Gentileza gera gentileza. A clássica frase de José Datrino, o Profeta Gentileza, que com seus escritos levava mensagens de paz, amor ao próximo, bondade e esperança nas ruas do Rio de Janeiro a milhares de pessoas, marcou e muito a vida do escritor e palestrante Luiz Gabriel Tiago.
Luiz, conhecido como “Senhor Gentileza”, também é empresário e turismólogo niteroiense e já foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2017, 2018 e 2019 pela atuação no "Pontinho de Luz"; empresa sediada em sua terra natal (Niterói-RJ), que movimenta uma rede de solidariedade com quase 200 mil pessoas, responsáveis por ações sociais realizadas no Brasil e no exterior, cujos recursos advêm de treinamentos e doações. A Pontinho de Luz, arrecada alimentos, remédios, fraldas e qualquer tipo de mantimentos para quem precisa.
Luiz Gabriel Tiago é autor de diversos livros, entre eles "Como driblar a raiva no trabalho" e "Gentileza no Trabalho", ambos lançados pela Editora Ideias & Letras, cuja proposta é criar um novo comportamento pautado na cordialidade, no respeito ao próximo e na solidariedade. Ele mostra que a gentileza no trabalho é o grande trunfo de profissionais prontos para captar novos clientes, fidelizá-los e incrementar os resultados. Em um período em que chegamos ao limite brutal da falta de ética nas relações, só conquistará o sucesso contínuo quem conduzir suas relações interpessoais com empatia, cordialidade, respeito e gerando atitudes positivas. Segundo o autor, pessoas gentis atraem fidelidade.
O A12 conversa com Luiz Gabriel Tiago, sobre a indicação ao Nobel, sobre a Pontinho de Luz e a gentileza tão pregada em seus livros, entre outros assuntos.
A12 - O que tira a gentileza ou a paciência do Sr. Gentileza?
Luiz Gabriel Tiago - A minha paz está garantida no meu interior e, principalmente, na minha consciência. Há muito tempo encontrei os gatilhos certos para me manter num estado de tranquilidade que garantisse uma estabilidade emocional. Ninguém tem o poder de tirar a sua paz nem a sua paciência. Veja só, muitas pessoas dizem que foram irritadas, magoadas ou decepcionadas. Não, ninguém irrita ninguém; ninguém magoa ninguém. É você que se irrita; é você que se magoa. É você que se permite deixar de dormir por causa de programas mentais instalados na infância, por exemplo.
Ter o emocional linear é um trabalho de anos, de muita dedicação e de autoconhecimento. Quando você se descobre no comando, jamais permite que variáveis externas te influenciem. Sou perfectível, ou seja, estou em evolução e num processo contínuo de aprendizado. Todos os dias aplico as Leis Gerais da Gentileza na minha rotina desde o momento do despertar ao deitar. Cada um pode encontrar ferramentas que se encaixem ou façam sentido para si próprio.
A12 - O que a Pontinho de Luz mudou em sua vida?
Luiz Gabriel Tiago - A Pontinho de Luz me aperfeiçoa todos os dias. Tinha uma rotina diária padrão da maioria da humanidade com horário para chegar no trabalho, sair e voltar para casa. Após a fundação da Rede Mundial de Gentileza Pontinho de Luz tudo ao meu redor eram desafios, superação e sensibilidade aguçada, a necessidade do outro, não somente a material, mas a emocional e espiritual.
A12 - Como recebeu a notícia que foi indicado ao Nobel da Paz?
Luiz Gabriel Tiago – No dia primeiro de setembro de 2017, recebi um e-mail congratulando-me pela indicação ao Prêmio Nobel. Acabei apagando o e-mail, achando que era um spam. Mas logo depois recebi uma ligação dizendo que o Instituto Nobel tinha a minha indicação ao prêmio, pelo trabalho realizado na Pontinho de Luz. A indicação partiu de um jurista do Rio de Janeiro, Celio Celli de Oliveira Lima, que pertence a um grupo de pessoas espalhadas pelo mundo que estão aptas a indicar projetos ao Prêmio Nobel. Ele, durante meses, foi coletando material sobre o nosso projeto e encaminhou ao Instituto Nobel, na Suécia.
A12 - Ter sido indicado ao Nobel da Paz em 2017, 2018 e 2019 chega a ser um divisor de águas?
Luiz Gabriel Tiago – Continuo desempenhando minhas tarefas da mesma forma que antes das indicações ao Prêmio Nobel da Paz. Minha rotina não foi desconfigurada por isso, muito menos afetada.
A única diferença na minha vida foi a responsabilidade de ser um cidadão comum que faz parte de uma lista seleta de pessoas que concorreram a uma láurea tão representativa.
A12 - Fale-nos mais sobre a Pontinho de Luz?
Luiz Gabriel Tiago - A Pontinho de Luz é uma empresa social, um conceito relativamente novo no Brasil. Uma empresa, porque tem fins lucrativos, mas também uma ONG, por ter seu trabalho social. Ela ministra cursos pagos, e o dinheiro arrecadado financia os projetos que destinamos ao próximo, sem depender de campanhas e caridade alheia de terceiros. Tem vida própria e se auto-sustenta. Mensalmente moradores de rua e pessoas com moradia, se alimentam por causa da Pontinho de Luz. É um trabalho que acontece no Brasil todo e o nosso foco é a erradicação da fome. Nós vamos aonde o povo sente fome, o alvo são essas pessoas, até a fome deixar de existir no Brasil. Não sei se estarei vivo para ver isso, mas tenho esperança de que um dia a fome acabará em nosso país.
A12 - A pandemia trouxe quais desafios e aprendizados?
Luiz Gabriel Tiago - O maior desafio da pandemia foi o de manter as ações de combate à fome em funcionamento. São milhares de pessoas em todo o mundo atendidas com alimentos – que, de uma hora para outra, deixaram de chegar. Esse é somente um dos desafios. Encaramos o susto, o medo e a dúvida de como seria o amanhã, como toda a civilização.
Os aprendizados nos acompanham até hoje. Deixamos de atuar no coletivo e presencial para o virtual e com pouca mobilidade dos nossos voluntários. Nos adequamos ao ambiente digital e as alianças foram retomadas aos poucos. Acredito que continuaremos assim por um bom tempo ou definitivamente. Os encontros, reuniões e assembleias virtuais e híbridas deverão se manter pelos próximos anos, facilitando, principalmente, o convívio entre grupos de diferentes regiões do mundo.
A12 - A internet e as redes sociais tem qual tamanho e importância no trabalho que realiza hoje?
Luiz Gabriel Tiago - A realidade virtual jamais substituirá o presencial no meu trabalho, mas é indispensável para interação, conscientização, informação e divulgação também. Estamos todos conectados. Veja só, antigamente eu precisava me deslocar do Rio de Janeiro para São Paulo para participar de reuniões presenciais. Hoje nos encontramos por aplicativos que desempenham muito bem essa tarefa. Ganhamos no tempo e na facilidade geográfica. Onde eu estiver, posso participar de reuniões em qualquer lugar do planeta.
Porém, ainda sou muito artesanal nas relações humanas. Não dispenso um olho-no-olho, um abraço, etc. É importante sentir a energia das pessoas. É na presença do outro que você percebe suas intenções e necessidades.
Estamos rumando para o distanciamento físico praticamente definitivo, mas não podemos perder o contato senão viveremos cada vez mais em nossos casulos e perdendo oportunidades de fazer novos amigos e networking de trabalho como antigamente.
A12 - Quais os números da Pontinho de Luz em 2020?
Luiz Gabriel Tiago - Em dezembro de 2019 éramos uma família de, aproximadamente, 150 mil pessoas ao redor do mundo, principalmente no Brasil. Esse número está ultrapassado porque não fizemos o censo interno por causa da pandemia. Há a intenção de realizarmos esse novo inventário no primeiro semestre de 2021. Estimamos sermos 200 mil pessoas, hoje, dentro da margem de erro.
A12 - Empatia, cordialidade, respeito, como as pessoas podem trazer pra vida em tempos tão difíceis e polarizados?
Luiz Gabriel Tiago - Eu desejo que a humanidade seja gentil, o que inclui a empatia, cordialidade e o respeito, por isso, mudo a minha consciência, a minha mente. Enquanto você esperar que o outro tome a iniciativa e faça do jeito que você gostaria, nada mudará. A transformação do mundo começa dentro de cada um de nós.
A gente vê isso no trânsito, por exemplo. Você reclama que só existe motorista mal educado, mas não está disposto a respeitar a faixa de pedestre e o semáforo. Basta alguém cometer um deslize que você aproveita para xingar.
Eu pretendo deixar um mundo bem diferente para os meus netos, então faço a minha parte a partir de agora. Ao invés de excluir pessoas por serem diferentes de mim, convido-as para conversar e conhecê-las melhor. Se há alguém com necessidades ao meu redor, arregaço as mangas para ajudar. Assim, a polarização está lá fora, e não dentro da minha casa. Aos poucos formamos uma grande corrente unificada e de pessoas conscientes de seu papel na sociedade.
A12 - Sobre o conceito de gentileza e empatia, você tem uma publicação que aborda essa temática: o livro Gentileza no Trabalho, lançado em 2013 pela Editora Ideias & Letras. Conte-nos sobre essa obra.
Luiz Gabriel Tiago – O livro é uma leitura de fácil acesso, a qual mostra como ser gentil no ambiente profissional. Existe uma lacuna no trabalho, – e imagino que muitas pessoas passem por isso –, que é a falta de trato entre as pessoas, a falta de preocupação com seu colega. Uma palavra grosseira, uma fofoca, tudo isso afeta muito o ambiente de trabalho. Existem pessoas que têm pavor da música de encerramento do programa Fantástico (Rede Globo), pois elas lembram que o domingo acabou e que, no dia seguinte, terão de ir no ao serviço. Isso é horrível! Você tem de sentir prazer, estar feliz no em seu trabalho. É lá que você produz, que faz algo útil, que troca seu serviço por salário. Não é justo você não ter prazer no em seu trabalho! A empresa tem de ser seu porto seguro! Um um lugar onde as pessoas vão ampará-lo e que você tenha vontade e prazer de ir. Relacionando a gentileza ao trabalho, acredita-se que o clima organizacional seja humanizado e as pessoas possam trabalhar em harmonia com os valores da empresa. Diante da implantação de um programa de Gentileza Corporativa, onde os colaboradores são envolvidos numa metodologia eficaz e que os conscientiza de que não precisam esperar alguém tomar a iniciativa em ser mais tolerantes e solidários.
A12 - Até que ponto vida pessoal e profissional podem se misturar, já que o trabalhador é um só?
Luiz Gabriel Tiago – Os tempos mudaram e o profissional de hoje anseia encontrar a plenitude pessoal e profissional. Antigamente, era muito comum as pessoas dizerem que os problemas de casa ficavam da porta para fora da empresa e que nunca misturavam as coisas. Porém, diante da carga profissional cada vez mais exaustiva, é necessária uma humanização, fazendo com que possam encontrar no trabalho um local onde se sinta segurança e conforto emocional.
A12 - O livro mostra que comportamento é condicionamento. Como quebrar certos comportamentos arraigados a profissionais acomodados?
Luiz Gabriel Tiago – É muito difícil mudar o comportamento de profissionais que já estão na empresa há 15, 20 anos e não estão dispostos a transformações. Porém, essa tarefa não é impossível e pode ser uma condição para a readequação do perfil da corporação ao mercado, especialmente por causa da concorrência. Trata-se de uma espécie de seleção natural (ou corporativa), em que os capazes de se adaptar às tendências serão os “predadores” da atualidade. Através das técnicas aplicadas em nossos treinamentos, conseguimos fazer uma “viagem” ao interior desses profissionais e eles próprios conseguem enxergar a necessidade de mudanças.
Leia MaisPrecisamos de mais diálogo e tolerância?A12 - Há quem pareça gentil, mas age assim para fazer fofoca, visando a mobilidade dentro da empresa. Como avalia esse comportamento?
Luiz Gabriel Tiago – Posso elencar uma dezena de consequências negativas por causa da falta de gentileza nas empresas. No trabalho, as pessoas tendem a se comunicar através de e-mail, atendem os ramais de forma fria, valorizam as “fofocas” e se distanciam cada vez mais. Os profissionais perderam a capacidade de ouvir de forma imparcial – o que dificulta uma gestão participativa e focada em pessoas. O caminho é muito simples para que a fofoca seja minimizada seguindo a regra dos três C's: Cumprimentar, Colaborar e Compreender. Através dessa sequência, exercitamos alguns valores importantes e indispensáveis para nossa sociedade, como boa educação, respeito, empatia e solidariedade. Em vez de valorizarmos os defeitos dos outros, precisamos nos convencer de que os tempos mudaram e as qualidades devem vir na frente.
A12 - Qual o segredo para ser verdadeiramente gentil?
Luiz Gabriel Tiago – Ao praticar o bem, literalmente “detonamos” o pessimismo e contribuímos para um mundo melhor. O ideal é não se preocupar com algum tipo de retorno, pois muitas pessoas se queixam que são gentis, mas ficam chateadas por não serem gratificadas de imediato. Bobos são aqueles que ainda não descobriram o potencial que as pessoas gentis têm. Essa ideia de “esperteza” é bem característica dos brasileiros, pois acreditam que sempre existe alguém que vai “passar a perna” e que o mundo é dos “espertos”. Eu garanto: basta uma pessoa gentil no trabalho e consciente de seu papel, para que aconteça uma transformação.
A12 - Quais os sonhos e projetos futuros?
Luiz Gabriel Tiago - Eu sonho todos os dias e isso é um direito garantido pela minha liberdade. Sabia que sonhar pequeno dá o mesmo trabalho que sonhar grande? Então, quanto mais você sonhar, mais terá chances de realizá-los, desde que os sonhos sejam colocados no papel, transformados em planos.
Tenho muitos projetos que incluem meu trabalho e minha vida pessoal. Está nos meus planos (no papel mesmo) termos uma sede nova em Niterói (RJ) que agrupe as empresas (Editora e Treinamentos) e a Rede Mundial de Gentileza Pontinho de Luz. Todos nós trabalhamos para fomentar a Gentileza na sociedade, cada qual na sua expertise, mas não há uma conexão forte. Também está programada a filial de São Paulo (SP) para atender especialmente nossos clientes e colaboradores.
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