Revista de Aparecida

Igreja, sinal de esperança e corpo de peregrinos

“A Igreja peregrina, nos seus sacramentos e nas suas instituições, que pertencem à presente ordem temporal, leva a imagem passageira deste mundo e vive no meio das criaturas que gemem e sofrem as dores de parto" (LG, 48)

Escrito por Victor Hugo Barros

01 SET 2025 - 07H00 (Atualizada em 08 SET 2025 - 17H26)

Daniele Souza

A Igreja está sempre a caminho. Ela é, por sua essência, peregrina, pois tem sua pátria verdadeira no Reino dos Céus, “pois não temos aqui uma cidade permanente, mas buscamos a futura(Hb 13,14). “A Igreja «prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus», anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (cfr. Cor 11,26)” (LG, 8).

Nos últimos anos, a partir do percurso sinodal, vivido pela Igreja desde 2021, essa compreensão tem amadurecido nas paróquias e comunidades de todo o mundo, aprofundando a dinâmica da Sinodalidade. “É o caminho que exige que cada um reconheça sua dívida e seu tesouro, sentindo-se parte de um todo”, afirmou o Papa Leão XIV na Vigília de Pentecostes deste ano, celebrada na Praça São Pedro, no Vaticano.

A fala do Santo Padre retoma os ensinamentos de seu antecessor, Francisco. Em 02 de outubro de 2024, na abertura da primeira Congregação Geral do Sínodo sobre a Sinodalidade, realizado no Vaticano, o pontífice argentino convidou os fiéis "a reconhecer que a Igreja, semper reformanda, não pode caminhar e renovar-se sem o Espírito Santo e as suas surpresas, sem se deixar modelar pelas mãos de Deus criador, do Filho, Jesus Cristo e do Espírito Santo".

Para Bergoglio, mais do que um slogan, "caminhar juntos é um processo em que a Igreja, dócil à ação do Espírito Santo, sensível no acolhimento dos sinais dos tempos, se renova continuamente e aperfeiçoa a sua sacramentalidade, para ser uma testemunha crível da missão a que foi chamada, de reunir todos os povos da terra no único povo esperado no final, quando o próprio Deus nos fará sentar no banquete que Ele preparou".

Presente no encontro com o Papa, o bispo da Diocese de Camaçari, Dom Dirceu de Oliveira Medeiros, se recorda bem das palavras do Santo Padre e de seu impacto na vida da Igreja mesmo após quase um ano de seu discurso. “O Papa quer ressaltar ou realçar o aspecto do Sínodo mais como um processo do que propriamente como um evento”, explica o prelado.

Para a Igreja, o Jubileu de 2025 é a oportunidade de retomar a ideia de uma Igreja que se põe a caminho. O tema “Peregrinos da Esperança”, unido aos sinais do Ano Santo, são símbolos dessa realidade.

O símbolo eloquente da Porta Santa atravessada pelos fiéis, aqui em Roma e em todas as igrejas locais, nos lembra que somos todos peregrinos, todos a caminho, chamados juntos a uma união mais profunda com o Senhor Jesus e à disponibilidade para o poder da sua graça, que transforma nossas vidas e o mundo em que vivemos”, recordou Francisco em um encontro com estudantes, em 20 de setembro de 2024, no Vaticano.

No Brasil, o Santuário Nacional é uma imagem visível desta característica “caminhante” da Igreja. Em 2024, mais de nove milhões de peregrinos visitaram o maior templo dedicado à Virgem Maria no mundo, sinal de uma “Igreja que caminha nas estradas do mundo rumo ao céu, cada dia renovando a esperança” (Oração Eucarística V).

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