Revista de Aparecida

Encantar-se! Desencantar-se! Qual é minha escolha?

Escrito por Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R.

01 DEZ 2023 - 00H05

Thiago Leon

Certo homem pediu para um poeta brasileiro escrever-lhe um anúncio, para a venda de seu sítio, seu pedaço de terra. E Olavo Bilac escreveu: “Vende-se encantadora propriedade onde no extenso arvoredo cantam pássaros ao alvorecer. É cortada por marejantes e cristalinas águas de um belo ribeirão. E a casa nela existente é banhada pelo sol nascente, e oferece as sombras tranquilas das tardes na varanda”.

Depois de um pouco de tempo, o poeta, encontrando-se com aquele homem, perguntou-lhe se havia vendido o sítio, e ele respondeu: “Depois que li seu anúncio, nem pensei mais nisso, pois descobri a maravilha que eu tinha”.

Se nos transpormos desse anúncio para nossa vida, o que dela vamos dizer? Certamente vamos precisar de um poeta para nos ajudar a descobrir o mistério profundo de nosso existir. Sim, nosso profundo existir, pois o mistério de nossa vida é mesmos insondável; somos frutos do amor de Deus.

Um Deus se dispôs a nos amar por iniciativa de seu próprio amor – pois Ele não precisa de nós – oferecendo-nos seu amor eterno, Jesus, seu próprio Filho.

Este mês nos faz olhar com mais intensidade para o Natal do Senhor. Natal é a encarnação do Verbo eterno do Pai. Talvez para nós fique escondido ou esquecido o manso regato que vem nos alegrar no fim da tarde, ou nos esquecemos de contemplar as águas transparentes feridas pelas pedras nas escarpas que estão diante de nossos olhos. Ainda não conseguimos contemplar a tão brilhante luz, como centelhas douradas, que reluzem dessas águas feridas nas pedras das escarpas. Parece que ainda não aprendemos a enxergar a vida.

Nossa vida talvez necessite de um pouco de jasmim, para exalar um novo odor, nesse marasmo que nós mesmos criamos.

A vida é dom, o Cristo é o DOM, e por isso é Natal. Não vamos querer que seja um dia qualquer, pois ele é o DIA que o Senhor nos deu, na gratuidade de seu amor.

Certamente que, se descobrirmos que há arvoredo e pássaros a cantar, que há água cristalina tão perto de nós, que há vida abundante e dia sem fim, por causa do amor de Deus por mim, não deixarei de amar mais um dia sequer.

O que pretendemos fazer: Vender o sítio; deixar de amar...?

Celebrar o Natal é celebrar o renascimento de minha existência, abrindo uma janela que faz contemplar e redescobrir quanta grandeza há diante de nossos olhos. A alegria e a paz estão aí diante de nós, mas é preciso pegar a semente e lançá-la na terra, para morrer e frutificar.

Jesus nasceu, e vida nova não vem de outra fonte, pois Ele é a Vida em sua plenitude! Feliz Natal!

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Carregando ...

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Pe. Ferdinando Mancílio, C.Ss.R., em Revista de Aparecida

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.

Carregando ...