Atualmente, temos dificuldade de viver o momento presente. Se estamos de férias, estamos pensando no que vamos fazer depois: trabalho, emprego, dinheiro, as próximas férias.
Uma das riquezas do trabalho pastoral é ter contato com uma grande diversidade de pessoas: crianças e adultos, pobres e ricos, acadêmicos e analfabetos. Todos com igual dignidade, claro, mas unidos também por uma grande dificuldade, que costumamos experimentar como seres humanos: almejar o que não temos.
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No fundo trata-se de algo positivo, pois o desejo mais profundo de toda pessoa é Deus e, embora o busquemos de mil maneiras, o coração não descansa até encontrá-lo. Mas essa busca evidencia também uma dificuldade, o que acaba sendo paradoxal. Um exemplo claro são as crianças que brincam de ser adultos: fantasiam-se, usam artefatos fictícios (outro dia uma criancinha de três anos "tirou fotos" com uma câmera de mentira), simulam diálogos e frases. Não vêem a hora de se tornar adultos e entrar neste magnífico mundo da autonomia, do trabalho, do conhecimento. De outra parte, há adultos que pagam o dinheiro que obtiveram de forma sacrificada para se sentir crianças por alguns minutos: não precisar se preocupar com outra coisa, a não ser brincar, não ter dificuldade para perceber que o tempo é livre, pois existe para amar. Desejam não ter memórias ruins, que eles mesmos construíram com suas próprias opções, até chegar neste momento da vida.
Isso tudo, que pode ser encontrado em outras situações e contextos, expressa a dificuldade que temos, como seres humanos, de permitir à realidade se apresentar como ela é, e sermos capazes de aceitá-la. Precisamos desenvolver a capacidade de abraçar aquelas coisas, lugares e contextos que fazem a nossa realidade.
Sem ir muito longe, na época das férias acontece algo parecido. Após as primeiras duas semanas, não temos muito mais para fazer. Aquilo que tínhamos desejado e esperado tanto, parece não ser mais tão atrativo quanto parecia.
Tentando aprofundar mais um pouco, talvez valha a pena meditar sobre duas passagens bíblicas que podem nos iluminar. A primeira é do livro do Eclesiastes: "Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo do céu" (Ecl 3,1). O sábio nos ensina que as coisas sob o céu, isto é, tudo quanto foi criado e depende do Criador, tem seu tempo e seu lugar. Nós temos um lugar no meio do existente. O problema não é tanto o que desejamos, mas quem somos no meio do mundo, e se somos capazes de reconhecer e aceitar isso.
A outra passagem é colocada na boca do Mestre por Mateus: "A cada dia, basta o seu cuidado" (Mt 6,34). Às vezes sonhamos e projetamos, e isto é bom; mas é importante cuidar do dia de hoje. É o que temos, e é o que podemos realmente oferecer ao Senhor. Aproveitemos o tempo de graça que Deus doa a cada um de nós, para que hoje possamos acolhê-lo.
Um exercício muito simples nessas situações poderia ser nos perguntarmos quem somos e o que fazemos aqui. Lembrando disso, tomaremos com mais calma – e, quem sabe, com mais proveito – o momento que nos é concedido viver.
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