Revista de Aparecida

Aprender a voar, bater asas...

Escrito por Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R.

31 JAN 2025 - 07H00

Pixabay

O filhote de águia aprende a voar observando a mamãe-águia, que fica sobrevoando sobre os filhotes que estão aninhados. Ela sabe a hora certa de fazer isso. Eles se arriscam. Caem e tentam de novo e outra vez, até conseguir. A mamãe-águia não se cansa de voar sobre o ninho.

O que aprendemos com a atitude da águia a educar seus filhotes a voar?

Que devemos estar conectados com a vida, porque ela nos faz viver o presente, o único lugar da vida. Assim podemos viver conscientes, com lucidez, e amando os valores mais profundos da vida, como a fé e a esperança. Essa sabedoria todos podemos ter, basta querê-la e esforçar-nos um pouco mais em possuí-la.

A esperança nos leva a voar como a águia e a comportar-nos como adultos na fé. É desse modo que a vivência da ternura tão necessária diante da violência de nossos dias, a vida que nos toma em cada amanhecer e a gratuidade amorosa de Deus, nos faz criar asas e voar na alegria de crer e amar.

A esperança é presença mesmo que ela nos faça olhar para o horizonte. Diz-nos H. Mottu, que o ser humano “não tem esperança senão que vive na medida em que está aberto à esperança e é movido por ela”.

Perder a esperança é paralisar-se e a vida perde seu dinamismo. Esquecemo-nos de voar, de alçar voos mais altos. Perder a esperança é abraçar a morte. Viver a esperança é reconstituir-se interiormente e viver com dignidade filial. A esperança é tão forte, forte como a rocha, que retira o domínio da morte àqueles que não veem mais razão para viver.

Sabe o que já teria ocorrido no mundo se tivéssemos deixado de viver? O mundo teria desaparecido...

Assim, a esperança sempre nos convida a nos colocarmos a caminho, fazer nosso êxodo, nossa saída para a vida, para o voo necessário, para o horizonte que sempre desponta diante de nós.

Somos já capazes de compreender que a esperança não é algo do momento em nossa história, mas sim a grande força-motriz de nossa vida. É parte integrante, motivadora de nosso viver.

É enfrentar a existência com os mesmos sentimentos de Cristo, “enraizados e edificados nele” (Cl 2,6). É nele que se fundamentam nossa vida e nossa esperança: “Vim para que todos tenham a vida em abundância” (Jo 10,10).

Somos humanidade e seres inacabados, que precisamos ser refeitos todos os dias. A visão imediatista de nossos dias não nos deixa ver essa verdade da esperança. A esperança nos desperta da apatia, da morosidade e acomodação, e nos faz inquietos na busca, como a águia a ensinar seus filhotes a voar.

Sejamos, pois, exodais e não acomodados ou desejosos de uma fé que nos reveste de tranquilidade e nada mais. Viver a fé em Cristo é êxodo contínuo!

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