Revista de Aparecida

Abracemos os bens que não passam

Escrito por Revista de Aparecida

30 ABR 2025 - 07H00

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Por Diác. Pablo Vinícius Reis Moreira, C.Ss.R.

São poucas as certezas que temos na vida, mas uma é indiscutível: todos nós, independente de nossa idade, gênero, raça, etnia ou classe social, somos seres finitos, destinados à mortalidade. Nesse contexto, o Santuário Nacional de Aparecida (SP) e outros centros de romaria mundo afora nos recordam que somos peregrinos. Isso significa que percorremos este mundo como viandantes, trilhando o caminho da existência, rumo ao Paraíso, nossa pátria definitiva. Os santuários existem para nos apontar a direção que nos leva ao Céu. “Não se perturbe o vosso coração! Credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu vos teria dito, porque vou preparar-vos um lugar” (Jo 14,1-2). Devemos, pois, viver com intensidade e celebrar concretamente o amor cristão, porque, como asseverou São João da Cruz, “no entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor”.

Conscientes disso, perguntemo-nos: vale a pena viver a vida que Deus nos presenteou como se não houvesse o amanhã? Muitos são os que “desfrutam” da vida sem responsabilidade, fechados em si mesmos, causando danos ao próximo e às coisas alheias. Acreditam que basta o agora e, assim, dedicam todo o seu tempo ao efêmero. Entretanto, recebemos a vida como dom, para que, vivendo-a com os pés no chão e atentos à realidade, nossos olhares se mantenham voltados para o alto, para aquele encontro definitivo com o Senhor. Vivamos para Deus, fim último de nossa existência, pois a Ele, nosso Pai e Criador, pertencemos.

O mundo passa, mas a Palavra de Deus e sua presença de vida e salvação permanecem eternamente. Por isso, alerta-nos Jesus: “Não ajunteis tesouros para vós, aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões arrombam e roubam. Ao contrário, ajuntai-vos tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e os ladrões não arrombam nem roubam. Onde estiver o teu tesouro, aí estará também teu coração” (Mt 6,19-21).

Os bens deste mundo, conquistados ou não por nós, são meios e não fins. Tudo aquilo que está à nossa disposição ou sob nossa administração é para a glória de Deus, autor e princípio de todas as coisas. Logo, a verdadeira felicidade reside, de fato, em abraçar os bens que não passam. A oração de Santa Teresa d’Ávila sobre o essencial da vida, síntese de sua experiência mística, resume toda a nossa reflexão: “Que nada te perturbe. Que nada te apavore. Tudo passa. Só Deus não muda. A paciência tudo alcança. Quem tem a Deus nada lhe falta. Só Deus basta”. Viver intensamente sem nos esquecermos do Céu que nos espera é dar passos de paciência como oportunidade de reflexão e de encontro com Deus. Dai-nos, portanto, Senhor, a virtude da paciência, para que a pressa e o “tudo para ontem” não sufoquem os bens eternos, dando lugar ao meramente passageiro.

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