Os desafios da comunicação e a resposta da Igreja

O ano de 2026 começa e, logo no primeiro mês, em 24 de janeiro – dia de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas –, o Papa Leão XIV deve divulgar a mensagem para o 60º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Segundo o comunicado do Dicastério para a Comunicação, o texto reforça o papel fundamental do ser humano, munido de suas capacidades naturais, diante do avanço das novas tecnologias, sobretudo dos algoritmos e da “Inteligência Artificial” (IA). O Santo Padre, desde quando assumiu o ministério petrino do bispo de Roma, insiste na chamada “educação digital ética”, especialmente para as crianças, a fim de que as novas tecnologias promovam o bem comum e a ética social, a cultura da vida e a propagação da verdade. O Papa reconhece a contribuição que a IA é capaz de nos dar, mas alerta que “ela não pode oferecer sabedoria verdadeira. Falta-lhe um elemento humano muito importante. A IA não discernirá entre o que é realmente certo e errado” (Encontro digital do Papa com jovens americanos, no dia 21 de novembro de 2025).

Com o tema “Preservar vozes e rostos humanos”, o Papa Leão XIV deve transmitir sua mensagem aos comunicadores mundo afora, sobretudo aos jornalistas que, dentro de seus respectivos veículos de comunicação tradicionais, são chamados a promover uma comunicação ágil, ética e transparente, geradora de vida e de esperança, empenhada na busca irrestrita pela verdade. Logo na primeira semana desde sua eleição, o Sumo Pontífice pediu aos jornalistas o fim de uma polarizadora “guerra de palavras”. As palavras têm o seu devido valor e lugar. Elas podem ser usadas para o bem ou para o mal; para dizer a verdade ou para disseminar a falsidade. Diante disso, o Papa pede, então, que os jornalistas sejam “arautos de paz”, porque, segundo ele, “a paz começa em cada um de nós: na forma como olhamos para os outros, ouvimos os outros, falamos dos outros; e, neste sentido, a forma como comunicamos adquire uma importância fundamental: temos de dizer ‘não’ à guerra das palavras e das imagens, temos de rejeitar o paradigma da guerra” (Encontro do Papa com jornalistas da imprensa mundial, no dia 12 de maio de 2025).

Atualmente, existe muito “ruído” quando o assunto é comunicação. Sempre haverá aqueles que vão aplaudir ou vaiar; reconhecer o trabalho feito ou simplesmente menosprezá-lo; dizer “isto diz a verdade” ou “isto não corresponde à realidade dos fatos”. No entanto, a comunicação deve ser credível, profissional e transparente! A verdade deve estar sempre ali... impressa ou transmitida oralmente. Creio que seja esse o compromisso a ser assumido com mais vontade e correspondido com mais audácia. Esse ideal rompe as cadeias da mentira e da alienação. Em síntese, a verdade nos faz mais livres e independentes. Jesus é a Verdade, justamente porque não existe duas ou mais verdades, mas sim “a Verdade”, ou seja, Ele próprio. “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).

Que os jornalistas sejam destemidos e constantes no exercício de suas atribuições a serviço da verdade! Eles são cientes do poder que exercem, essencialmente porque lidam com palavras. Qualquer termo mal colocado pode comprometer a verdade, cedendo lugar à mentira e à discórdia, cujo pai é o diabo, aquele que divide, fere e aniquila as relações humanas e destrói o propósito maior da comunicação: abrigar a beleza da verdade.