Uma vez escutei algo muito interessante numa pregação. O sacerdote estava falando sobre o Pecado Original. Chamou a atenção sobre um fato muito peculiar. Após cometer o pecado, nem Adão, nem Eva se acusam pelo mal cometido. Cada um deles acusa um ao outro para se livrar da responsabilidade.
Adão culpa a mulher que Deus lhe deu por companheira. Eva culpa à serpente (Gn 3,12-13). E, se lermos com atenção os seguintes capítulos do livro do Gênesis, esse "tirar o corpo" da situação vai se perdurando num ciclo de males que parece não ter fim.
Continuou a pregação explicando como o relato das origens, de forma misteriosa e através de muitos símbolos, evidencia a dificuldade que temos, os seres humanos, para admitir nossa culpa, e, no fundo, de assumir a responsabilidade pelos nossos atos.
Leia MaisLiberdade de Expressão ou Respeito: qual a diferença?Liberdade x Mandamentos de DeusPapa aos adolescentes e jovens: "não usem mal a liberdade de vocês"Falar de liberdade é falar de responsabilidade pelos nossos atos. Responsabilidade não tanto no sentido de pagar contas e assumir tarefas, mas no sentido mais etimológico de responsum, de responder. Responder pelas nossas decisões/ações.
Queria lembrar aqui um pensamento que uma professora citava muito na minha época de escola. Ela dizia, "minha liberdade acaba quando começa a liberdade do outro". Acho que a frase faz sentido e expressa a necessidade de respeitar o espaço do outro. Mas, a partir da minha própria experiência, eu a reformularia assim: "minha liberdade começa ao me relacionar com a liberdade de outro". Uma chave importante para não nos perdermos ao pensar na liberdade é nos percebermos como seres em relação. Como seres que respondem, que são responsáveis.
Dito isso, vejamos rapidamente três ideias que nos oferece o Catecismo no número 1731 para amadurecer na nossa compreensão da liberdade:
1. "Pelo livre-arbítrio, cada qual dispõe sobre si mesmo".
2. "A liberdade é, no homem, uma força de crescimento e de amadurecimento na verdade e na bondade".
3. "A liberdade alcança sua perfeição quando está ordenada para Deus, nossa bem-aventurança".
O livre arbítrio é entendido como a capacidade de dispor de si mesmo. Por sua vez, a liberdade faz com que essa capacidade se transforme numa força que permite crescer e amadurecer. Tal liberdade se aperfeiçoa na medida em que dirige a pessoa para Deus.
Aprofundando tais ideias, o Catecismo indica que "enquanto não se tiver fixado definitivamente em seu bem último, que é Deus, a liberdade comporta a possibilidade de escolher entre o bem e o mal, portanto, de crescer em perfeição ou de definhar e pecar" (1732). Assim, "quanto mais pratica o bem, mais a pessoa se torna livre. Não há verdadeira liberdade a não ser a serviço do bem e da justiça. A escolha da desobediência e do mal é um abuso de liberdade e conduz à escravidão do pecado" (1733).
Enfim, as três ideias referidas oferecem luzes essenciais sobre o que é a liberdade e as consequências dela. Pense nisso!
Boleto
Carregando ...
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Carregando ...
Para comentar é necessário ser assinante
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus
autores e não representam a opinião do site.
É necessário estar logado para comentar nesta matéria
Estando logado em nosso portal você terá acesso ilimitado à matérias exclusivas
Já possuo conta
Esqueci minha senha
Enviaremos um e-mail para recuperação de sua senha.
Voltar para login