Pode até parecer um devaneio filosofal, uma questão existencial, mas minha pergunta é muito mais “pé no chão”. Você conhece suas origens, seus antepassados? Quem foi seu bisavô, seu tataravô... enfim, a ancestralidade sempre teve um simbolismo, uma importância interessante na história da humanidade.

Não somente para pessoas, por pura curiosidade, mas para manutenção de grandes impérios. Na Grã-Bretanha, no século XVI, quando a rainha inglesa Elizabeth I morreu sem deixar herdeiros, a coroa da Inglaterra foi colocada sobre a cabeça de James VI, da Escócia. Tanto Elizabeth quanto James descendiam de Henrique VII, rei da Inglaterra no século XV.

Saber quem foram nossos antepassados também pode influenciar no nosso corpo. Se você tem avós de olhos claros, por exemplo, é bem provável que seus filhos também saiam com os olhinhos verdes ou azuis. Ou se há na sua linhagem irmãos gêmeos, não se surpreenda se no ultrassom aparecerem dois serezinhos sendo gestados.

Leia MaisQual a importância da família para os cristãos?A importância da família para a vidaEntretanto, a influência dos nossos passados no nosso corpo também pode ser negativa. Isso porque há muitas doenças que são hereditárias, como doenças na visão, diabetes, hipertensão e, infelizmente, até mesmo um câncer. Portanto, se há algum parente próximo com alguma comorbidade que possa ser hereditária, previna-se e faça os exames necessários.

Inclusive na Bíblia, as descendências são muito importantes. Você já parou pra pensar que Abraão era tataraneto de Noé?! E que apenas sete gerações separam Noé de Adão e Eva, ou seja, o construtor da arca era tataraneto do tataraneto dos primeiros seres humanos criados por Deus, segundo o livro de Gênesis?

Já nos Evangelhos de Mateus e Lucas temos também a árvore genealógica de Jesus, observando que o Cristo era descendente direto do Rei Davi, como esperavam os judeus e como dissera o cego Bartimeu ao ser curado de sua cegueira, “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim” (Mc 10, 46).

Voltando a Abraão, é por causa de sua descendência que, hoje em dia, temos tantos conflitos no Oriente Médio, pois, a grosso modo, seus filhos foram os precursores das outras duas religiões monoteístas: a partir de Ismael temos o povo árabe que, em sua imensa maioria, se declara muçulmano; e a partir de Isaque temos o povo hebreu, que hoje forma o povo judeu. Ambos os povos reivindicam para si Jerusalém, considerada a “terra prometida”.

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Se você tem curiosidade de saber de onde você veio, há muitas formas de descobrir. A primeira e mais fácil é perguntando para seus pais as suas origens. Certamente, eles saberão contar até certa altura da sua ancestralidade, possivelmente regressando um século de gerações.

A partir do momento que eles não sabem mais, você pode investigar suas origens no Museu do Imigrante de São Paulo, por exemplo. Era lá que muitos imigrantes pernoitavam assim que subiam a serra quando chegavam de seus países no porto de Santos e, hoje, quase todos os registros de chegada e partida de imigrantes estão digitalizados e são acessíveis gratuitamente pelo site do museu.

E se você quiser ir ainda mais longe no conhecimento de sua linhagem, as certidões de batismos são documentos valiosíssimos. Procure a paróquia onde seus tataravós foram batizados e, dessa forma, você descobrirá ainda mais “tataratataratataravós”. Há pessoas que conseguem cidadanias estrangeiras dessa forma, num trabalho de detetive. Elementar, meu caro leitor.

Enfim, conhecer de onde você veio é algo que pode influenciar diretamente para onde você vai. Descubra sua ascendência!