Papa Francisco: um papa latino-americano para a Igreja Católica

No dia 13 de março, após um Conclave com cinco votações, que durou pouco mais de 25 horas, foi eleito o novo Pontífice: Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. Pela primeira vez, em séculos de pontífices europeus, um latino-americano assumiu a Cátedra de Pedro.

No primeiro encontro com os fiéis depois de ter sido eleito papa, na bênção chamada ‘Urbi et orbi’, o recém-eleito brincou dizendo que os cardeais que o elegeram pontífice o buscaram "quase no fim do mundo".

Ali também fez um gesto emblemático. Inclinou-se pedindo a bênção do povo para o seu ministério.

“E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim”, disse diante da multidão que fez um solene silêncio ao pedido de seu Pastor.

Para abençoar o seu pontificado, escolheu o nome do santo de Assis. Escolha que emocionou aqueles que viam no legado franciscano, a missão primordial da Igreja.

Ao seu lado, na varanda central da Basílica Vaticana, não passou despercebida a presença do Cardeal brasileiro, Dom Cláudio Hummes, e tinha motivo. Foi dom Cláudio que disse ao Cardeal Bergoglio: “Não se esqueça dos pobres”, quando as votações indicavam que ele seria o próximo pontífice. Essas palavras marcaram profundamente seu coração, que depois não teve dúvidas em escolher o nome em homenagem a São Francisco de Assis.

Um misto de esperança e de expectativas por uma Igreja pobre e para os pobres, surgiram com os primeiros gestos do novo papa.

A escolha de paramentos sóbrios, a preferência em andar junto aos colegas cardeais [ao lado, o papa com o cardeal brasileiro, Dom Raymundo Damasceno Assis], a conta que pagou no hotel onde ficou hospedado e a escolha da Casa Santa Marta como sua casa, para poder ficar mais perto das pessoas e levar uma vida normal, demonstraram a personalidade simples e humana do papa.

Mas esses gestos evidenciavam apenas o modo peculiar e habitual do cardeal argentino.

A proposta franciscana do novo papa foi indicada logo na missa que marcou o início do ministério petrino, no dia 19 de março, quando disse aos chefes de Estado e aos demais representantes de nações que o poder vem do serviço.

“Não esqueçamos jamais que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos”.