
Anualmente, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a Campanha da Fraternidade (CF) como caminho de conversão quaresmal. Nesse contexto de participação cidadã, a CNBB definiu ‘Fraternidade e Políticas Públicas’ como tema da Campanha da Fraternidade 2019. A conferência escolheu ainda como lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27).
Para entender melhor o tema da CF deste ano, é preciso, primeiramente, diferenciar o que é ‘política’ do que é ‘política pública’. Segundo o texto-base da CF, a palavra ‘política’ vem do grego ‘politikós’, que refere-se a ‘polís’, que era o lugar onde os gregos tomavam as decisões na busca pelo bem comum.
:: Campanha da Fraternidade 2019
“Era o espaço para garantir a ordem e estabilizar a sociedade de maneira pacífica, sendo marcada pelo conjunto de interações e conflito de interesses. Nesse sentido, polís é a cidade, isto é, o conjunto das relações, das organizações que possibilitam a concordância”, descreve o texto-base.
Já as políticas públicas são um conjunto de ações e programas que são desenvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são previstos na Constituição Federal e em outras leis.
Refletir sobre políticas públicas é importante para entender a maneira pela qual elas atingem a vida cotidiana e o que pode ser feito para melhor formatá-las, bem como quais as possibilidades de fiscalizá-las.
Citando a definição da Doutora Maria das Graças Rua Para, o cientista político e especialista em Processo Legislativo Murilo Carvalho traz o conceito de políticas públicas como um “conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de poder e que se destinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos".
:: CNBB define tema da Campanha da Fraternidade 2020
“Ou seja, podemos entender como um ciclo que passa por procedimentos formais (seguem um rito, regimento) e informais (reuniões, acordos) e que, nesse ambiente, existem relações de poder, sejam elas financeiras e/ou morais, tendo como objetivo principal resolver, por meio do consenso, assuntos públicos”, completou.
Murilo Carvalho ainda explicou que, antes de tudo, é importante frisar que o conceito de políticas públicas existe apenas nas sociedades modernas e que o papel do Estado e da sociedade é de suma importância em cada etapa do ciclo das políticas públicas.
“Em uma sociedade bastante complexa e variada no que diz respeito a valores, raça, etnia, credo, etc., pode parecer complexo implementar uma relação entre sociedade e Estado. No entanto, cabe aqui registrar que cada setor da sociedade tem seu papel específico e sua relação de poder - mais alto ou baixo - pode interferir no melhor resultado de uma política pública. Não se trata apenas de uma decisão do Estado, mas uma soma de várias decisões para atender o máximo dos setores da sociedade”.
Caminhos para 2019
Participar efetivamente das políticas públicas requer mais do que votar nas eleições.
Murilo Carvalho destacou que essa não será uma tarefa fácil: “Teremos um Congresso bastante fragmentado, ou seja, com bastante partidos e com uma oposição disposta a travar alguns debates. Pelo perfil do novo congresso, poderemos ter um foco na segurança pública e economia. A expectativa é que algumas políticas públicas sejam revistas para ser mais efetivas e mais fiscalizadas. Sendo assim, o caminho para 2019 será ter a consciência de uma boa relação com o Congresso e buscar consenso nas principais pautas, além de tentar diálogo com a oposição”.
Participação da população

Participar efetivamente das políticas públicas requer mais do que votar nas eleições. A Campanha da Fraternidade sugere a participação em audiências públicas, conselhos, conferências, fóruns e reuniões, além de organizações da sociedade civil e movimentos sociais.
Murilo Carvalho reforça que, nos dias atuais, é de suma importância a participação popular em todos os processos de gestão. “O cidadão deve saber que não é apenas o eleitor que deve ir às urnas periodicamente, mas é, sobretudo, um agente de inovação buscando a transparência e boas práticas de seus representantes. Costumo dizer que não há democracia sem informação, e não há informação sem transparência”.
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