O Conclave é o ritual que elege um novo Papa. Diferentemente de uma eleição convencional, os procedimentos que dão à Igreja um novo pontífice acontecem em um clima de oração, durante uma celebração que remonta a séculos de história.
Procissão inicial
O Conclave começa com um momento de oração na Capela Paulina. Localizada no interior do Palácio Apostólico, possui afrescos de Michelangelo, retratando a conversão de São Paulo e a crucifixão de São Pedro.
O templo, construído pelo Papa Paulo III – de quem deriva seu nome – acolhe os cardeais antes de entrarem na Capela Sistina. Aquele que preside o Conclave realiza ali uma reflexão sobre o dever dos purpurados de dar um novo pontífice para a Igreja Católica.
Dali parte uma breve procissão com os cardeais, iniciando oficialmente o Conclave. No trajeto, realizado em poucos metros, os membros do Colégio Cardinalício cantam a Ladainha dos Santos, pedindo a ajuda do céu para a realização da eleição.
Invocação ao Espírito Santo
A breve procissão chega à Capela Sistina, local onde acontecem as votações. Enquanto a Ladainha dos Santos continua, os cardeais eleitores tomam seus lugares no interior do histórico templo, também localizado no Palácio Apostólico.
Finalizada a Ladainha dos Santos, continuam as orações. O presidente do Conclave, junto com o coro, entoa o cântico Veni Creator Spiritus, um hino de invocação ao Espírito Santo utilizado pela Igreja desde o século IX.
O Juramento
Após a oração, os cardeais eleitores – purpurados com menos de 80 anos – realizam o juramento solene. Embora grande parte dele seja feito em voz alta apenas pelo celebrante, todos aqueles que possuem o poder de voto no Conclave repetem em voz baixa, em seus lugares.
No momento, juram “observar fielmente e escrupulosamente todas as prescrições contidas na Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis, emanada em 22 de fevereiro de 1996, e as modificações adicionadas pelo Motu Proprio Normas nonnullas do Sumo Pontífice Bento XVI, de 22 de fevereiro de 2013”. Ambos os documentos regem as regras da eleição pontifícia.
Prometem, ainda, “observar, com a máxima fidelidade e com todos, seja clérigos ou leigos, o segredo sobre tudo aquilo que, de qualquer modo, diz respeito à eleição do Romano Pontífice e tudo aquilo que acontece no lugar de seu eleição”, guardando o segredo “seja durante, seja depois a eleição do novo pontífice, a menos que não seja concedida explícita autorização pelo mesmo pontífice”.
Após o juramento coletivo, individualmente cada cardeal – por ordem de precedência - se aproxima da Bíblia, colocada no meio da Capela. Colocando a mão direita sobre o livro, diz a fórmula em latim: “Et ego (nome), Cardinalis (sobrenome), spóndeo, vóveo ac iuro. Sic me Deus ádiuvet et haec Sancta Dei Evangelia, quae manu mea tango - E eu (nome), Cardeal (sobrenome), prometo me obrigo e juro. Assim Deus me ajude e estes santos Evangelhos que toco com a minha mão”.
Extra omnes
Após o último cardeal eleitor, o mestre de celebrações pontifícias, Dom Diego Ravelli, pronuncia o “extra omnes”. A frase, em latim, quer dizer “saiam todos”.
A partir deste momento, todos aqueles que não têm direito a voto no Conclave deixam a Capela Sistina. As portas são trancadas com chave, de onde se origina o nome da celebração.
Meditação
Antes do início das votações, os cardeais refletem novamente sobre seu dever. A meditação, realizada por um religioso escolhido pelos próprios cardeais, recorda a finalidade do processo de eleição.
Neste ano, a reflexão será feita pelo cardeal Raniero Cantalamessa. O religioso capuchinho serviu como Pregador da Casa Pontifícia de 1980 até 2024. Aos 90 anos, o purpurado não votará no Conclave, deixando a Capela logo após cumprir seu dever.
Os escrutínios
As votações propriamente ditas se iniciam logo após a reflexão. Elas seguem o mesmo modelo até que os cardeais cheguem a um consenso sobre o nome do eleito, que deve possui dois terços dos votos.
Os eleitores poderão realizar até quatro votações por dia, duas pela manhã e duas pela tarde. A ordem dos votantes é feita de acordo com a precedência no Colégio de Cardeais.
Os votos são anotados em cédulas retangulares, produzidas para serem dobradas ao meio e realizada de acordo com as normas da Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis. Na parte superior está escrito “Eligo in Summum Pontificem” – Elejo Sumo Pontífice. Abaixo, uma linha em branco deve ser preenchida pelos cardeais para a inscrição do nome daquele que, segundo o cardeal, deve ser o novo líder da Igreja Católica.
Estas cédulas são entregues pelos cerimoniários, que distribuem pelos menos duas ou três para cada eleitor. Eles devem deixar a Capela antes que os cardeais comecem a escrever seus votos.
Depois de escrever, muitas vezes disfarçando a caligrafia, e dobrar cada cédula, cada cardeal se dirige ao altar da Capela Sistina levando a cédula com o nome em suas mãos, de forma visível e elevada. Ali, uma urna preparada especialmente para as votações está sobre o altar.
A cédula é depositada sobre um prato que compõe uma das urnas. Enquanto derruba o voto no interior da urna, o eleitor reza em voz alta: “Testor Christum Dominum, qui me iudicaturus est, me eum eligere, quem secundum Deum iudico eligi debere - Chamo como minha testemunha Cristo Senhor, que me julgará, que meu voto é dado àquele que, segundo Deus, considero que deva ser eleito”.
Escrutínio
Terminada a votação, os escrutinadores – cardeais designados para a organização do Conclave – sacodem a urna para misturar as cédulas. Logo após, as cédulas são contadas e transferidas para outro recipiente.
Caso o número de cédulas não corresponda ao número de eleitores, todas elas são queimadas, ainda sem a leitura dos nomes, e uma outra votação é realizada. Caso contrário, a contagem prossegue normalmente.
Terminada a conferência do número de cédulas, começa a leitura dos nomes escritos em cada uma. Dois escrutinadores conferem e anotam os nomes enquanto o terceiro os lê em voz alta, anunciando para os demais eleitores, que também anotam os resultados em folhas previamente preparadas para este fim. O mesmo purpurado que anuncia publicamente os nomes perfura as cédulas com uma agulha na altura da palavra “Eligo”, amarrando-as.
Os escrutinadores somam os votos recebidos em cada nome. Caso, ao final da contagem dos votos, um dos eleitores obtenha pelo menos dois terços dos votos, ele está eleito. Caso contrário, a eleição recomeça.
No Conclave de 2025, são necessários ao menos 89 votos para que um cardeal seja eleito Papa. O número é calculado de acordo com o número de eleitores presentes no Vaticano, que são 133 ao todo.
Este processo pode ser repetido quatro vezes por dia. Duas vezes pela manhã e outras duas pela tarde.
A queima das cédulas e a fumaça
Durante o Conclave, a única forma de comunicação dos cardeais eleitores com o mundo exterior é por meio de uma chaminé, instalada na Capela Sistina. Por meio dela saem duas cores de fumaça: preta, se o Papa não estiver eleito; e branca, caso a Igreja tenha um novo pontífice.
Ela está ligada a um fogão de ferro fundido, usado pelo oitavo Conclave. Sua inauguração aconteceu em 1939, na eleição que fez do cardeal Eugenio Maria Pacelli o Papa Pio XII. Um fogão posterior, de 2005, também está conectado a este primeiro. Ele é usado para os produtos químicos que determinam a cor da fumaça.
Estes fogões são utilizados para a queima dos votos em qualquer um dos casos. O procedimento não apenas comunica o resultado dos escrutínios, mas também garante o sigilo do Conclave, fazendo com que as cédulas usadas sejam descartadas.
Quando o Papa se torna Papa?
Para um cardeal se tornar Papa, não basta que o Colégio de Cardeais o eleja. É preciso também que o eleito aceite a escolha de seu nome para o pontificado.
Caso alguém supere os dois terços necessários para a eleição, o cardeal decano, ou o primeiro dos Cardeais por ordem e precedência, se aproxima do eleito para informar a sua eleição. Ao mesmo tempo, pergunta: “Acceptasne electionem de te canonice factam in Summum Pontificem? - Aceitas a sua eleição como Sumo Pontífice?”.
Se o eleito aceita, é ainda interrogado sobre a escolha de seu nome pontifício: “Quo nomine vis vocari? - Como queres ser chamado?”. A resposta é dada com o nome com o qual o eleito usará durante seu pontificado.
Sala das Lágrimas
Depois de aceitar a eleição, o novo pontífice vai até a Sala das Lágrimas, um pequeno compartimento da Capela Sistina. A Sala recebe este nome por ser o local onde os eleitos costumavam chorar após as votações. Ali, se veste pela primeira vez com a batina branca e os demais paramentos que compõem a chamada “veste coral” do Papa, usada em solenidades.
Três tamanhos diferentes de batinas brancas foram preparadas para o Conclave deste ano. Ainda assim, elas podem ser ajustadas para a primeira aparição do novo líder da Igreja Católica.
A saudação dos cardeais
Logo após ser paramentado, o eleito se senta em um trono preparado para ele. Ali, recebe os cumprimentos dos cardeais, expressando a fidelidade de cada um dos purpurados ao Romano Pontífice.
Um dos primeiros a saudar o eleito é o cardeal proto-diácono. Cabe a ele a função de anunciar, publicamente, o nome do novo Papa.
Habemus Papam
O tradicional anúncio do novo pontífice é conhecido como Habemus Papam – Temos Papa. De acordo com o número 74 do Ordo Rituum Conclavis, ele é realizado pelo cardeal proto-diácono, o purpurado mais antigo da ordem dos diáconos.
No Conclave de 2025 o proto-diácono é o cardeal francês Dominique Mamberti. Cabe a ele fazer o anúncio na Sacada da Sala das Bençãos da Basílica de São Pedro usando a antiga fórmula em latim:
“Annuntio vobis gaudium magnum: habemus Papam! Eminentissimum ac Reverendissimum Dominum, Dominum (nome de batismo do eleito), Sanctae Romanae Ecclesiae Cardinalem (sobrenome do eleito), qui sibi nomen imposuit (nome pontifício, seguido pelo número ordinal, se houver). - Eu vos anuncio uma grande alegria: temos o Papa! É o eminentíssimo e reverendíssimo Sr., Dom ... , cardeal da Santa Igreja Romana ... que escolheu o nome ...”.
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