Por Joana Darc Venancio Em Igreja Atualizada em 22 SET 2017 - 17H35

Múnus Educativo da família: proteção contra os perigos na escola

As crianças e os adolescentes estão seguros na escola? Ao pensar nas mais diversos perigos, que lamentavelmente habitam o cotidiano escolar, responderemos que não estão seguros. Eles vêm de muitos lados e se manifestam de muitas formas. Perigos que têm a ver com a violência banalizada e que fazem vítimas com tiros que atingem alunos. Perigos que têm a ver com a falta de manutenção do prédio escolar e que causam ferimentos e mortes por negligência. Perigos pelas relações conflitantes que geram brigas, desentendimentos, discriminação – bullying - que dificultam a paz e a harmonia entre alunos. Perigos trazidos pela violência simbólica, exercida pelo sistema de avaliação excludente. Os perigos da desumanização dos processos de ensino-aprendizagem. Os perigos da não percepção, de que na “condição de aluno”, habita um ser humano com histórias de vida, sonhos, projetos e desafios. Perigos pela desvalorização do Professor que o desautoriza e o faz não exercer sua autoridade legítima, o que motiva a indisciplina.

São muitos perigos, não é mesmo? Vamos ainda destacar mais um. Esse não se apresenta de forma materializada e concreta, mas como os cupins, que corroem as estruturas no ocultamento de uma empreitada bem definida; ele é uma grande ameaça. Já são muitas evidências que apresentam a Escola sendo usada como canal de repasse de ideologias que ameaçam a Fé e a Família. Vários livros didáticos oficiais, por exemplo, têm trazidos muitas orientações que fogem ao conteúdo das disciplinas. Muitos fomentam ideologias de forma explicita ou subliminar acerca da sexualidade, conceito de família, relativismo moral e até religioso. O Catecismo da Igreja Católica chama atenção para uma verdade que não podemos deixar cair no esquecimento:

"O Estado é responsável pelo bem-estar dos cidadãos. A tal título, é legítimo que intervenha para orientar o crescimento da população. Pode fazê-lo mediante uma informação objetiva e respeitosa, não porém, com imposições autoritárias e obrigatórias. O Estado não pode legitimamente substituir-se à iniciativa dos esposos, primeiros responsáveis pela procriação e educação dos seus filhos. Neste domínio, não tem autoridade para intervir com medidas contrárias à lei moral"

Escola_Shutterstock

Fotos: Shutterstock

A Escola exerce influência na vida individual e social. Ela é o lugar onde passamos grande parte de nossa existência. A Igreja sempre reconheceu a missão da escola e para ela pensou grandes responsabilidades, como podemos conferir os ensinamentos na Declaração do Concílio Vaticano II, Gravissimum educationis, ratificada pelo Papa Paulo VI:

Entre todos os meios de educação, tem especial importância a escola, que, em virtude da sua missão, enquanto cultiva atentamente as faculdades intelectuais, desenvolve a capacidade de julgar retamente, introduz no património cultural adquirido pelas gerações passadas, promove o sentido dos valores, prepara a vida profissional, e criando entre alunos de índole e condição diferentes um convívio amigável, favorece a disposição à compreensão mútua; além disso, constitui como que um centro em cuja operosidade e progresso devem tomar parte, juntamente, as famílias, os professores, os vários agrupamentos que promovem a vida cultural, cívica e religiosa, a sociedade civil e toda a comunidade humana. 

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Tem sido a Escola esse lócus de tão significativas experiências pensadas pela Igreja? A Família tem sido parte deste centro de vivências, relações e ensinamentos que deve ser a escola? Vale recordar o que afirma o Catecismo da Igreja Católica (902) sobre a Educação dos filhos: “os pais participam do múnus de santificação quando levam uma vida conjugal com espírito cristão e velando pela educação cristã dos filhos". Neste sentido, a família não pode ser substituída nesta tarefa. O Catecismo da Igreja Católica também orienta de forma prática:

"A comunidade política tem o dever de honrar a família, de assisti-la, de lhe garantir, sobretudo: O direito de se constituir, de ter filhos e de educá-los de acordo com suas próprias convicções morais e religiosas; A liberdade de professar a própria fé, de transmiti-la, de educar nela os filhos, com os meios e as Instituições necessárias; A liberdade de formar associações com outras famílias e, assim, serem representadas junto às autoridades civis".

À Escola são credenciados muitos papeis e não podemos e nem devemos negar sua influência na construção da sociedade. No entanto, precisamos questionar que “sociedade está sendo construída?" Vale fazer um breve exercício, respondendo as interrogações e anotando as respostas. É uma experiência muito interessante...

Com quantos anos uma criança entra escola?

Com quantos anos ela terminará o Ensino Médio?

Quantas horas por dia passará na escola?

Quantas horas por ano passará na escola?

Quantas horas, ao longo da vida, essa criança passará na escola?

O que achou? É muito tempo?

Acha que todo o tempo que passou na escola foi bem aproveitado?

Escola_shutterstock

É urgente o olhar profundo das famílias sobre o que acontece no cotidiano escolar. É preciso acompanhar! É preciso vigiar! É preciso indagar! É preciso olhar por dentro e ter certeza de que as crianças e os adolescentes estão seguros.

Não vale pagar para ver, pois o preço é alto. São muitos anos dentro da escola e não podemos negligenciar. Os aparatos escolares não ensinam somente conteúdos técnicos, mas também ensinam sobre escolhas de vida, e sobre valores. Escolhas e valores, que muitas vezes se confrontam com os princípios Cristãos. Urge que o Múnus Educativo da família seja retomado.

Escrito por
Joana Darc Venancio (Redação A12)
Joana Darc Venancio

Pedagoga, Mestre em educação e Doutora em Filosofia. Especialista em Educação a Distância e Administração Escolar, Teóloga pelo Centro Universitário Claretiano. Professora da Universidade Estácio de Sá. Coordenadora da Pastoral da Educação e da Catequese na Diocese de Itaguaí (RJ)

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