Os nomes dos papas: conheça os mais usados, como são escolhidos e curiosidades

Quando a fumaça branca sai da chaminé da Capela Sistina, o mundo sabe que um novo Papa foi escolhido. O sinal é seguido pelo anúncio oficial do “Habemus Papam”, onde o cardeal proto-diácono anuncia o nome de batismo do eleito e também o nome que o novo pontífice escolheu para si, renovando uma tradição que remonta ao século VI.

O primeiro Papa a mudar de nome por vontade própria foi João II, cujo nome de batismo era Mercúrio. Para evitar associar o pontificado a divindade da mitologia romana, o novo pontífice adotou para si o nome de João II, homenageando seu antecessor, João I.

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Papa João II (Mercúrio)

A partir daí, os papas passaram a mudar de nome, embora o ato não fosse obrigatório. O último eleito a não obter um novo nome durante o pontificado foi Marcelo II, escolhido para a Cátedra de Pedro em 1555.

A prática também recorda o primeiro papa, São Pedro. O Evangelho de São Mateus relata que o próprio Jesus, ao tornar o apóstolo o primeiro Papa, edificando sobre ele a Igreja, mudou seu nome de Simão para Pedro.

“Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi nenhum ser humano que te revelou isso e, sim, meu Pai que está nos céus. Pois também eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e os poderes do inferno jamais conseguirão dominá-la. Vou te dar as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,17-19).

O recorde de João

O nome escolhido pelo primeiro pontífice a mudar de nome é também o mais usado entre os Sucessores de Pedro. Ao todo, 21 papas impuseram a si o nome de João. Este número não leva em conta os anti-papas, que surgiram ao longo da história da Igreja, mas contabilizados na numeração da Igreja. Por isso, Ângelo Roncalli, ao assumir o pontificado, escolheu para si o nome de João XXIII.

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Bento é o terceiro nome mais adotado pelos papas ao longo da história. Na imagem, Bento XVI.

Os nomes mais escolhidos

O nome Bento, escolhido por outros 15 papas também difere em suas numerações por causa da antipapa Bento XIII, durante o Grande Cisma do Ocidente. Por este motivo, o alemão Joseph Ratzinger, eleito papa em 2005, foi chamado de Bento XVI.

Dezesseis também é o número de pontífices que se chamaram Gregório, o segundo nome mais adotado pelos papas, seguido por Bento. Outros 14 papas escolheram Clemente como nome papal, o quarto nome mais utilizado pelos papas.

A lista de nomes mais usados segue com Inocêncio e Leão – ambos com 13 pontificados. Pio, usado pela primeira vez em 142, foi escolhido outras 12 vezes, sendo usado com mais frequência a partir de Pio VI, em 1775. O último a adotar o nome foi o romano Eugenio Pacelli, em 1939.

O primeiro nome composto

Apesar da prática da mudança do nome do novo pontífice ser antiga, só em 1978 um papa usou um nome composto pela primeira vez. Coube a João Paulo I – que reinou por apenas 33 dias – a escolha do primeiro nome composto na história dos romanos pontífices. Seu sucessor, João Paulo II, seguiu a prática.

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João Paulo I, o primeiro Papa a adotar um nome composto

Quem escolhe o nome do Papa?

É o próprio pontífice quem escolhe ser chamado. A escolha se dá imediatamente após sua eleição no Conclave, dentro da Capela Sistina.

O Rito do Conclave estabelece que, após um cardeal receber o número necessário de votos, o presidente do Conclave se aproxima dele e pergunta, em latim, se o eleito aceita sua eleição canônica como novo pontífice.

Após o aceite do eleito, o mesmo presidente pergunta: "Quo nomine vis vocari?" ("Com qual nome quer ser chamado?"). O pontífice responde: "Vocabor..." (Me chamarei...), indicando seu novo nome.

O ato se repetirá durante o Conclave que terá início na próxima quarta-feira (07). Na cerimônia, um dos 133 cardeais eleitores entrará com seu nome e sairá da Capela Sistina com um novo nome papal.