo, mostrou uma fonte de água cristalina ali perto, onde antes não havia. O moço jamais voltou a ser visto. Agradecidos por este favor, os comerciantes reconheceram tratar-se de uma assistência operada pela intercessão de Nossa Senhora e se apressaram a cumprir a promessa de construir a capela prometida. Deram-lhe o nome de “Dos Anjos” porque julgaram que realmente um espírito celeste os teria visitado e desamarrado da árvore4. Desde o descobrimento da “Negrita” (título dado carinhosamente à imagem pelos fiéis), o povo costa-riquense manifesta seu amor e devoção a Nossa Senhora dos Anjos por meio de belas tradições. Uma delas é a cerimônia da Vestição e Bênção, que se realiza no dia 1º de agosto, véspera da Festa Nacional. Nesta celebração, o Reitor do Santuário põe sobre a imagem o rico vestido que ela portará durante um ano. Em seguida, dá com ela a bênção à multidão de devotos. Outra tradição muito pitoresca e piedosa é a Romaria, uma grande caminhada de pessoas de todo o país, e de outras partes da América Central, desde suas casas até a Basílica, com a finalidade de pedir ou agradecer algum favor a Nossa Senhora5. Sua festa principal acontece no dia 2 de agosto, data em que no ano de 1821 foi proclamada solenemente Padroeira da Costa Rica6.

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

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Bibliografia:

1. REIS, Elizabeth dos Santos – Maria Padroeira da América Latina e suas Invocações – Editora Santuário – p. 22
2. ESSENTIAL COSTA RICA – Cartago, visitar Costa Rica – Costa Rica Turismo site oficial - https://www.visitcostarica.com/pt/costa-rica/knowing-costa-rica/cartago
3. FONSECA, Melissa – Nossa Senhora dos Anjos, Padroeira e Rainha da Costa Rica – Arautos do Evangelho - http://www.arautos.org/secoes/artigos/arte-e-cultura/tesouros-da-igreja/nossa-senhora-dos-anjos-padroeira-e-rainha-da-costa-rica-140424
4. BERALDI, Roque Vicente – 101 títulos de Nossa Senhora na devoção popular / Roque Vicente Beraldi – São Paulo: Editora Ave Maria, 2012 - Nossa Senhora dos Anjos (pagina 26).
5. FONSECA, Melissa – Nossa Senhora dos Anjos, Padroeira e Rainha da Costa Rica – Arautos do Evangelho - http://www.arautos.org/secoes/artigos/arte-e-cultura/tesouros-da-igreja/nossa-senhora-dos-anjos-padroeira-e-rainha-da-costa-rica-140424
6. SAVELA, Túlia - Milícia da Imaculada – Conheça a história de Nossa Senhora dos Anjos - https://www.miliciadaimaculada.org.br/pequeno-milite/maezinha-do-ceu/historia-da-padroeira-da-costa-rica-nossa-senhora-dos-anjos

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