O dia 20 de novembro reúne uma dupla comemoração que relembra aos desafios que ainda existem para a garantir as condições de vida dignas para meninos e meninas em todo o mundo. Em 2016, o Dia Internacional dos Direitos das Crianças, celebra os 27 anos da promulgação da Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas e 57 anos da Declaração Internacional dos Direitos da Criança.
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Em entrevista ao Portal A12.com, Desirée Ruas, jornalista, especialista em educação ambiental e sustentabilidade e integrante da Rede Brasileira Infância e Consumo (REBRINC) falou sobre as atuais violações de direitos que as crianças sofrem.
“Há várias violações de direitos que atingem as crianças como a falta de acesso à educação, à saúde, ao convívio familiar, à alimentação adequada... Enfim, todas estas violações desrespeitam o direito da criança de ser compreendida, cuidada, amparada e protegida. Nesse contexto, onde faltam as condições para o crescimento saudável da infância, há um grande incentivo para a adultização, pois a criança é obrigada a enfrentar uma realidade dura, sofrida e sem afeto e respeito. Por trás de todas estas violações há o desrespeito ao direito da criança ser criança, de brincar e de imaginar, e de viver em um mundo de paz e justiça”.
A12 - No Brasil quais tipos de políticas públicas são mais deficientes para as crianças?
Desiréé -Ainda temos um longo caminho na construção de políticas públicas que protejam a infância de forma completa. Faltam políticas públicas específicas para certas faixas etárias. A primeira infância, por exemplo. Até os seis anos de idade, as crianças precisam de uma atenção maior em todos os sentidos. As carências e experiências vividas nesse período marcam a vida delas para sempre.
"A sociedade precisa se mobilizar cada vez mais para a defesa dos direitos da infância."
Muitas mães não têm com quem deixar seus filhos para trabalhar e isso cria uma situação crítica para as famílias. Faltam creches ou condições para que as mães possam ficar com seus filhos pequenos. E há muitas outras demandas quando falamos em infância e adolescência. Passamos recentemente por um processo de escolha de prefeitos e a pergunta que fica é: quantos deles assumiram o compromisso da proteção integral da infância já na campanha?
A sociedade precisa se mobilizar cada vez mais para a defesa dos direitos da infância.
Também faltam políticas públicas que protejam as crianças dos malefícios do incentivo ao consumo de alimentos industrializados, que promovam a alimentação saudável nas escolas e que estabeleçam formas de proteger as crianças e os adolescentes dos conteúdos da mídia. Quando falamos da pressão da mídia e da publicidade sobre as crianças estamos pensando na formação de valores e nos comportamentos que ela impulsiona. As famílias, sozinhas, não conseguem educar seus filhos para que eles cresçam saudáveis fisicamente e psiquicamente, com tantos estímulos negativos e que contribuem para a adultização, obesidade infantil, aumento da violência e formação de valores materialistas. Precisamos de uma ação conjunta para a proteção integral da infância, como estabelece a nossa Constituição.
A12 - Nesse dia Universal da Criança o que temos para comemorar?
"...a violação de direitos sofrida pelas crianças refugiadas talvez seja a causa mais atual e que merece um esforço coletivo das nações".
Desirée - Nós podemos comemorar sempre que uma iniciativa em favor da infância tem sucesso, quando há engajamento das pessoas para a causa da proteção da infância. E sempre que a voz da infância é ouvida também. Precisamos dialogar com as crianças e compreendê-las, seja nas escolas, nas comunidades... Mas ainda temos muito o que avançar para podermos comemorar esta data de fato.
Pensando nas crianças em todo o mundo, nas mais diferentes condições e culturas, a violação de direitos sofrida pelas crianças refugiadas talvez seja a causa mais atual e que merece um esforço coletivo das nações.
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