Revista de Aparecida

Homilia Missa Solene: Dom Orlando Brandes

Escrito por Revista de Aparecida

12 OUT 2025 - 13H02 (Atualizada em 13 OUT 2025 - 15H35)

Thiago Leon

“A nós descei, divina luz... A nós descei, divina luz... Em nossas almas acendei o amor, o amor de Jesus...”

Irmãos bispos, muito obrigado pela presença. Na pessoa do nosso Provincial, Padre Marlos, e do Reitor, Padre Catalfo, saúdo todos os sacerdotes, seminaristas e religiosas.

Uma cordial saudação ao Sr. Dr. Geraldo Alckmin, representando o Presidente da República — e ele, presidente em exercício — e também ao Sr. Gilberto Kassab, representando o Governador do Estado, e ao nosso Prefeito Municipal, José Luiz Rodrigues.

Querido povo de Deus, a alegria de Nossa Senhora! Quero fazer uma saudação comovida e agradecida pelas 40 mil pessoas que vieram ao Santuário a pé.

Pés machucados, mas que não perderam a esperança: chegaram! Pés cansados, mas com o coração em festa e a alma rejubilando. Vocês são um grande exemplo de fé e de amor a Nossa Senhora. Saúdo também todos que nos acompanham pelos meios de comunicação social.

Na Casa da Mãe: olhar, consolo e refúgio

Irmãos e irmãs queridos, como é bom, quanta alegria estarmos na Casa da Mãe! Vir à Casa da Mãe... E Ela, então, nos olha nos nossos olhos: “Vossos olhos misericordiosos a nós volvei.”

Olhe para os olhos de Nossa Senhora — Ela tem muito a dar a você de graças e bênçãos por esse olhar. Ela ouve os seus clamores e também os seus soluços, porque Ela é Mãe.

Quando nós chorávamos, Ela cuidava de nós. Assim é Nossa Senhora: abre seus braços e quer abraçar cada um de nós, carregando-nos em seu colo materno.

Aceite andar e viver nos braços de Nossa Senhora, no colo da Mãe.

Ela fala conosco porque é a Mãe do Bom Conselho. O Papa Leão XIII era devoto de Nossa Senhora do Bom Conselho. Eu, diante da imagem, recebo muitos bons conselhos. Creio que todos nós fazemos essa experiência: os conselhos de Nossa Senhora.

Inclusive aquele: “Fazei tudo o que meu Filho disser.” Pois é... Ela é nossa protetora todos os dias. Sob seu manto materno, somos acolhidos nas tribulações da vida, porque Ela é o nosso refúgio.

Ela sofre a nossa dor; por isso, cura nossas doenças do corpo, da alma e do coração.

Padre Eduardo Catalfo dizia: “Nosso Santuário é uma grande Santa Casa, um grande hospital, onde a gente recebe uma cura integral e total.” E vocês são testemunhas dessas grandes graças.

Sim, irmãos e irmãs, neste Ano Santo, peçamos a graça da esperança.

A esperança que transforma

Na primeira leitura, vemos a esperança de uma menina órfã. Mãe querida, que os órfãos tenham esperança de uma adoção! Benditos os que adotam pessoas, crianças ou idosos.

Visitei uma senhora pobrezinha que adotou 14 pessoas. Merece uma salva de palmas! A adoção é o futuro. Mas a grande esperança de Ester era: “Dai vida para o povo.”

Mãe querida, este povo merece vida digna, com justiça e paz, e com uma fé que nos leve às boas obras. Vida para o povo brasileiro, vida para todos nós!

O show mariano em Caná da Galileia mostra a presença de Nossa Senhora. Se marcamos presença, levamos esperança — nos hospitais, nos presídios, aos vizinhos — a exemplo d’Ela.

Marcar presença e levar esperança!

Ela estava cheia de sensibilidade — e sensibilidade faz milagre! É sensível à nossa dor e também sorri com as nossas alegrias.

O amor que não é sensível não descobre nem vê os problemas. Nossa Senhora nos dá a esperança da caridade, que nasce da sensibilidade.

E Ela vai buscar solução para o problema. Nossa Senhora das Soluções, rogai por nós! Dai-nos a graça de não viver de preocupações, mas de soluções.

Ó Mãe querida, não vivamos murmurando, mas buscando as soluções — e elas existem! Tenhamos esperança de que as provações sejam graças para o nosso crescimento e fortalecimento da fé.

Depois de tudo, Nossa Senhora, nesse show mariano em Caná, tendo promovido o amor humano, viu o milagre acontecer. Jesus recebeu elogios e Ela — olhe quem é Maria — saiu de cena.

Não é o nosso ego que deve ter o primeiro lugar; o outro é mais importante. É preciso aprender a sair de cena e voltar ao cotidiano, onde acontecem os grandes milagres de Deus.

Duas esperanças para o povo brasileiro

Vamos pedir duas grandes esperanças: Primeiro, a diminuição da pobreza. Quando ela diminui, experimentamos a paz, a convivência e a vida.

Segunda: que diminuam as desigualdades sociais. São muitas, mas é possível reduzi-las.

O Papa — como lembraram os pregadores da semana passada — escreveu uma carta a todos nós, a Exortação Apostólica. O tema? “Amar o pobre!”

Amar o pobre como Jesus. Amar o pobre como Deus Pai, que amava os órfãos, os estrangeiros, as viúvas. Amar como Santa Dulce, como Santa Teresa de Calcutá, como São Vicente de Paulo.

Para muitos, os pobres são invisíveis; outros os criticam, outros os julgam, e muitos não se importam. Que a Mãe Aparecida nos ajude e inspire os eleitos a votarem em leis favoráveis aos pobres e ao povo de Deus.

Maria, Senhora da Esperança

Nossa Senhora Aparecida é Nossa Senhora da Esperança! Cor preta: esperança. Todos somos irmãos — negro, branco, homem, mulher — somos todos irmãos!

A imagem pequenina traz a esperança da humildade, da pequenez e da fé. Na imagem quebrada e restaurada, está a esperança da restauração pessoal, familiar e social.

Princesa Isabel, que era estéril, esteve aqui duas vezes. Pediu o dom da gravidez, voltou para Portugal e teve três filhos. Depois, retornou para agradecer a fecundidade da vida.

Mãe Aparecida, milhares de casais lutam para ter filhos e não podem. Mas aqui, no Santuário e em tantos lugares, pessoas estéreis se tornaram pais e mães.

Sim, irmãos e irmãs, pensemos também na criança. Ester foi órfã, mas peçamos aos casais essa esperança: O Brasil não tem mais filhos suficientes para o futuro. Precisamos da criança, da esperança do útero de uma mãe e da caridade de um pai para todo o povo de Deus — e para a Igreja.

Correntes quebradas e um novo caminho

Ah, escravo Zacarias, aqui diante da imagem, tuas correntes se arrebentaram. Eu também tenho correntes que me amarram. Você também tem — se for sincero.

Vamos quebrar as correntes das ideologias, do mal, do álcool, da droga — e tantas outras — diante da Mãe Aparecida. Voltemos para casa livres e com as mãos cheias de graça.

Quem quiser, estenda a mão para Nossa Senhora Aparecida e reze comigo:

“Nossa Senhora, me dê coragem no desespero.
Nossa Senhora, me dê a mão.
Cuida do meu coração.
Cuida do meu caminho.
Cuida de mim.”

Olhai, Mãe, a nossa pátria, e estendei os vossos braços para abraçar toda a nossa gente.

Amém. Assim seja!


Fonte: Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida

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