Quando pensamos em Nossa Senhora Aparecida, logo nos remetemos ao formato triangular que o manto confere à Imagem da Padroeira do Brasil. Ao longo da história, muitos foram os mantos que adornaram a Virgem Aparecida, garantindo a identidade que está sacramentada no imaginário popular.
Desde o encontro da Imagem, ela foi envolvida por mantos. O primeiro deles, embora curioso, está descrito na narrativa do encontro da Imagem, conservada no primeiro Livro do Tombo da Paróquia de Santo Antônio de Guaratinguetá. Diz o texto que, logo após pescar o corpo e a cabeça, “guardou o inventor (João Alves) esta Imagem em um tal qual pano”. O pescador poderia ter deixado a Imagem apenas no fundo do barco, mas cuidou dela envolvendo-a em um pano, como um manto.
Não podemos afirmar que a Imagem utilizasse, ainda na casa dos pescadores, um manto. Sabemos, porém, que em 1745, quando ela foi levada para a Capela no alto do Morro dos Coqueiros, “havia também dois mantos preciosos: um de galão e outro de seda com ramos de ouro” (Inventário da Capela, I Livro do Tombo da Paróquia Santo Antônio de Guaratinguetá, 1745).
Em 1750, outro inventário cita “um manto de carmesim com ramos de ouro aplicados no mesmo”, doado por um devoto de Mariana (MG).
Em 1861, Augusto Emílio Zaluar, em visita à Capela de Aparecida, descreve a “protetora imagem da Senhora Aparecida, que refulge no altar-mor, adornada com um precioso manto de veludo azul, ricamente bordado de ouro, parecendo sorrir compassiva a todos os infelizes que a invocam, e a quem jamais negou consolação e esperança”.
O uso dos mantos é atestado também por registros que pertencem ao acervo do Centro de Documentação e Memória (CDM) do Santuário Nacional. A primeira foto da Imagem, tirada por Luiz Robin e Valentim Favreau, em 1869, retrata a Padroeira do Brasil adornada por um manto e uma coroa. Outra fotografia, de 1924, feita pelo fotógrafo André Bonotti, também apresenta a Imagem tal como a conhecemos hoje, com o manto triangular.
No Hino das Vésperas da solenidade de Nossa Senhora Aparecida de 1905, o manto também é invocado como sinônimo de proteção sobre o Brasil: “Mui justo é, Mãe, celebrar os benefícios que há tanto, pelo Brasil desdobrado, vai espalhando o teu manto”. É importante lembrar que, somente após 26 anos desta composição a Virgem Aparecida seria oficialmente proclamada como Padroeira do Brasil.
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- Foto: Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
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- Foto: Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
- Foto: Centro de Documentação e Memória (CDM) - Santuário Nacional
Mesmo antes desta proclamação, símbolos nacionais já faziam parte do manto da Imagem. Documentos conservados pelo Centro de Documentação e Memória do Santuário Nacional apontam que, em 08 de dezembro de 1868, a Princesa Isabel ofertou à Senhora Aparecida um manto cravejado com 21 brilhantes – representando a capital e as 20 províncias do Império.
Fotografias de diversas décadas também retratam os mantos da Padroeira com símbolos que evocam o Brasil. Após a proclamação da Virgem como Padroeira, a presença da bandeira brasileira foi quase unânime nos modelos, tal como vemos atualmente.
Recentemente, o Santuário Nacional lançou também uma série de mantos que retratam características das diversas regiões do país. Uma recordação visível da proteção da Virgem Maria sobre toda a nação.
Ao encerrarmos 2023, elevamos uma prece à Mãe de Deus e nossa, para estender seu manto sobre o ano que vai chegar, rezando como os primeiros cristãos: “À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus; não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades; mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita”.
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