Revista de Aparecida

São Pedro, o santo que passou de pescador a Papa

Trajetória do primeiro pontífice da Igreja Católica é marcada por seguimento e traição a Jesus, que confiou ao “Príncipe dos Apóstolos”, a condução de sua Igreja.

Escrito por Victor Hugo Barros

26 JUN 2025 - 16H03 (Atualizada em 26 JUN 2025 - 16H38)

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O papado é uma das instituições mais antigas do mundo. Leão XIV, eleito no último dia 08 de maio, é o pontífice de número 267, continuando uma longa lista iniciada, de acordo com a fé da Igreja Católica, pelo próprio São Pedro.

“Pedro foi escolhido por Jesus para dirigir sua Igreja: 'Pedro tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela' (Mateus 16,18), disse o Mestre. Então é natural que fosse ele o primeiro Papa da Igreja e ocupasse o trono que lhe fora reservado”, explica o pesquisador José Luís Lira, hagiólogo e fundador da Academia Brasileira de Hagiologia.

Pedro aparece como sinal de unidade e referência para as primeiras comunidades. O autor dos Atos dos Apóstolos evidencia isso apresentando o Querigma (anúncio), que converteu várias pessoas, após o dia Pentecostes, suas viagens, o anúncio a Cornélio e aos gentios, suas prisões, as curas que realizou e a autoridade no Concílio de Jerusalém. Tudo isso, demonstra que ele, assim como os demais, se empenhou pelo anúncio do Evangelho e no cuidado com as ovelhas, esclarece a mestre em História da Igreja, Natália Maria Oliveira.

Embora a Bíblia não se debruce sobre a presença de São Pedro na comunidade de Roma, a Tradição da Igreja – apoiada por documentos históricos – atesta o pastoreio do Príncipe dos Apóstolos sobre a Comunidade da Cidade Eterna. “É notável o da carta de Inácio de Antioquia aos romanos (cerca de 110), com seu cabeçalho muito solene e sua referência a Pedro e Paulo, porque já contém alguns elementos da teoria papal posterior: importância da capital, a presença dos dois apóstolos e o primado na fé e na caridade”, ressalta Natália.

Reprodução - Wikipedia Reprodução - Wikipedia São Pedro sofreu o martírio sendo crucificado de cabeça para baixo

De acordo com os relatos bíblicos, antes de receber de Jesus a missão de confirmar seus irmãos na fé (cf. Jo 21,15-19), o Príncipe dos Apóstolos negou conhecer a Jesus. “Perdoou aquele que o negou e ainda lhe confiou o comando de sua Igreja (...) Penso que Jesus enxergou em Pedro a humanidade. Quem não vacilou pelo menos uma vez na vida? Mas, será que depois disso não reavaliou e ficou mais forte?”, diz Lira.

“Jesus viu em Pedro a fragilidade que quase todos os seres humanos têm. E observamos da leitura do Texto Sagrado que ele se arrependeu, se fortaleceu e veio um homem curado e perdoado pelo Messias que ele acreditou e que o transformou de pescador de peixes a pescador de almas, apascentando as ovelhas. E o Papado continua essa missão”, completa o hagiólogo.

Para especialistas, o arrependimento de Pedro fortaleceu ainda mais a figura do Príncipe dos Apóstolos. Assim, seu primado pôde ser exercido desde o início da Igreja.

“Daquilo que se tem notícias, os seguidores de Jesus aceitaram a autoridade de Pedro sem tensões. Isso fica evidente no Concílio de Jerusalém em 49 d.c.. Pedro evoca para si a autoridade que lhe foi dada e juntos conseguem resolver o problema sobre a circuncisão a ser imposta ou não aos gentios”, afirma Oliveira.

Pedro também tinha uma forte liderança sobre os apóstolos e os demais seguidores da Igreja. O discípulo amado (São João) era perfeito, mas, os desígnios de Deus são assim. Então, Jesus viu que ele era a pessoa que deveria ser seu representante quando ele partisse para o seu reino”, adiciona José Luís.

Documentos históricos atestam ainda que, antes de chegar a Roma, o primeiro Papa confirmou a fé em diversas comunidades cristãs. “Sabe-se que Pedro ficou um certo tempo em Jerusalém, depois partiu para Antioquia, passou por Éfeso até que conseguiu chegar ao coração do Império, onde foi martirizado”, detalha a historiadora.

Vatican Media Vatican Media Os ossos de São Pedro, conservados abaixo do Altar da Confissão da Basílica Vaticana

Seu martírio em Roma estabeleceu na Cidade Eterna a sede da Igreja. Até hoje, a presença de suas relíquias, veneradas sob o Altar da Confissão da Basílica de São Pedro, são a meta de milhões de peregrinos que visitam o Vaticano para ver São Pedro e seu sucessor, o Papa.

“No pontificado do Papa Pio XII uma pesquisa séria foi realizada e se confirmou que a Basílica de São Pedro, construída entre os séculos XVI e XVII, havia sido construída sobre a necrópole vaticana, exatamente onde estavam as relíquias de Pedro. Isso porque o que foi encontrado confirmava toda a tradição. A construção da principal basílica sobre os ossos de Pedro primeiro cumpre o preceito bíblico: ‘... sobre esta pedra edificarei a minha igreja’”, finaliza Lira.

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