Palavra do Associado

Nossa Senhora dos Navegantes: a Estrela do Mar

Escrito por Academia Marial

26 MAR 2022 - 08H00 (Atualizada em 02 FEV 2024 - 09H39)

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Aparecida do Brasil
Aparecida do Brasil
Obra: Leo Caetano

Título: Nossa Senhora dos Navegantes – “Estrela do Mar”.

Padroeira: Porto Alegre (Rio Grande do Sul)

Festa: 2 de Fevereiro

A região do Estado do Rio Grande do Sul foi habitada por índios guaranis, tapes e charruas antes da chegada dos Portugueses. A primeira referência à região foi registrada em 1531, quando os navegadores portugueses Martin Afonso de Souza e Pero Lopes batizaram a barra de Rio Grande de São Pedro.

No século XVII, a região começou a ser ocupada pelos padres jesuítas, que iniciaram as Missões pela região. Essas missões tinham como principal característica assistir de perto os índios guaranis já convertidos por alguns grupos pequenos de religiosos. Para garantir a alimentação dos índios, o Jesuíta Cristóvão de Mendonça introduziu o gado nas missões, em 1634.

Os jesuítas foram expulsos da região em 1641 pelos bandeirantes. Porém, em 1682, os jesuítas espanhóis aproveitaram a ocupação dos bandeirantes na região para retornar ao Rio Grande do Sul e fundarem o primeiro núcleo urbano do estado: São Francisco de Borja, hoje cidade de São Borja. A história do Rio Grande do Sul foi marcada pela Revolução Farroupilha, em 1835.

A Revolta dos Farrapos durou 10 anos, marcando profundamente a vida dos gaúchos. A guerra teve fim com a assinatura do “Ponche Verde”, em março de 1845. A capital, Porto Alegre, que teve como primeiro nome “Porto dos Casais”, em alusão aos casais portugueses açorianos que ocuparam as terras em seus primórdios, foi fundada em 1752.

A devoção à Virgem dos Navegantes chegou ao Brasil através dos “homens do mar”. Os grandes navegadores se devotavam a muitos títulos da Mãe de Deus para suplicar a proteção da Virgem em suas viagens pelos mares bravios.

Os títulos conferidos à Virgem pelos navegadores como Senhora dos Mares, da Boa Viagem, dos Navegantes, entre outros, são venerados ainda hoje em muitas regiões do Brasil.

Os Santuários da Virgem dos Navegantes mais conhecidos no Brasil estão localizados nas grandes regiões pesqueiras, como as cidades de Santos e Cananéia (SP), na Praia de Mucuripe, no Estado do Ceará, em Penedo, junto à foz do Rio São Francisco (Alagoas) e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde é a Padroeira.

Em Porto Alegre, a devoção à Nossa Senhora dos Navegantes teve início “em 1869, trazida pelo clero baiano da comitiva do Bispo Dom Sebastião Dias Laranjeira, e sua imagem foi encomendada ao escultor João Affonseca Lapa, da Vila Nova de Gaia, Portugal, pelos portugueses João José de Farias, Joaquim Assunção, Antônio Campos e Francisco Lemos Pinto, cada qual acompanhado de suas esposas. A imagem foi primeiramente instalada na Capela do Bom Fim em 1871, sendo então benta, mas logo em seguida foi levada em procissão até a Capela do Menino Deus, onde ficou por alguns anos até a construção do seu templo próprio”¹.

Wikipedia
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A
primeira celebração em honra de Nossa Senhora dos Navegantes aconteceu em Janeiro de 1871, quando a Imagem chegou a Porto Alegre após dois anos de confecção. Em 1875, foi lançada a pedra fundamental do templo no terreno que foi doado por Margarida Teixeira Paiva. Neste mesmo ano, Nossa Senhora dos Navegantes foi proclamada a Padroeira de Porto Alegre. O Templo foi construído em madeira e levou dois anos para a sua construção. Em 1910, um incêndio destruiu o templo de madeira e tudo o que estava em seu interior, inclusive a imagem da Senhora dos Navegantes, vinda de Portugal para ocupar o altar-mor.

Três dos quatro casais que encomendaram a primeira imagem da Virgem voltaram aos Açores no ano seguinte ao incêndio (1911) para encomendar uma nova imagem, que deveria substituir a que havia sido destruída no incêndio. O escultor João Affonseca Lapa resistiu diante do pedido dos casais, mas acabou aceitando a encomenda de esculpir uma nova imagem da Virgem dos Navegantes. Relatos afirmam que, quando o escultor dava os últimos retoques e pinceladas na nova escultura, estava ficando cego, sendo esta imagem da Virgem umas de suas últimas obras sacras. A nova escultura de Nossa Senhora dos Navegantes foi entregue em 1913 e é venerada até os dias de hoje em seu santuário.

A devoção a Nossa Senhora dos Navegantes originou-se na Idade Média por ocasião das Cruzadas, quando os cristãos invocavam a proteção da Virgem Maria sob o título de Estrela do Mar, rogavam amparo aos cruzados ao fazerem a travessia pelo Mar Mediterrâneo em direção à Palestina. No decorrer do tempo, as pessoas que viajavam pelo mar e os familiares que ficavam aguardando o retorno delas pediam proteção à Santa Padroeira, pois era considerada Santa Protetora das tempestades e dos perigos constantes do mar. Assim, se tornou a Padroeira não só dos navegantes, mas também de todos os viajantes.

Essa tradição foi mantida pelos marítimos, sendo muito difundida pelos navegadores portugueses e espanhóis, ampliando-se entre os pescadores litorâneos e mais principalmente nas terras conquistadas e colonizadas por esses grandes navegadores. Consta que a primeira estátua foi trazida por Pedro Álvares Cabral em sua viagem do descobrimento, junto com os navegadores. ²

Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida

Bibliografia:

1. CONTEÚDO aberto. In: Wikipedia – Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_de_Nossa_Senhora_dos_Navegantes_(Porto_Alegre)  >. Acesso em: 24 nov 2021.

2. CONTEÚDO aberto. In: Folha do ABC – Festa de Nossa Senhora dos Navegantes. Disponível em: < http://www.folhadoabc.com.br/index.php/luiz-jose-m-salata/item/14606-festa-de-nossa-senhora-dos-navegantes >. Acesso em: 24 nov 2021.

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